quinta-feira, 31 de dezembro de 2015



Estive aqui a pensar que resumo poderia fazer de 2015, abordando o melhor e o pior, e escolhi estas duas palavrinhas que representam as dimensões: amor versus medo, anjinho versus diabinho, bem versus mal, saúde versus doença... Amor e Dúvida. E dentro destas duas palavras cabe todo um mundo. O meu. E acredito que o de muita gente, com conteúdos diferentes. 

Amor 

Não vou falar de amor universal, por todos e nenhum, pelos gatinhos, os pobrezinhos, as plantinhas e por nós próprios, embora o amor seja só um, como diz a canção e eu seja muito defensora da universalidade do amor. 

Em 2014, voltei ao trabalho e a ter uma casinha e vida independente. Em 2015, voltei ao mercado dos afetos. Isto é tudo devagarinho. Depois de 4 anos solteirinha, com um caso patológico com o cancro, o amor lá se decidiu a querer alguma coisa comigo e eu com ele, não de forma saltitante e arrebatadora, mas lenta e indecididamente. Mercado? Mas o amor é um negócio? Se formos a ver, é, e a moeda é a troca direta. Dá-se e recebe-se e tem de se ter atenção para a transação ser justa e equilibrada, para não entrar em falência. Falência, aqui, só a respiratória e a cardíaca, se a paixão for assolapada! E isso cura-se com beijos e afins. Que me falte muitas vezes o ar, por favor! 

Pois é, namorar também é uma coisa que se esquece e se reaprende. Com que direito nos entram pela vida adentro e nos desarrumam os tarecos? O tico e o teco, esses, já não têm arrumo! Levei tão a sério esta ideia de ter nascido outra vez que, aos 35 anos, ando a repetir etapas, desta vez em versão mais crescida e com o desafio diário da aceitação e do amor que pede incondicionalidade, porque o J. é a minha noite e eu sou o dia dele. O dia abraça a noite quando o sol dá lugar à lua e é nesse abraço que nos encontramos. E é tão bom ter alguém presente, especialmente com tanta tralha do passado a atrapalhar (a visão d)o futuro. Gosto de ti.

Dúvida

Bom, eu acho que já nasci a duvidar com tanta força como aquela que me faz acreditar. A dúvida é a arma mais desempoderadora de uma alminha que existe! Tudo morre antes de nascer quando se duvida. E eu posso dizer que, do ponto de vista negativo, esta foi uma nuvem que pairou sobre 2015 e que foi chovendo de vez em quando. E as dúvidas são de chover para que se dissipem. Enquanto vão chovendo, é bom. Dúvidas em relação ao trabalho, à saúde, à família, ao amor, ao propósito, à vida. Quando duvidamos, descarrilamos e adoecemos. E é tão fácil desviar-nos do caminho. 

Duvidar é deixar de estar ligado àquilo que somos para seguir o caminho dos outros porque, à deriva e sem caminho, resta-nos o caminho que há. É nestas alturas que me sinto perdida, com medo e incerta. É nestas alturas que vem a vozinha lá de dentro dizer-me "Não tenhas medo!" "Confia!" Se calhar não estás perdida; se calhar, é só o caminho.

Há noites em que me sinto a emaluquecer, cansada de cair e me levantar. Mas depois há o dia. Mas depois há todo um novo ano pela frente.

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Grata pelo 2015 e tudo o que me trouxe de bom! E muito grata por estar aqui vivinha-da-silva, passados dois anos, cheia de maleitas qual velhinha, de tanta sabedoria! As coisas más devem ter trazido muita aprendizagem, mas não me apetece abraçá-las nestas últimas palavras do ano. Que se f****! Vou ali ser feliz e já volto! Em 2016!!!!!



Às pedrinhas e aos grandes testes no caminho! É sempre caminho.

sexta-feira, 25 de dezembro de 2015

quinta-feira, 24 de dezembro de 2015


Gosto muito do Natal. Crianças, lareira, luzinhas, embrulhos, meia-noite, gargalhadas e mesa cheia, de comida e afetos. A vida pode esconder dificuldades mas hoje é dia de dar lugar ao amor, ao imaginário, às possibilidades. É tempo de colecionar esperança que perdure o ano todo, renovar os votos e ser feliz.

Gosto de presentes, troca de afetos em matéria. Não gosto de dar porque é suposto, nem que me dêem, só por dar, a primeira coisa que aparece. Gosto de cuidar do que dou como se de laços se tratasse, porque é disso que se trata. Gosto de escolher de maneira a que a forma esconda em si o conteúdo. Gosto de fazer feliz. E é disso que gosto também quando recebo.

Gosto do ritual, gosto da re-união, gosto dos agradecimentos porque, de repente, é mesmo um privilégio termos connosco as nossas pessoas. Não tive um Natal assim durante dois anos, consegui ter a essência do Natal comigo na mesma, mas não há outro que me faça mais sentido! Grata.

sábado, 12 de dezembro de 2015



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- Olhar nos olhos é mutuamente -

- Beijo na boca é mutuamente -

- Dar a mão é mutuamente -

- Abraçar é mutuamente -

______ - 69 é mutuamente - ________

- Se é para amar, é loucamente -

- Fechar os olhos e ir -

- Sentir -

- Ir -
_

- Vir -

- Sentir -

- Fechar os olhos e ir -

- Se é para amar, é loucamente -

______ - 69 é mutuamente - ________

- Abraçar é mutuamente -

- Dar a mão é mutuamente -

- Beijo na boca é mutuamente -

- Olhar nos olhos estupidamente -
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As dores são como os amores: às vezes estão longe e às vezes estão perto. Tão perto que chegam a doer. As dores. Quiçá chegam as dores quando os amores se vão, para fazerem permanecer as marcas, os apertos, os abraços. Dor de alma não tem fim. Sempre volta. Às vezes despede-se, afasta-se, liberta. Mas é no abandono que ela mora. E, se te abandonam, regressa. 



Para as pessoas que lidam com a dor, more ela no corpo, no peito ou na alma...




Almofada na Casa dos Sonhos da "Terra dos Sonhos"

sexta-feira, 11 de dezembro de 2015


In diferenças

Apesar de sermos muito diferentes, existe união entre nós.
Amizade. Música. Alegria. Satisfação.
Há momentos em que a gente se afasta. É como se estivéssemos tristes.
Afastamento. Tristeza. Sentimento. Amor.
Rancor. Às vezes as pessoas tratam mal as outras.
No início não nos conhecemos e vamos conhecer a pessoa.
Ficamos contentes mesmo que ela seja muito diferente do que somos.
Afinal de contas, somos todos iguais.
Como é que pessoas de culturas tão diferentes se cruzam?
Amor. Abraços. Família. Irmãos. Dignidade.
Somos todos seres humanos, temos todos uma história, queremos todos uma chance.
Nós, todos unidos, só somos pessoas. Não somos mais nada. 


E foi assim que começou a peça do grupo terapêutico de dança do C.R.I.D - Centro de Reabilitação e Integração de Deficientes, na sua festa de Natal, no Teatro Mirita Casimiro, em Cascais, no passado dia 8 de Dezembro. Palavras estas, suas, que traduzem o movimento e a intenção. A diferença é inerente à vida. Por vezes a indiferença também. Só somos pessoas. Não somos mais nada.
O grupo de dança aguarda nos bastidores.

A peça "O segredo que afinal todos conheciam" pelo grupo cénico do Crid e da Apd Cascais.
Final da peça "In diferenças" pelo grupo terapêutico de dança do CRID, que eu oriento.


Os utentes do CRID ainda se apresentaram com o seu grupo musical "Os Curiosos" e com as suas peças de artesanato. Já tenho o meu Pai Natal, o árbitro deste jogo, a cuidar que dou e recebo o que mereço nestas festas! ;)


quinta-feira, 10 de dezembro de 2015


No mês passado, quando fui à consulta de rotina no IPO, a Dra. Francesca perguntou-me entusiasmada "Já passaram 3 anos, não foi?? Que nos conhecemos!" E eu respondi: "Sim, no dia 10 de Dezembro!" E voilá, é uma forma bonita de pôr as coisas. Há 3 anos que conheci a Dra. Francesca. Por acaso, para ela me dizer que eu tinha um linfoma não hodgkin - estadio IVB. Nunca ouvi da sua boca que era o fim da linha ou que a linha era fininha. Às minhas perguntas em relação ao futuro, dizia que não sabia, que os médicos também estavam sempre a aprender com os doentes. Também por coincidência, faz hoje 3 anos que fui à primeira consulta no IPO e lá fiquei, até ao ano seguinte. Faz hoje 3 anos que conheci a Dra. Francesca. Entretanto eu já estou recuperada e ela já tem uma filhota linda. Porque a vida continuou. A vida continua. 

Tenho para mim que é a Dra. Francesca que me mantém nas consultas de rotina do IPO, porque não considero nada saudável a janela dos 5 anos a prender-nos ao cancro, para além de que não são os exames que me vão dizer da minha saúde, mas a forma como me sinto. Como não faço exames - só análises de sangue - acho que, nos dias de consulta, vou lá visitá-la. São visitas de amor e não de medo. 

No primeiro ano, sentia necessidade de lhe provar que o que me tinha dito quando renunciei ao transplante e a parte dos tratamentos não era verdade, que eu ia ser capaz de recuperar e que ninguém me podia dizer que eu não tinha hipóteses de outra forma! Agora já me libertei desse vínculo, dessa necessidade, porque acredito mesmo no caminho e sei que não estou aqui para provar nada, mas para viver da forma que escolhi.

Por isso, hoje celebramos 3 anos deste namoro, mas, agora, à distância pois não faço tenções de a ver tão cedo!


Ribeira, Porto - Dezembro/2015

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