sábado, 12 de agosto de 2017


Masca, uma aldeia entre vales

Em modo revisitar-a-última-viagem-quando-não-se-pode-viajar, partilho as últimas fotos da minha visita às Canárias, há 3 meses. Não seria justo partilhar só o Sul, ensolarado mas árido. O Norte (noroeste também) parece um jardim tropical. Apesar de, a caminho de Puerto de La Cruz, a primeira cidade da ilha a desenvolver-se para o turismo, o ceú fosse ficando mais encoberto e o mar mais picado, as paisagens são lindíssimas, verdes e floridas, contrastando com as cores do sul. As praias, aqui, não estavam para banhos, mas o sol aquecia quando lhe apetecia. 


Icod de Los Vinos

El Drago - árvore milenar




Garachico




A vista para a ilha Gomera



Masca



Puerto de la Cruz










Playa del Jardín - Puerto de la Cruz








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quinta-feira, 10 de agosto de 2017


A vida dá voltas. Às vezes cruzamo-nos novamente com a casa de partida, com esta mesma casa já muito diferente. Sobretudo nós: nós já vamos estar muito diferentes. Tive dois encontros significativos esta semana, um no Hospital de Cascais e outro no IPO, duas das casas de partida, sendo a partida o diagnóstico do linfoma, um cancro do sistema linfático. Estávamos em Dezembro de 2012.

Esta semana, fui à urgência do Hospital de Cascais por causa de uma otite ("O que não queres ouvir?" pergunta a S.) e fui atendida pelo médico que me atendeu na urgência no dia em que cheguei de Cabo Verde, o que decidiu o meu internamento. Se eu me lembrava dele? Nem por sombras ou contornos - cruzei-me com demasiados médicos nos últimos 5 anos! Se ele me reconheceu? Também seria muito pouco provável porque, nesse aspecto, ele consegue bater-me aos pontos - há-de ter visto muito mais doentes do que eu vi médicos! Palavra puxa palavra, a certa altura, eu disse que era seguida no IPO, ele começa a fazer-me perguntas, achou que havia ali qualquer coisa que lhe era familiar, começou a ler o meu processo, lendo e retrocedendo, lendo e retrocedendo, até que me diz: "Fui eu que a vi no dia 2 de Dezembro!" Disse que se lembrava porque eles - os médicos - costumam ficar mais preocupados quando surgem estas situações alarmantes em pessoas jovens e, na altura, quis saber qual tinha sido a evolução da minha situação. Não me senti muito confortável com a leitura de todo o descritivo daquele dia e que constava no processo. "Não se lembra disto??" "Lembro-me, lembro-me! Não me lembrava era de quem me tinha atendido nesse dia..." E ele continuava: "Não sei que dia da semana era..." "Era Domingo, eu cheguei num domingo..." Ele continuou entretido com o passado e eu quero acreditar que a minha aparição possa ter sido uma coisa boa na vida profissional dele. Para mim, deve ter sido. Estava ali vivinha-da-silva, com uma otite. Estou a perder qualidades! 😵😛

Esta semana também, fui ao IPO fazer uma endoscopia, exame que nunca tinha feito e estava um bocadinho ansiosa. Tinha pedido à Dra. F. sedação. Informei mesmo que me ia embora se não fosse com sedação. Desde a última punção lombar que decidi que só passo por dores que tiver de passar e tudo o que puder ser evitado evito. Se não for o caso, fujo, mesmo que a médica que me faça o exame e não saiba nada da minha história me olhe de lado por querer fazer um exame com sedação! Foram demasiadas maldades de olho aberto! Lembrei-me das mãos da S., auxiliar dos meus tempos de internamentos e tratamentos, que tanto conforto me deram nos momentos mais difíceis. Desta vez não ia ter a S., ou seja, teria de me auto-regular. Estava tudo bem. Ia correr tudo bem. Não me ia engasgar, não me ia faltar o ar... ia estar a dormir e, num ápice, já estava feito! Foi o que aconteceu! Correu tudo bem porque, afinal, tenho muito mais estômago do que às vezes penso que tenho! E o nosso corpo tem uma capacidade de regeneração inimaginável, para eu ter uma beleza interior tão demarcada! Mas não é que a vida é mágica e a S. apareceu naquele corredor das endoscopias, precisamente quando cheguei? Apareceu qual anjo para me dar um abraço antes e depois do exame! Ela não sabe mas fui eu que pedi a presença dela! 




Dois reencontros com duas pessoas que me viram num estado dito "terminal" e que me voltam a ver fresca e fofa, um pouco "surda" e muito medricas! Eu própria volto a vê-las noutra fase, noutro estado, de visita, sem pensão completa! Para, agora sim, poder dizer "Vou ali ser feliz e já volto!" É tempo de fechar portas, de assumir a cura, uma coisa que se estranha e só depois se entranha. 

Este mês fui também à consulta de rotina com a Dra. F., a primeira de 2017. Ela própria referiu que, no meu caso, os médicos já me consideram curada, mesmo que não se possa usar a palavra cura nestas situações. Em termos práticos, já não esperam recidivas. E eu pergunto: Tanta coisa com o trauma do diagnóstico e a aceitação da doença... E o trauma que é estar curado e ser saudável depois da doença? E exercícios de aceitação para a saúde? "Eu estou curada. Eu sou saudável." Até soa mal! 😜🙆

Fora de brincadeiras, ufa! 💗 Muita esperança para todos, era só o que eu queria dizer! Tudo é passível de mudar e de ser transformado. Até o impossível!



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