quinta-feira, 19 de junho de 2014

Portugal dentro de nós


Segunda-feira, 16 de Junho de 2014




Hoje foi a estreia de Portugal no Mundial. E, como sempre, há uma sensação de repetição e de dejá vu cada vez que a nossa selecção joga. E porquê? Porque a nossa selecção é uma selecção de pessoas que nos representa e que traduz, dentro de quatro linhas, o inconsciente colectivo de toda uma nação. É uma selecção de pessoas que nos representa. Quando se espalham ao comprido, como aconteceu, sucede-se uma catadupa de reações de portugueses irritados, revoltados e desiludidos porque não conseguimos libertar-nos do padrão do "quase", dos aflitos, da crise - que até chegou ao marcador! - da desgraça e da saudade dos bons tempos, que moram sempre no passado. Corremos atrás do prejuízo, procuramos responsáveis, pomos a culpa nos outros... O Pêpe foi um palhaço e os outros uns coxos. Agora nós. Será que aceitamos as partes de nós que nos desiludem, os nossos falhanços, os momentos em que perdemos o controlo da situação e as situações em que sentimos que não temos pernas para andar? Como lidamos com isso? Procuramos culpados, responsabilizamo-nos? 

A mim também me irrita. A mim também me irritou! Sempre que vejo o síndrome de ser português naquelas coxas torneadas, nas bolas ao poste, nas intolerâncias à frustração, no comportamento dos adeptos que gritam aos 4 ventos que acreditam mas que, no fundinho, estão a pensar: "É sempre a mesma coisa!"... também me irrito porque sou portuguesa e também luto para me libertar da herança que me calhou. Não vale a pena dizer que somos os maiores e vamos ganhar, se pensamos que o CR7 não joga nada com a camisola de Portugal (por que será?) e que estamos condenados a sofrer sempre até à última, porque não merecemos menos do que isso, no que às dores diz respeito. A mim também me irrita porque me revejo como portuguesa. Quando mudamos o chip? Será que temos de mudar o chip ou aceitá-lo e usá-lo a nosso favor?

Somos assim. Sofredores, mas conquistadores, batalhadores. A culpa é de um tal de Afonso Henriques. A menos que o ADN mude, é assim. Acreditem na vossa capacidade individual de ultrapassarem os vossos desafios. Os nossos rapazes têm um desafio que é NOSSO às costas, o de nos superarmos. Go go go! We go!

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