sábado, 31 de janeiro de 2015


Quando comecei este projeto foi com o intuito de partilhar as ações que levasse a cabo e aquelas em que me envolvesse e fizessem parte do meu caminho de cura (ou curação como lhe chamo, traduzido do espanhol curación). Hoje partilho mais um momento de inspiração, o do projeto Change It. Porque a minha cura tem estado centrada no pensamento desde que terminei os tratamentos (não me digam que não fiz mais NADA porque dá muito mais trabalho do que injetar fármacos!). E porque o pensamento precisa de alimento regular, para não recuar para padrões antigos. Eu inspiro, tu inspiras, eles inspiram-me. Grata por isso.
 
Hoje (30/01) realizou-se o terceiro Change It, autoria e moderação de Ana Rita Clara. Foi o primeiro a que assisti e só ontem à noite senti que tinha mesmo de ir. Porque os vídeos dos anteriores me "chamaram" e porque, antes de dormir, visitei a página do facebook da Débora, uma jovem que também tem cancro, e deparei-me com a citação de uma frase minha, que ela retirou aqui do blog e da qual não me recordava. Dizia assim:
 
Risco por risco, resolvi não me riscar e arriscar-me a seguir o meu caminho.
 
E qual o tema do Change It de hoje? CORAGEM. E lá fui eu. Dar e receber.
 
Porque é preciso ter coragem para sermos quem somos e não o que esperam de nós (mas atenção que os valores familiares, religiosos, educativos, políticos e médicos formatam-nos para seguirmos ordens e dizem-nos que o poder está nos outros, por isso muitas vezes é preciso um trabalho de consciência e desconstrução que preceda e valide a coragem). E porque é arriscado seguir o que pensamos e queremos, mas ainda é mais arriscado não o fazer. Falo por mim (sempre). Risco por risco, vai aonde te leva o coração, como dizia a autora Susana Tammaro.
 
Cheguei uma hora atrasada, fui gastando o plafond da coragem no trânsito mas valeu a pena. Vim recarregada.
 
Podem ver o resumo no site da Ana Rita, uma profissional com uma capacidade de empatia, abstração e síntese ímpar. Os tempos da televisão não nos permitem muitas vezes sentir isto. Aliás, os tempos da vida de hoje também não nos deixam muitas vezes sentir nada.
 
Tempos reinventados por projetos como o Change It são tempos (e espaços) para parar, refletir, partilhar e questionar, sem hierarquias, no café do lado. Não estamos sozinhos nisto do medo. Não estamos sozinhos nisto da coragem.
 
Foram muitos os contributos, todos especiais. A jornalista Fernanda Freitas, o escritor José Eduardo Agualusa, a psicóloga Isabel Empis e Marie France Carrondo foram os oradores ou changers convidados. Foram também muitas as frases-chave mas duas ficaram a vibrar dentro de mim:
 
Quem muda Deus ajuda. (Fernanda Freitas)
Não há geografia para a coragem. (Ana Rita Clara)
 
Quero acrescentar sobre a coragem em situações para as quais achamos não estar desenhados para ter força, até porque referiram a Vanessa Afonso na conversa e porque hoje ouvi o testemunho do Jorge Pina na televisão, dois exemplos públicos de coragem. Partindo da minha experiência em tempos surreais de dor e do que vejo refletido nos outros:
 
A coragem é talvez a única forma que temos de sobreviver quando o chão nos foge e o teto desaba, a única forma de fugir de uma vida miserável. Numa situação limite, não ter coragem é deixar morrer o espírito. A coragem é assim a modos que um anjo da guarda (aquele que protege a nossa alma de noite e de dia).
 
 


P.S. Não acho que tenha sido por acaso que as mulheres tenham dominado a intervenção. O tema é a coragem mas o pano de fundo a mudança. Quem melhor para falar em mudança do que a mulher, uma vez que a mudança é inerente à sua natureza cíclica? Quem melhor do que a mulher para resgatar a sua natureza colaborativa e facilitadora dos tempos pré-patriarcais substituídos pela hierarquia e a competição de uma sociedade dominada por valores masculinos? Quem melhor do que a mulher para ajudar o homem a recuperar a permissão para a sensibilidade e o feminino? Estamos em conjunto a equilibrar o mundo, o mundo em cada um de nós, que somos Animus e Anima (Jung), Yin e Yang, e o mundo em cada um do outro. Todos juntos fazemos um: Uni-verso.
 
Grata.
 
 

segunda-feira, 26 de janeiro de 2015


O Senhor é meu pastor, nada me faltará. Salmo 23.1

Fui educada na religião católica, andei num colégio salesiano dos 3 aos 15 anos e ouvia estas frases e as da eucaristia vezes sem conta. Ainda hoje, sem ir à missa, as sei. Só agora, aos 34 anos, quase 20 anos depois de me ter afastado da igreja e dos rituais católicos, é que entendo a mensagem que contêm.

Quanto mais estudo e quanto mais cresço paralelamente como pessoa, menos me faz sentido a religião do ponto de vista institucional, embora reconheça o valor da instituição do ponto de vista social. A necessidade que fui sentindo de desconstruir todos os valores judaico-cristãos que assentam numa moralidade que julga, castiga e condena foi-me afastando da igreja. Não quero ter de dizer um ato de contrição sempre que tenho um pensamento "pecaminoso". Confesso. Meu Deus por que sois tão bom / Tenho muita pena de não vos ter ofendido / Ajudai-me a tornar a pecar. E só aqui teria o mote para todo um outro artigo intitulado: Por que devemos pecar ou Quem peca não adoece.

Redescobri a minha fé através do conhecimento e da experiência, do pensar e do sentir, mas principalmente do autoconhecimento e da observação. Quanto mais observo a vida, mais confio nela. E quanto maiores as provações, maior a convicção de que há algo maior, uma grande tela na qual somos só um Wally que continuaremos a procurar. Eu SEI que o universo é perfeito, que a vida tem o suficiente para todos, que temos sempre os recursos disponíveis para fazer frente aos desafios que se nos apresentam e que a energia divina (amor) está em toda a parte. Ou sou só muito teimosa.

Hoje assisti a uma missa de corpo presente e ouvi as mesmas palavras que ouvi anos a fio, mas escolhi fazê-lo de coração aberto, ligada à essência das palavras e do ritual e não ao credo e à instituição. Sim, O Senhor é meu pastor, nada me faltará.

Sei hoje que escolhi não chamar-lhe Senhor e Deus e que estes nomes foram instituídos por uma sociedade patriarcal, a mesma que substituiu a Deusa (Virgem, Mãe e Velha) por Deus (Pai, Filho e Espírito Santo). A guerra dos sexos. A guerra das religiões. A guerra. Continuamos todos à procura do Wally, do Santo Graal e da pedra filosofal.

Já não estou zangada com o Senhor. Todos os credos me são válidos se nos elevarem a alma e o espírito, promoverem o amor e a alegria e nos conduzirem à paz e à gratidão, principalmente nos momentos em que estamos com o espírito apagado, focados na dor e em conflito (até aprendermos a agradecer todos os dias). Obrigada por esta luz de hoje, F. Descanse em Paz!

Demos graças ao Senhor nosso Deus. É nosso dever, é nossa salvação.

Grata.


sábado, 24 de janeiro de 2015


Quando ouvi o teu nome soube que, se mais nada por ti pudesse fazer, deveria sempre guardar para mim a memória daquela miúda da escola secundária, doce e meiga, de caracóis dourados, que escondia toda a sua determinação e coragem por trás do seu corpinho pequeno e do seu tímido sorriso. Aquela que vinha de longe todos os dias. Aquela que me dava a mão depois das aulas. Aquela que queria ser psicóloga e foi. Aquela que gostava de dançar e que se tornou dançarina. Aquela que sabia que ia conquistar tudo o que quisesse. Até a cura de uma doença que ela não escolheu mas que a escolheu a ela.
 
R.G., o meu primeiro namorado, quando soube do meu cancro, há poucos meses atrás 

sexta-feira, 23 de janeiro de 2015


Deus para mim é segurança. Há muitas coisas boas na vida mas também há muitas coisas más. Deus é a segurança de que estamos a viver isto tudo por alguma coisa, que há mais qualquer coisa para além disto. Beatriz, 15 anos.

Se somos humanos, todos choramos. Chorar é desabafar. Diogo, 9 anos

O sentido da vida é fazermos o que gostamos. Se fazemos o que gostamos, estamos a aproveitar a vida. E portanto esse é o sentido da vida. Afonso, 8 anos

Quando é uma asneira pequenina, da infância, às vezes faço... acho giro às vezes sair um bocadinho da linha. Diogo, 9 anos


Conduzidos por Marta Gonzaga, no passado Sábado, Henrique (16 anos), Beatriz (15), Diogo (9), Afonso (8) e Constança (10) refletiram sobre grandes temas e questões da humanidade, como o amor, a família, os sonhos, o sentido da vida, entre outros que estão contemplados na exposição 7 Mil Milhões de Outros. Transcrevi apenas algumas citações. Muito embora o que digam já tenha as marcas da sua educação - eles próprios dizem que são um bocadinho os seus pais e um bocadinho eles - é refrescante e até emocionante ouvir as novas gerações na sua simplicidade de levar a vida.
 
Consigo rever-me um bocadinho no seu discurso porque, depois de terminar os tratamentos, estive cerca de 6 meses (des)preocupada apenas com viver e usufruir da vida, um renascimento que me pôs em contato com o básico e essencial. Com a criança em mim. E, na essência, é tudo tão simples. Para mim, o sentido da vida é estamos bem connosco mesmos, a base para um mundo feliz. Assim como para mim é importante revisitar-me nesses tempos, porque entretanto a minha vida vai-se reconstruindo e complicando e vou facilmente perdendo a base (assim como muitos de nós com o crescimento, a educação e as responsabilidades), acho importante atendermos ao que nos ensinam as crianças e os jovens, que se encontram mais perto da início da vida e representam as gerações seguintes, as que já trazem nova informação no seu ADN para fazermos frente aos novos desafios.
 
Considero tão importante ouvirmos os novos como os velhos, uns porque são a geração nova, com novos inputs, e os outros porque representam a sabedoria de vida e constituem os professores desta mesma escola, a da vida. Não precisamos só de aproximar géneros, culturas e ideologias, mas também gerações. 
 
http://www.7billionothers.org/pt/lisboa

Que a curação possa chegar a tantas outras crianças para quem a vida tem um peso que não é suposto ter e que lhes rouba a infância.

sábado, 17 de janeiro de 2015

As crianças são o melhor do mundo.
Dança é liberdade.
Arte, movimento e solidariedade.
 
São estas as minhas palavras para o dia de hoje, de apresentação das crianças da Academia de Artes, Arte Move. "A Rita é Arte Move da cabeça aos pés." A minha curação, contribuindo também para a curação dos outros, passa também pela Arte Move, como aluna, professora, parceira na responsabilidade social e amiga.
 
 
 
Acho que não vinha a este auditório desde os 15 anos, quando deixei de estudar neste colégio, o Externato Nossa Senhora do Rosário em Cascais. Noutra "vida".
A menina dança? - Fotodança por Miguel e Alice
Mais uma iniciativa solidária, mantas para as senhoras do Centro de Apoio Social do Pisão.
CurAção associa-se à Arte Move nos seus projetos solidários. E os artemovers contribuem!
Estrelinha Arte Move*

sexta-feira, 16 de janeiro de 2015

Conversas sobre a Humanidade

Na verdade, este já deveria ser o #2, sendo que a primeira fotografia é de 2014 e a segunda de 2015. Já foram ver a vídeo-exposição "7 mil milhões de Outros"? Aqui nas minhas dúvidas sobre o que postar sobre os últimos acontecimentos que têm abalado o Mundo, deixo-vos com isto. E vou voltar com o #2 e o #3 porque vou voltar ao Museu da Eletricidade, onde esta exposição está até 8 de Fevereiro. Não é para ser intelectual, é para ser humano. Não é para adquirir conhecimento, é para sentir. Não é para pôr em causa, é para pensar.
 
Em 2003, depois de A Terra vista do Céu, Yann Arthus-Bertrand lançou, com Sibylle d’Orgeval e Baptiste Rouget-Luchaire, o projeto 7 mil milhões de Outros. Foram filmadas 6.000 entrevistas em 84 países, por cerca de 20 realizadores que partiram ao encontro dos Outros. De um pescador brasileiro a um sapateiro chinês, de um artista alemão a um agricultor afegão, todos responderam às mesmas perguntas sobre os seus medos, sonhos, problemas, esperanças: O que é que aprendeu com os seus pais? O que deseja transmitir aos seus filhos? Por que circunstâncias difíceis já passou? O que é que o amor representa para si?
 
7 mil milhões de palmas para autores e parceiros!

Para quem quer absorver este projeto na íntegra, fica aqui a lista de vídeos e a sua duração:

Família (22 minutos)
Primeiras lembranças (22 minutos)
Sonhos de infância (18 minutos)
Sonhos e renúncias (19 minutos)
Desafios da vida (55 minutos)
Homens-Mulheres (33 minutos)
Histórias de amor (26 minutos)
Fazer o amor durar (33 minutos)
Medos (35 minutos)
Lágrimas (22 minutos)
Testemunhas do clima (26 minutos)
Pobreza (34 minutos)
Deus (27 minutos)
Perdoar (29 minutos)
Raivas (19 minutos)
Sentido da vida (25 minutos)
Felicidade (24 minutos)
Portugueses
Mosaico (32 minutos)
Mensagens (27 minutos)
Making of: 7 mil milhões de Outros nos bastidores (49 minutos)
 
E eu volto para tentar resumir o que tanta gente provocou em mim!
 
 
 
 

quinta-feira, 8 de janeiro de 2015

 
26/05/2013
 
Teria tanta coisa para dizer sobre o intervalo de tempo que separa estas fotografias. Também podia ter feito um "antes, durante e depois" porque nos conhecemos em Cabo Verde, mas aí a viagem ainda seria maior. Lembro-me das anonas/pinhas/graviola que trouxeste de CV diretamente para o IPO, na fase em que tudo valia para me manter agarrada à vida. Esta primeira fotografia está num álbum que se chama "entre o 5º e o 6º ciclo", tinha saído havia cerca de 15 dias do último internamento e, como tal, toda eu era felicidade, ainda que amarelada dos tratamentos. "Sinto-me curada. O meu corpo ainda está assim, mas a minha cabeça já está lá à frente." E era a única forma que eu tinha de explicar que sabia que estava a caminhar para uma fase nova, sem hospitais, sem medicação, rumo a uma nova vida. A intuição está sempre à frente da razão.
 
12 kgs separam estas imagens e com eles o peso da vida. Era tudo o que queria, voltar à vida "ativa" mas daqui concluo que a vida literalmente - sou sempre tão abstrata quanto literal - pesa. Ou pesa-me. (António, está a dar uma kizomba na rádio enquanto escrevo estas palavras! Cabo Verde chama-me!) 
 
O meu desafio agora é resgatar a leveza que tinha no olhar e no espírito na fase em que me encontrava em estado de graça apenas por ter finalmente saído do hospital e poder usufruir das coisas simples da vida e conciliar este espírito livre com as exigências e as responsabilidades de uma vida adulta e de compromissos.
 
Porque um compromisso não tem de pesar nem prender ninguém, tem de ser a liberdade de cumprirmos com o que escolhemos. Resultado da nossa conversa e desta reflexão, compromisso significa "com a promessa" (com+pro+misso) e para mim agora é assim (valham-me os 3 anos de latim, a paixão por linguística e etimologia):
 
- Promessa = Promisso = Pro-Missão -
A favor de uma missão, um projeto.
 
- Compromisso
Cumprir uma missão em conjunto, com alguém (pessoal, familiar, profissional, social, espiritual, et cetera)
 
Portanto CurAção é compromisso. Viver é comprometer. E não teria piada de outra forma. Menos uns quilinhos depois de fazer este post :)
 
Being myself I've got nothing to prove
(canta a Tracy Chapman neste momento na rádio)
 
06/01/2015
 



(Segundo o Google, pro-meter originalmente seria "enviar alguém à frente", mas já estou a usar o significado que a palavra adquiriu entretanto)

terça-feira, 6 de janeiro de 2015

Os companheiros da Sandra, Dr. Quimio e Love, com o cartão de visita da "Partilhas e Cuidados"
 
E se fui daqui para Faro ao lançamento do livro "O meu cancro morreu e eu renasci" da Sandra Matinhos, também tinha de ir ao lançamento de Lisboa, que decorreu no passado dia 3, na livraria "Dessassossego" (Rua de São Bento), no mesmo local onde nos conhecemos há só dois meses. Corrigindo, onde nos reconhecemos porque já seguíamos os blogues uma da outra sem saber. O post anterior já foi sobre esta verdadeira Partilha. Surgiu-me traduzir o momento em escrita criativa e por isso não vou pô-lo em miúdos. Deixo-vos com as miúdas!
 
Sandra, grata pela inspiração! Ouvir-te faz-me confirmar que está tudo certo, está tudo aqui e está tudo agora. Que boa forma de começar 2015!

domingo, 4 de janeiro de 2015

 
É preciso não desistir. Não desistir da possibilidade, ainda que ínfima.
É preciso acreditar. Acreditar outra vez na possibilidade, ainda que longínqua.
É preciso saber. Saber dessa mesma possibilidade, ainda que remota.
 
Nascemos um dia menina. Renascemos mulher. Não se nasce de novo sem refazer o caminho. 1, 2, 3... devagarinho.
 
A pele que te protege do frio é a mesma que recebe o calor.
A mão que dá é a mesma que recebe.
O corpo que sente dor é o mesmo que sente prazer.
O corpo que sente dor é o mesmo que pede amor.
 
Como abrir depois de fechar? Como simplesmente recomeçar?
 
Não és metade de ti, és quarto crescente.
 
Não és meia, mas lua cheia.
 
 
(inspirado na partilha que se deu no lançamento do livro "O meu cancro morreu e eu renasci" da Sandra Matinhos - ver publicação seguinte. Obrigada Carla, Rosa, Sandra e Carla... E o senhor da Chiado Editora cujo nome desconheço. O primeiro passo é sempre ser. Os eclipses, esses, são transitórios.)
 

quinta-feira, 1 de janeiro de 2015


Chegou 2015. Este ano voltei a passar a meia-noite com os meus pais, como em 2012/2013 (fotografia do post anterior), desta feita não no IPO, mas no quentinho do lar. São eles os meus maiores companheiros neste caminho. A travessia do cancro e da curação tem constituído uma oportunidade para reparar tantas questões antigas, fazendo-as parecer uma gota no oceano quando os laços de sangue se traduzem em amor e vida, cicatrizando feridas e neutralizando guerras. Eu sou o resultado do melhor dos dois, Nobre da mãe e Luz do pai. Eu sou o resultado do pior dos dois mas não são defeitos, são feitios. Não faz sentido a minha curação sem contribuir para a deles. Se quero a cura do mundo, começo por mim e pelos meus. E aquilo que não estiver ao meu alcance, a Deus pertence. Ou a eles pertence.

Nunca vos contei que não somos 3, somos 4. E a minha mana, que escolheu ser sempre uma estrelinha no céu a guiar-nos no caminho, sabe que está tudo certo, no lugar certo e à hora certa. O meu primeiro desejo para 2015 é que continues a fazer equipa connosco para sabermos fazer as escolhas certas, as que nos permitam ser a melhor a versão de nós mesmos e cuidarmos uns dos outros da melhor forma.

Quis a providência divina que o primeiro post de 2015 fosse a 400ª publicação deste blog. Só pode dar início a uma fase especial.

Não me toca este ano desejar saúde, amor, dinheiro, trabalho, viagens, sexo, amizade e felicidade porque seria pedir tudo e não pedir nada. Em que se traduzem estes tópicos para mim? O que significam e que forma podem tomar?

Sáude, que é o mais importante. Sem saúde não se faz nada. Com saúde vem tudo o resto.

Oiço isto a torto e a direito. E é o que toda a gente me deseja e eu agradeço. Mas... não foi um dos meus desejos quando comi as passas. E porquê? Porque a minha vida não se resume a ter cancro ou não ter cancro. Quero saber o que quero na minha vida, estar bem comigo mesma, confiar no meu corpo e na sua inteligência, ter no meu corpo um amigo e não um inimigo, cumprir a minha missão de ser eu e concretizar o meu potencial, sendo criativa e ativa e não repetitiva e reativa. Acredito que este tem sido o protocolo que tenho procurado seguir, com altos e baixos, mas que me tem mantido afastada do cancro. Claro que quero ter saúde porque mereço ser saudável e ter uma vida boa e abundante. E, sim, escolhi deixar de estar internada no hospital e não continuar os tratamentos convencionais a determinada altura porque quis a saúde e não a doença. Mas não peço saúde, porque para mim a saúde não é aleatória. Peço, sim, tudo o que acredito que para mim e para as minhas células se traduz num estado saudável.

Da mesma forma, este ano escolho descriminar os meus desejos como objetivos para o próximo ano. Que projetos quero realizar, que pessoas faço questão que se mantenham na minha vida, que outras quero que apareçam, que lugares quero visitar, qual o valor do meu trabalho e quanto quero receber por ele, que sonhos quero concretizar, que vou fazer para cuidar do meu corpo e estar na melhor forma, qual a Rita que quero que se manifeste, de que forma vou cumprir a minha curação em 2015? Não vou responder a todas estas questões aqui, em público. Vou partilhando algumas destas respostas à medida que me fizer sentido, mas o queria deixar bem claro é que, para mim:

- a saúde não é um objetivo mas os objetivos é que me vão permitir alcançar a saúde e reconduzir-me para um estado saudável. Sem razões para viver, de que vale ser saudável? É saudável andar por aí sem doenças mas sem razões para viver?

- o amor não é um objetivo por si só mas dar o melhor de mim e não me focar no medo e no ressentimento poderá trazer cada vez mais amor e pessoas "amorosas" à minha vida. E se quero refazer a minha vida afectiva, tenho de decidir que pessoa quero ter ao meu lado e se estou receptiva e preparada para que isso aconteça em pleno;

- o dinheiro não cai do céu. de que formas quero obter rendimentos? Que valor dou ao meu trabalho? Quanto mereço receber? O que vou fazer para isso? Para que quero o dinheiro?

e por aí fora...

Não peças saúde, amor e dinheiro porque alguém disse que essa era a receita da felicidade. O universo é ilimitado. Há saúde, amor e dinheiro para todos, mas nem todos os alcançam. Há responsabilidade, consciência e escolhas concretas que nos permitem ou não chegar lá. Que descubras as tuas é o que desejo para ti!
 
Feliz 2015!
 
Adoro a estrelinha lá em cima... Estrelinha guia e protetora que toma conta de nós.

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