terça-feira, 27 de junho de 2017



Venho dar satisfações! Dar satisfações não sei se implica satisfazer as expetactivas do outro ou satisfazer-me a mim que gostava de estar mais ativa do que tenho estado, no blog. Estamos na reta final do ano letivo, em preparativos para o espetáculo final da Arte Move, ensaios, escrever textos... enquanto isso, estou a enviar cvs para orientar o meu próximo ano, enquanto descubro também o mundo da aromaterapia e dos óleos essenciais... Depois a mãe faz anos, o tio faz anos, a amiga faz anos... Há muita coisa a acontecer, muitos sentires mas pouco tempo dedicado a este espaço. Amanhã gostava de conseguir passar pelos Bombeiros para entregar alguns sacos com roupas. Enquanto ponho escritas em dia, como um gelado caseiro que fiz com banana congelada, na Bimby. Bananas maduras congeladas dão um ótimo gelado, sem adereços. Se puser adereços, multiplicam-se as possibilidades. Porque os sentidos nos ajudam a enraizar. E a elevar, com os pés no chão. Pé ante pé. Um concerto fantástico a passar em todas as tvs, pela esperança a renascer. Pé ante pé.


Receita sem quantidades porque foi tudo a olho. Tinha algumas bananas congeladas que triturei na Bimby. Ficou o gelado de banana feito. Reservei uma parte. Ao restante adicionei cacau da Ishwari e uma gota de óleo essencial de Peppermint (hortelã-pimenta) doTerra. Não é um post de publicidade que eu não sou uma blogger propriamente influente, mas são as marcas que uso. No caso dos óleos essenciais, têm de ter a certeza de que são seguros para ingerir. Pronto, já acabou! Sem lactose e sem acúcar. Não tenho aquelas colheres para servir gelado. Quando tiver, volto a publicar em bom e bonito! :D

sábado, 17 de junho de 2017



Já disse aqui algumas vezes que a felicidade mora nos sentidos, porque é através deles que apreendemos a vida e porque é através do sentir e da sensibilidade que nos relacionamos com o outro e com o mundo. Mas que importância tem a utilização plena nos sentidos quando nos venderam a existência de uma inteligência que privilegia o pensamento lógico e a acumulação de conhecimento?

Quando penso em privação, reconheço que seja, tantas vezes, o que nos faz valorizar o privilégio que é, mais do que viver, interagir com a própria vida. 

Quando penso em sentidos, apesar de considerar a visão e a audição bens maiores, grandes canais de conhecimento e experimentação, tendo a escolher o tacto como o meu preferido. Não sei se terá sido por ter passado o primeiro mês de vida dentro de uma incubadora, numa altura em que não se dava importância ao toque nos bebés, o calor humano é das coisas que valorizo mais. Paradoxalmente, tenho dificuldades em dormir acompanhada, mas isso seria todo um outro tema sobre como os nossos conflitos de aproximação/separação podem condicionar a mais básica das necessidades, todo um outro artigo sobre experiências seguras e inseguras que vão pautando a nossa forma de nos relacionarmos e de sentir com e sem o outro. 

Voltando ao tacto, sempre ouvi que os espanhóis é que tocavam sempre nas coisas para as ver, nomeadamente nas lojas. Claramente os povos latinos tendem a estar mais à vontade com o toque e não me parece estranho que utilizemos vários sentidos em simultâneo para avaliar e conhecer, de uma forma mais completa, o ambiente que nos rodeia. Quantas vezes não chega olhar, ver? Quantas vezes não temos de pegar, tocar, cheirar? 

A visão e a audição são tão valorizadas que consideramos como maiores deficiências sensoriais a visual e a auditiva. Sempre trabalhei com espelhos, dando aulas de dança e trabalhando com grupos e quase sempre com música. Trabalhando com o corpo, o contacto e o toque também sempre foram desenvolvidos e estiveram presentes. Quanto ao olfato e ao paladar, estão intimamente ligados, porque, quando comemos, sentimos o aroma de um alimento e, sem "cheiro", não sentimos sabor nenhum! E estão intimamente ligados a memórias e histórias! 

Todos os sentidos nos remetem para memórias, para vivências, para afetos, mas eu arrisco dizer que os cheiros e os sabores são clássicos no que diz respeito a isto mesmo. Associamos um odor e um sabor a um lugar, a uma avó, uma pessoa querida, uma casa, a uma experiência, um momento. 

Costumo dizer que, desde que estive doente (e também porque criei o blog), tiro mais fotografias e escrevo mais para reter informação, auxiliar a memória, mas talvez sinta que, ao viver mais plena de "sentidos" (fisiológicos e simbólicos), a mente me possa atraiçoar e me vá esquecer de tudo o que tenho a oportunidade de estar a viver. Só porque, no fundo, fui programada para reter a informação pela mente, pela memória consciente, pelo B-A-BA, pela linguagem, pelo ipsis verbis que éramos obrigados a repetir na escola. A, ante, após, até, com, contra, conforme, consoante, de, desde, em, entre, para, per, perante, por, segundo, sem, sob, sobre, trás. 

No entanto, lembro-me do cheiro de um leite horrível que, por vezes, nos davam ao lanche, na primária. E lembro-me do sabor dos coentros das saladas da minha avó, que me acompanha em todas as saladas que adoro. 

Estas são memórias que as minhas células assumiram como realidade. As da mente são, tantas vezes, um esforço para não nos aproximarmos tanto do tanto que é de verdade. 

Digo eu. Mas sobre tudo o que está neste blog: digo eu...

Voltando ao início, afinal de contas, que diferença fará nas nossas vidas sentir e experienciar a vida com o corpo todo, sem nos desmembrarmos de sentidos e de sentido?




Possivéis temas a explorar a partir deste post:
- Os sentidos e a noção de tempo: passado, presente e futuro;
- "Não me cheira..." o olfacto, o perigo e as doenças respiratórias - as minhas alergias e sinusites frequentes;
- A abertura do olfacto e do paladar: a minha experiência com óleos essenciais como facilitadores desse caminho;
- Os sentidos e o sentido da vida;
-  A (hiper)sensibilidade ou uma sociedade que não facilita o sentir?
- Sentir, vulnerabilidade e exposição ao perigo 






terça-feira, 6 de junho de 2017


Psiquiatria. Sempre tive alguma resistência em relação à psiquiatria, não por não reconhecer a sua importância, mas por sentir que a maior parte dos profissionais se remetia à medicação em detrimento da dimensão emocional e dos afetos. Tive uma má experiência na única consulta a que tinha ido, quando tinha 21 anos. O senhor queria que eu tomasse o Prozac e ficou muito ofendido por eu demonstrar preferência pela psicoterapia, além de que foi muito pouco empático. Aconteceu aquilo que acontece muito: sentiu-se desafiado por eu já chegar à consulta com uma ideia do que se passava comigo e do que queria para mim. Deitei a receita fora e nunca mais voltei. Não consegui que me encaminhasse para a psicoterapia, pelo que tive de recorrer ao privado. Por outro lado, também tinha o exemplo da minha mãe que sempre fez medicação psiquiátrica sem nunca ter tido um médico que a levasse a olhar para a raiz do problema. E, na verdade, eu não acho que as coisas que sentimos ou os sintomas que se apresentam estejam errados. Podem não dar jeito nenhum, é verdade, mas acredito que tenham uma função e uma razão de ser, caso contrário é assumir que a natureza faz muito mal as coisas. 

As insónias durante o último ano levaram-me até à necessidade de recorrer a medicação, já como último recurso. Em Janeiro, tive a minha primeira consulta de psiquiatria no IPO, 4 anos depois do diagnóstico, E, como em tudo, eu não sou contra as coisas por si só, eu sou a favor de pessoas e de formas de estar que sinto que vão ao encontro das minhas necessidades e das necessidades que eu reconheço em tantas outras pessoas, o que, às vezes, não acontece. Avisei a Dra. F. para que me encaminhasse para uma colega porreirinha, ou seja, com quem eu me pudesse entender, face às minhas resistências, aos meus medos e àquilo em que acredito. 

Tive sorte. Encontrei uma psiquiatra que, não só não privilegia a medicação, como a entende como algo temporário, encaminha para a psicologia e faz todo um enquadramento dos sintomas na história do paciente, sem no entanto entrar no domínio que não lhe compete. Percebeu perfeitamente que os meus medos vinham de más experiências e que era preferível receitar-me um fármaco ao qual ela não era tão favorável mas com o qual me dou melhor. Foi negociado, é verdade. 

Também é verdade que os psicotrópicos me assustam, porque os sintomas cognitivos, a cabeça aluada, as dores de cabeça, a incapacidade de ouvir os outros ou processar a informação, a lentificação, tudo isso me deixa ainda pior. As benzodiazepinas não são as melhores para tomar durante largas temporadas, mas acabei por me dar bem com o Rivotril, um ansiolítico que me ajudou a recuperar as noites dormidas. Porque a noite é para dormir! Não me dei bem com o Zolpidem, com o Triticum e não sou muito fã da melatonina que induz o sono, mas que me faz ter noites e sonhos muito agitados. De repente, quando durmo sobre um assunto, percebo como a almofada é a melhor das conselheiras. No dia seguinte, o cérebro centrifugou tudo e, de manhã, a vida está como nova e a alegria de volta. 

Já fiquei melhor, já estive dois meses a dormir sem medicação, mas a coisa ainda está frágil, pelo que continuo com o Rivotril para apagar estes fogos e alguns óleos essenciais à cabeceira, como o de Alfazema da DoTerra. Sou péssima com a higiene do sono, mas já aprendi que mais vale deitar e desligar quando o sono chega porque muitas vezes é o sono que nem me visita! Às vezes também sinto que se me desperta uma inquietação criativa a más horas, o que me leva a crer que não estou a utilizar bem essa energia durante o dia (daí as visitas nocturnas)!

A lição a tirar é a de que, independentemente das soluções farmacológicas, é importante olhar para os sintomas, encontrar as pessoas certas para nos acompanhar, pedir ajuda e procurar resgatar os nossos ciclos naturais, se isso for uma coisa importante para nós. Há quem não esteja nem aí e tudo bem! Não estou muito disposta a fazer grandes experiências a nível químico neste campo, mas, se um fármaco resulta, não vou fazer uma guerra só porque preferia recorrer apenas a produtos naturais. O mais importante é recuperar o equilíbrio que permita fazer, então, o caminho com outra qualidade, exatamente no mesmo sentido para onde já queria ir antes. Tantas vezes a resistência ainda nos afasta mais do nosso caminho! Tenho aprendido isto!

Da conversa com a psiquiatra, ainda percebi que muitos progressos se têm feito desde o meu diagnóstico, em 2012, mas que também ainda muito caminho está por desbravar. Antigamente a preocupação era eliminar o cancro, o que levava tantas vezes a não olhar à destruição provocada pelos tratamentos. Hoje em dia, é crescente a preocupação com a qualidade de vida do sobrevivente. De que interessa sobreviver se não for para ter uma vida que se coadune com a dignidade e os direitos de quem vive após o cancro e após os tratamentos? Muito ainda há a fazer no apoio após a doença e na articulação com o médico de família - que ainda não existe - mas a ideia é a de que todo este caminho venha a ser desbravado e concretizado. Nos entretantos, ainda há muitas situações extremadas, mas pacientes pró-ativos só dão dores de cabeça a profissionais resistentes à mudança ou com egos muito inchados. Há quem queira andar para a frente, de mãos dadas. Estamos todos no mesmo barco. Queremos todos o mesmo. Assim espero. 




sexta-feira, 2 de junho de 2017


Dedico um post unicamente às fotografias do vulcão El Teide, o ponto mais alto de Espanha. Este foi um passeio mágico que me reportou para as capacidades fantásticas da mãe-natureza que se erupciona e dá à luz ilhas e formas de vida de potencial inesgotável. Durante o passeio, nos pontos em que consegui wi-fi, mandei as imagens a algumas amigas, para que sentissem comigo esta experiência e se ligassem a esta energia feminina e ao elemento do Fogo. Das entranhas tudo se cria e tudo se transforma. Naturalmente, recomeça. 






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