quinta-feira, 12 de junho de 2014

Visitas


Hoje o post é dedicado aos visitantes, vulgo "visitas", a começar pelas visitas ao hospital, durante o meu tempo "hibernada" no IPO (6 meses, com interrupções), o tempo de gestação do meu renascimento - também a minha mãe teve pouco mais de 6 meses de gestação e vim eu, com toda a pressa, reclamar o direito à vida fora de "portas".

Tive fases diferentes durante o "hibernamento", mas as visitas constituem a verdadeira vida social do doente e também a ponte com o exterior. Há dias em que temos mais disponibilidade para o social e outros menos, porque a verdade é que, mesmo para "receber", é necessário ter alguma energia e... ver pessoas e conversar, por vezes, pode ser um tarefa esgotante! Quando estamos fisicamente debilitados, funcionamos na "reserva" e nem sempre esta chega para retribuir o carinho dos amigos e familiares, mas estes encontram sempre forma de se fazer notar (via telefone, sms e facebook). Outras vezes, são mesmo as demonstrações de afecto e estas visitas que nos enchem o depósito e nos deixam com mais energia para continuar o caminho.

Nem todas as pessoas da nossa vida conseguem visitar-nos. "Ah, é que eu não gosto de hospitais!" é uma justificação recorrente. Respeitando a experiência de cada um (mesmo que eu também tenha passado 3 semanas com as visitas canceladas, na fase em que estive pior, a lutar literalmente pela vida), ainda bem que nem toda a gente se nega a visitar as suas pessoas nos hospitais, porque o que justifica o investimento na vida é o amor e as ligações que mantemos por cá e, sem visitas, sem família, sem amigos e sem partilha, a motivação esvai-se. E com a motivação a esperança. E só há vida enquanto há esperança. De qualquer forma, há pessoas que estão tão presentes quanto as visitas e escolhem visitar-nos de outra forma e todas as manifestações, mesmo à distância, são importantes.

Por aqui, continuam as visitas, em modo de visualizações. Sei que o facebook é um veículo mais eficaz para chegar a mais pessoas, mas continuo a preferir este cantinho, onde só vem quem escolhe clicar e procurar o que vou partilhando. Que continue a chegar a quem mais precisa, se identifica e gosta de me ler.

Grata pelas visitas, que me obrigaram a ter uma agenda com marcação e escalonamento de horários, o que me deu algum trabalho em tempos de pasmaceira no hospital! Lágrimas, sorrisos, gargalhadas, abraços e esperança... Que a minha cura vos traga também um bocadinho de esperança para os vossos desafios. É o mínimo que vos devo!

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