sábado, 25 de julho de 2015


Estava aqui a questionar-me sobre se as dúvidas são do domínio do amor ou do medo. A primeira resposta e a mais óbvia é: "do medo", que é o que nos faz andar na terra de ninguém-disfarçado-de alguém e na terra do nunca-disfarçado-de-talvez. As dúvidas só existem enquanto o medo consegue disfarçar as certezas que estão no fundo do baú. Não saber não existe. Existe o não querer saber, o não querer ver, o confundir o medo com a verdade e o confundir a verdade dos outros com a nossa.

O amor é certo, é justo, é equilibrado e não nos aperta o peito e não nos ata a garganta. O medo faz-nos sentir do tamanho de uma formiga quando o mundo é um elefante. O amor faz a formiga elevar-se na tromba do elefante. Mas o amor às vezes, como diz a publicidade do Jumbo, é exactamente como encontrar um trevo na tromba de um elefante. De quatro folhas, não fazem por menos.

A segunda resposta é: "do amor". Porque nos mostram o caminho. E é do domínio do amor também confiar que está tudo no sitio em que tem de estar, até as questões que nos assaltam o peito e nos obrigam a crescer.




Com a Marisa, sempre em curAção :)
Ensaios

Ensaios

Ensaio Geral

Bastidores

Bastidores

Bastidores

Bastidores

Bastidores


O meu público :D




Grata por todo este caminho e pela concretização desta meta, por poder celebrar o corpo a dançar e por poder partilhar estes momentos. Não foi perfeito, foi honesto, o que é muito melhor (obrigada, Débora, pela dica!). Missão cumprida. 


#familiaartemove #familiafamilia #familiaamigos #eatpraylove


Selfie favorita :)

quarta-feira, 22 de julho de 2015


3.1.3. ao balcão de colheitas. O ritual começou na 2ª feira e acabou ontem. A revisão trimestral que agora se alarga timidamente aos 4 meses, completados dois anos da interrupção dos tratamentos, está feita. Análises bonitinhas, a Rita com ótimo aspeto e a doutora-recém-mamã muito feliz. O J. foi tomar conta de mim porque entre a espera que desespera e a espera que sempre alcança, ele sabia que as duas horas de espera seriam mais coloridas com ele. E é disso mesmo que se trata, a cura é um resgate das cores que a vida foi perdendo

Os jardins da Gulbenkian foram sempre, para mim, uma extensão do IPO, porque fui aprendendo que, para cada coisa difícil se responde com outra que tenha o condão de transformar momentos difíceis em momentos mágicos. De pernas para o ar ou de pés no chão, como diz a minha mãe: "Haja alegria!" E gratidão... 

sexta-feira, 17 de julho de 2015


Parámos uns segundinhos para celebrar. "E se não estiveres cá para o ano?" pensava ela em 2013. Nunca sabemos o que vem a seguir, importa valorizar o caminho, reforçar que é possível, que vale a pena e que a alma é imortal mas o corpo não. Abracem-se, beijem-se e sejam felizes! Hoje! Agora vamos ali dançar mais um bocadinho!

quarta-feira, 15 de julho de 2015


Quando criei o blog, era para durar apenas 365 dias, o ano da cura "sem rede" (tratamentos). Depois naturalmente entendi que a cura é um processo e que a rede é constituída por todas as pessoas e coisas que nos abraçam e nos ajudam na recuperação, no regresso a uma vida que reconhecemos como normal, onde simplesmente nos reconhecemos. 

Querer dançar ajudou-me a tomar as decisões que tomei, saber como queria o meu corpo -  parceiro nesta vida - foi determinante para escolher e, hoje, parece-me uma loucura que a minha vida se baseie na dança, no movimento, no corpo e no físico, integrado numa estrutura maior que é a de ser humano - corpo, mente, emoções e espírito. 

A Arte Move tem sido parceira e testemunha neste meu processo e o espectáculo de final de ano atesta os resultados deste percurso e deste trabalho. No primeiro ano, em 2013, eu - ainda manca e carequíssima - escrevi os textos e interpretei um deles; em 2014, para além dos textos, já dancei e interpretei 3 coreografias e, em 2015, volto a escrever e a dançar 4 coreografias. O desafio vai sendo maior de ano para ano e, nesta última semana de ensaios, ainda questiono todos os dias, tendo a certeza de que o saldo vai ser sempre positivo, mesmo que não seja perfeito. 

Para além de dançar, também voltei a dar aulas de dança, com a turma Dance Move, um grupo de mamãs fantástico, as minhas "estrelas", como eu costumo dizer. E com a Arte Move cresce também o projeto de responsabilidade social que ainda não lançámos oficialmente, mas que existe desde o primeiro momento. Este ano, durante o espetáculo "Não me Calo... Danço", vamos fazer uma recolha de alimentos a favor do Centro Paroquial do Estoril, que é a instituição responsável pelo Auditório Senhora da Boa Nova, em São João do Estoril, local do espectáculo que se realiza no próximo Sábado, dia 18 de Julho, com duas sessões, às 16h e às 21h. 




terça-feira, 7 de julho de 2015





Os olhos não são só o espelho de cada alma, são o espelho de todas as almas. Cada vez que olho para ti devolves-me a mim, mesmo nos dias em que tiras mais do que dás. Cada vez que olho para ti o reflexo que cada gesto traz. Cada vez que te sinto em mim, vai-se o nexo e tudo o que tens será sempre pouco, porque não há amor que não seja louco. Não te esqueças de me dizer todos os dias pouco, qual gotinha que faz o mar, que és um bocadinho louco para uma louca te querer amar. 


sábado, 4 de julho de 2015


(Este artigo não é científico, trata.se de uma reflexão pessoal.)


In tristitia hilaris, in hilaritate tristis. 
(Alegre na tristeza, triste na alegria.)
(Giordano Bruno)


Tantas vezes dizemos e ouvimos a expressão "Estou-me a rir para não chorar." Chorar é tão fantástico como rir; tanto rir como chorar terão o mesmo valor expressivo se falarmos de verdade: naquele momento é o que a alma precisa de manifestar. Mas há várias razões para escolhermos o rir ao chorar, das quais destaco duas:

1. Rir é, em teoria, mais prazeiroso do que chorar, liberta serotonina e promove a produção de endorfinas, pelo que nos deixa mais alegres e relaxados. Digo teoria porque não posso dizer que ninguém tire prazer do choro: também ficamos mais alegres e relaxados depois de libertarmos as lágrimas acumuladas. A mim acontece-me. É um copo cheio que se esvazia e volta a ficar receptivo a novos desafios. 

2. Rir é mais aceite socialmente do que chorar, não só para os homens, como também para as mulheres. Os homens são maricas se choram, nem vou explorar este assunto; por mais que a sensibilidade esteja na moda, os preconceitos continuam implícitos. Quanto às mulheres, as próprias também se recriminam e justificam permanentemente pelas oscilações hormonais, as oscilações de humor durante o ciclo menstrual e a sua natureza feminina que lhes dá "dores de cabeça" - a elas e aos companheiros - pelo que o facto de se assumir que as mulheres têm esta riqueza emocional manifesta não significa que se aceite como uma coisa positiva e natural. Pode, no limite, levar a que muitas mulheres mantenham esta riqueza latente, como acontece com muitos homens, mas eu tenho esperança de que a emancipação da mulher não a corrompa na sua natureza. Rir e chorar é do domínio do ser humano e o resto é conversa.  

A ideia não é termos de escolher, mas sim expressarmos o que for justo para nós em determinado momento. De qualquer forma, há vantagens em escolher o rir, para além dos benefícios fisiológicos e da aceitação social:

1. É contagiante - há outras energias que se contagiam mas rir propaga-se rapidamente e de uma forma consciente, porque reconhecemos que nos dá prazer;
2. É gratificante - põe-nos em contacto com a alegria de viver; é mais fácil sentir gratidão depois de rir do que depois de chorar;
3. Abre o espírito - põe tudo em perspetiva, relativiza a experiência e a dor perde o protagonismo, em prol das relações humanas e dos afetos, no caso de nos rirmos acompanhados. 

Freud já falava do humor como forma de lidar com a dor e até como forma de tirar prazer de uma situação dolorosa. De repente, devolver a graça à des-graça é como devolver a vida à morte, é como devolver o amor à dor, é como anunciar tréguas em clima de guerra, não porque aniquilámos o inimigo - o mais provável é termos reconhecido a força do inimigo ou até mesmo entregado os pontos - mas porque, de repente, o ego se dilui na gargalhada, que por sua vez nos devolve a leveza de espírito e, em última análise, a essência da alma. 

Procura pessoas que sejam capazes de se rir de si próprias, de se rirem contigo - não de ti - e que façam o pino se for preciso - mal feito, claro! - para te pôr um sorriso da cara. Há tristeza nas pessoas que mais riem, assim como é possível que a alegria coabite com os momentos mais tristes. E eu agora podia terminar dizendo que rir é o melhor remédio, mas o melhor remédio é aquilo que tiver de ser para seres feliz. 




Foi surpreendida, chorou desalmadamente, mas o coração recompôs-se e depois foi rir a bandeiras despregadas.
E nós deixamos... #maecuracao #59anos #celebracao


P.S. Props para a Marine Antunes e o Jorge Moura que me mostram a importância do humor no mundo. Grandes malucos! ;)

INSTAGRAM