quarta-feira, 30 de outubro de 2013


Segundo o wikipédia, delírio é uma falsa crença mantida com grande convicção. Eu sempre considerei a diferença entre a normalidade e a psicopatologia quantitativa, mais do que qualitativa, e que a fronteira estava na capacidade de adaptação da pessoa à realidade, na forma como o comportamento ou pensamento podia interferir ou não com o desempenho na vida diária, na própria e na dos outros. A partir da altura em que deixamos de ser livres, escravos dos pensamentos e dos impulsos ou compulsões e interferimos com a liberdade dos outros, algo tem de ser visto ou revisto. Mas o problema aqui é que, até ser diagnosticado, da normalidade à patologia, existe uma linha contínua e podemos encontrar-nos em vários pontos dessa linha, em diferentes alturas da vida. Numa tentativa de qualificar e quantificar a saúde mental, existem critérios mas existe também tanta gente que se encontra no meio do caminho, mas não no sítio que marca a virtude: um bocadinho mais para o lado de lá...

E a saúde mental num contexto de doença física? Penso já ter deixado claro noutras publicações que olho mais para a saúde mental como desencadeante de saúde ou doença do corpo, mais do que o contrário, mas hoje quero pensar exactamente no oposto, uma vez que esta estrada não tem sentido único: como o limite físico nos deixa no limbo da saúde mental ou pode empurrar mesmo para o lado de lá quem já se encontra a dois passinhos da fronteira. Sim, eu digo que as coisas antes de o ser já o são. Não sei se já alguém disse esta frase, mas já a repito há alguns anos, em diferentes contextos. Neste caso, ninguém descompensa sem já estar no caminho. Mas, em última análise, estamos todos nesse caminho. Ninguém é 100% são ou 100% doente.

Há saúde mental sem saúde física? Não são todas as nossas partes um todo?

No meu caso, no limite das minhas forças físicas, a doença empurrou-me para uma bifurcação: ou te acalmas ou dás em doida. Num acto de sobrevivência, escolhi o caminho da paz, porque todas as minhas energias tinham de estar concentradas na recuperação física. Ansiedade, medo, obsessão... Este caminho consumia-me demasiadas energias para conseguir permanecer nele durante muito tempo. Seria o colapso. De repente senti que as opções eram duas: ou te acalmas ou te acalmas (tinha mesmo este diálogo mental comigo mesma), porque as coisas já eram suficientemente difíceis para que ainda as complicasse mais. E assim me acalmei nos momentos mais difíceis, com mecanismos e recursos internos e externos que encontrei e que me facilitaram a escolha do caminho da saúde (mental e física, uma vez que Saúde é só uma). Praticamente sem esforço. É a tal programação biológica para a sobrevivência.

Por outro lado, desviar a doença para o corpo, descurando a mente, também é mais aceite pela sociedade. É melhor ser doente do que louco. Mas não será a doença uma loucura do corpo e a loucura uma doença da mente?

Paranóia de sintomas; viver obcecado com sinais; ler e escrever só sobre estes temas; romancear as vivências; ver cores onde só existe o preto no branco; perseguir médicos e solucionadores da saúde/doença; ter diálogos com o Além (e o Aquém); perseguir sonhos e cumprir objectivos que mais ninguém percebe porque não dão dinheiro, não rendem e estamos numa sociedade capitalista; ter dificuldade em manter uma conversa normal com as pessoas normais - "já viste isto? é sempre a mesma coisa... e a crise? e a celulite? e ele não me liga... é sempre a mesma coisa... 'tou tão cansada, é só trabalho, trabalho... é o costume... fogo (chamem os bombeiros!)..." Desculpem, é muito difícil manter a saúde mental intacta depois de tanta cambalhota... Assumo a loucura. Agora... cada um assuma a sua!

(Mas pára de me telefonar, empurrado pela tua convicção, porque não partilho dela. Falsas ou verdadeiras, tenho outras! Haja saúde!)


terça-feira, 29 de outubro de 2013



Ex-modelo e jornalista, Flávia Flores, brasileira, inspira muitas mulheres para que sejam capazes de se reinventar durante o processo de quimioterapia, com um blog e uma fanpage nas redes sociais e agora com um livro. As cats são as gatxinhas que passam pelo tratamento e o look da quimio é a forma como algumas delas escolhem apresentar-se, cada uma com o seu estilo. Vídeos de como colocar os lenços, dicas de maquilhagem, auto-estima acima de tudo, para que não se descure, mas ao contrário se cure com todas as ferramentas disponíveis. Não há por que viver todos os dias com a cara "de lagartixa" imposta pela doença e pelos tratamentos.

Ainda mais importante do que isto, quero salientar que tudo o que retiramos de positivo de uma situação difícil deve ser levado para cada bocadinho de dia, cada oportunidade de vida e cada desafio que se apresente e aqui acho que não é necessário ter um cancro da mama como a Flávia para que qualquer pessoa cuide de si nem um linfoma como eu para que desperte o seu lado criativo. Estamos cá para que quem lê não tenha de passar por estas coisas, mas que ainda assim cuide de si e das suas coisas com todo o amor.

 


segunda-feira, 28 de outubro de 2013

                                    2012                                                                         2013

Esta é a Cindy Baptista, artista de coração, que nem sabe o que é ser de outra maneira! Um ano separam estas duas imagens - as duas fotos foram tiradas em Outubro, uma no dia 13 e a outra no dia 25 -  e um ano pode parecer uma vida. Ou várias! Cada uma de nós saiu de Cabo Verde com um grande desafio em mãos, daqueles desafios que nos fazem tremer as bases. A terra treme, o céu cai e tudo se renova. Ainda somos as pessoas daquela primeira imagem? No essencial sim, mas estávamos muito cansadas. Era preciso reciclar, reinventar e seguir caminho. Por força das circunstâncias ou por circunstâncias em que já não tínhamos muitas forças, seguiu-se a mudança e o que se põe em marcha em marcha está. E que em marcha continue... Gosto tanto mais da segunda imagem por tudo o que ela contém e pela energia que dela emana. Somos ricas!

sábado, 26 de outubro de 2013

Caro Sou-Doutor,

Muito se fala de conhecimento e resultados científicos, de protocolos e receitas previstas para determinadas situações, determinação essa que advém de muita literatura e anos de prática e ensaios clínicos. Só se acredita no que está provado cientificamente. O estar provado cientificamente deixa-nos tranquilos ou desesperados, consoante do que se trata. É mais seguro, porque a ciência confirma. Está provado cientificamente, não se duvida.

Ora ainda me lembro de algumas coisas da cadeira de epistemologia. Na altura não era das mais entusiasmantes, mas hoje agradeço. O método científico pressupõe a existência de uma hipótese que é testada num ambiente controlado, com uma determinada amostra, e que depois é corroborada ou refutada, para mais tarde se generalizar a uma determinada população ou colocar uma nova hipótese. E, segundo o que aprendi, as hipóteses mais valiosas, as que fazem o conhecimento avançar, não são as que são confirmadas, mas, sim, as que são contrariadas, pois essas é que nos levam a continuar a questionar e, aqui, parece-me que as questões valem mais do que as respostas, que, de alguma forma, nos fecham para outras perspectivas.

Assim, aprendi na faculdade a ser muito cientista na vida pessoal e profissional. Tenho uma verdade, a minha hipótese, escolho um determinado caminho e, caso esta não me leve aos resultados esperados, questiono e coloco novas hipóteses, que me ajudem a evoluir e a saltar de patamar. E não há verdadeiro conhecimento que não passe pela experiência. Mudo de paradigma se for o caso. E é desejável que o faça de tempos a tempos, pois significa que não parei... no tempo.

Por isso, Sou-Doutor, não se admire se não me preocupa o facto de não ter cumprido o protocolo de tratamentos como vem nos seus livros, por o meu corpo ter tido respostas não esperadas. Significa apenas que temos de reavaliar a situação e colocar novas hipóteses, em vez de fazer tudo para que as respostas existentes encaixem à força no sujeito em causa, que por acaso sou eu. Sei que é isso que faz, adaptar o conhecimento que traz à realidade que se lhe apresenta, mas sinto que fica muito desorientado porque não fiz o caminho todo certinho, como vem nos livros, e isso quererá dizer que a minha hipótese de cura é menor do que a do outro doente que foi um sujeito, ou melhor, um objecto mais bem comportado e corroborador dos estudos já existentes. Será?

Não há nenhuma ironia na forma como me refiro a mim como objecto de estudo porque temos de ser rigorosos e estamos a falar de ciência. Eu também sou "Sou-Doutora", como lhe disse na primeira carta que lhe escrevi, e também tenho objectos que se confundem com o sujeito e ponho hipóteses e volto a pôr e tiro conclusões... E também faço ciência e estudos bastante científicos, mas nos domínios inter e intra pessoais. É assim que cresço e evoluo como pessoa.

Esta carta é para o tranquilizar. Por que terei menos hipóteses de cura do que quem cumpre tudo o que vem nos livros? Ciência para mim não é fechar o círculo, ser rigoroso não é fechar as gavetas e o sucesso não está em seguir uma e única linha. Enquanto se comprovou cientificamente, já nasceram mais não sei quantas pessoas no mundo e outras tantas morreram. Desenganem-se os cépticos que usam essa ciência de bolso como bóia de salvação, porque ciência não pode ser apenas "ver para crer", até porque começa sempre com um "crer para ver"...

Preocupa-me a ciência praticada por cépticos, que usam a certeza porque não suportam a dúvida, em vez de usarem a certeza por convicção. Há verdadeira ciência sem dúvida? Há verdadeira ciência sem fé? Qual é o valor científico da esperança? Duvido que alguém sobreviva quando lhe é subtraída à vida a esperança, a maior parte das vezes por força de dados científicos. Se sobrevivem, é milagre. Para mim, se sobrevivem, é porque mantêm a esperança e as suas convicções, apesar de todas as evidências, retiradas por outros sujeitos, com outros objectos, noutros "aqui e agora".

O Sou-Doutor aparentemente não é crente, porque crença não é científica e ciência não é religião. Mas eu acho que é, porque ninguém escolhe ser herói e salvar vidas sem um bocadinho de fé. E coragem. Só lhe peço que modere a utilização de expressões como "não há hipótese...", "não há nada a fazer" e outras semelhantes, porque há doentes que seguem a sua religião. Mas sobre religião falarei com o Sr. Padre, o pai nosso que está na terra.

Sem outro assunto de momento,
Rita Nobre Luz, cientista por convicção (e definição)


imagem retirada do wikipédia


Carta ao Sou-Doutor #1

sexta-feira, 25 de outubro de 2013

Fico com curiosidade em saber a reacção das pessoas mais próximas de ti ao facto de renunciares aos protocolos da medicina convencional. D.G.

As reacções foram diversas: os que ouviram e aceitaram, os que questionaram e aceitaram com reticências, os que questionaram e pouco ouviram, os que julgaram mais do que questionaram, os que não aceitaram embora achem que sim, mas os mais próximos compreendem que o mais importante é que esteja bem, mesmo não entendendo bem como é que isso acontece.

Em relação a este assunto, tenho-me apercebido de várias coisas:

1) A reacção das pessoas tem mais que ver com elas próprias do que comigo, ou seja, por mais que seja a preocupação com a minha saúde que as mova, estão a falar essencialmente das suas crenças e dos seus medos. "Estás a ser egoísta, não estás a pensar nas pessoas que gostam de ti." "Rita, TU estás doente!" "Nem penses em renunciar à procura de um dador!" "A decisão é tua e apoio o que decidires, mas..." "Vê lá o que é que fazes!" "E depois, se deixas o IPO, onde vais fazer os exames que tens de fazer?" "Por favor, volta para lá!" São comportamentos baseados nas suas crenças, não nas minhas. São os seus medos, não os meus. 

2) Na medida em que muitas destas crenças e medos também fazem parte da minha cultura, educação e crescimento, tiveram sempre impacto em mim e foram (são) um desafio à minha segurança/confiança naquilo que sou, sei e faço. Enquanto tremi, só ouvia conversas destas da primeira alínea e, quando fui mais assertiva, a resposta dos outros também era diferente, em consonância. Por isso as reacções ajudaram-me a perceber em que ponto me encontrava do processo. 

3) Os meus pais, apesar do medo, não interferiram na minha decisão - assistiram em primeira mão a todas as complicações por que passei e a minha mãe diz "não são eles (os que opinam) que estão deitados lá na cama do hospital" - mas o maior medo da minha mãe era que eu ficasse desamparada, sem assistência. Como boa filha da minha mãe, o meu maior medo também era o de abandono por parte da médica assistente. Por isso o que me angustiava era o confronto. Depois de assumido, tudo foi muito mais fácil do que o que o medo prometia, quando a médica me respondeu "se a Rita concordasse, gostava de a continuar a acompanhar." O crime de sermos nós próprios compensa. E se nos abandonarem é porque também não nos poderão ajudar naquele momento.  

4) Tirando os meus pais, enfermeiros e auxiliares, mais ninguém testemunhou a pior parte deste cenário, por isso as reacções dos outros são "artificiais". Por outro lado, poucas pessoas sabem toda a fundamentação que está na base na minha decisão, por isso é normal que duvidem. A dúvida é legítima.

5) Depois da minha decisão, coincidiu o "desaparecimento" de quase todas as pessoas que estiveram sempre em cima do acontecimento durante o protocolo convencional. Esta também foi uma reacção. É verdade que o aparato todo de fios e macas chama mais a atenção do que renunciar a isso, mas também é certo que, fazendo uma opção ou outra, o diagnóstico não muda e o desafio permanece. Este é o ano em que a cura se dá mais com os recursos internos do que externos, o que não quer dizer que não se precisa do exterior, muito pelo contrário. É preciso ter esta noção: a doença traz mais amor do que a saúde! Não se pode depender destas reacções! Amor é acção e não reacção. Este é um recado para quem está doente. (alínea polémica...)

6) As pessoas que não concordam e respeitam, ainda que duvidem, conciliam o seu direito de ser elas próprias com o meu direito de ser eu própria e de agir em coerência. Queira eu ter essa capacidade também.

7) Fazer escolhas diferentes da maioria mexe com crenças estabelecidas e enraizadas, o que pode ser perturbador e desorganizador. Mas há muita gente a desenhar histórias diferentes e muitas respostas disponíveis, desde que haja abertura para isso. 


Se a morte é a vida ao contrário, a doença é o amor ao contrário. 

quinta-feira, 24 de outubro de 2013



E começa aqui esta história, algures em 2006, se bem me recordo, quando fui fazer um casting e fui escolhida para ser modelo do Miguel Garcia...

Este era o meu cabelo original

 E aqui está a primeira carecada!




Em 2012:



Em Cabo verde, antes do tratamento; foi assim que fui internada.


No IPO, a 2ª carecada, a preparar-me para a queda do cabelo. Tinha de ser o Miguel, porque ele usa uma tesoura especial anti-dor. Não custa nada!


Assim que o cabelo começou a cair demasiado, procedeu-se à real carecada, assunto tratado pelas auxiliares do IPO. Para terem noção de como não registei esse momento ou lhe desprovi de emoção, nem me lembro de quem é que me rapou o cabelo!

     
Em 2013:

Look actual


Como não gostava do novo penteado "selvagem", sem corte, com demasiado cabelo no pescoço, como podem ver na foto acima, hoje demos-lhe forma! E tínhamos de registar a primeira ida ao cabeleireiro com o cabelo recém-nascido, que tem sensivelmente 3 mesinhos. Agora não queremos ver a tesoura nos próximos 3! 


Esta tesoura só deu uns toques porque a ideia não é manter o look curto, mas doeu um bocadinho, por mais incrível que pareça! É que este cabelo todo NOVO é uma conquista! Queremos que o bebé capilar cresça forte e saudável (e já agora depressinha, digo eu)! Este não é para perder!




Obrigada por me fazeres feliz e por me tornares sempre mais bonita, em qualquer circunstância! 

terça-feira, 22 de outubro de 2013



A luz ao fundo do túnel esteve sempre lá, ao longo do caminho. Está sempre lá. Se não se vê, está escondida, dentro de ti, à espera que quebres o padrão, deixes esse ciclo e dês início a outro. Não é errado. É que a vida é assim, paradoxal. Repete-se mas quer mudança. E por isso tu não queres mudar mas estás farta de repetir. Ou queres muito mudar mas não queres deixar para trás. Há uma força centrífuga que te empurra cada vez mais para a origem e para o final, que andam sempre de mãos dadas. 

The light at the end of the tunnel has always been there, along the journey. It's always there. If you can't see it, it's hidden inside of you, waiting for you to break the pattern, leave that cycle and start a new one. It's not wrong. It's what life is all about: paradox. It repeats itself but begs for change. That's why you don't want to change but still don't want to propel the repetition. Or you want to change but can't leave it all behind. There's a centrifugal force that pushes you to the limit: the origin and judgment day, hand by hand.

domingo, 20 de outubro de 2013


Caro Sou-Doutor,

Às vezes posso parecer um bocadinho indisciplinada porque, afinal de contas, o sou-doutor é que tem os livros e os saberes na matéria, mas queria explicar-lhe que os meus livros e os meus mestres ensinaram-me a pensar. Bom, para dizer a verdade, não foi sempre assim, porque não me lembro de me terem torcido o pepino em pequenina para que soubesse que o poder sobre mim própria não está só nos outros, na minha mãe, na Irmã Guida, no Sou-Doutor Alberto J. (o meu otorrino até aos 10 anos, de quem não me recordo nem de uma expressão, gesto ou palavra mas deve ser lapso meu), no Padre Raúl, no Mário Soares, na S'tora Cidalina, na régua da Irmã Laura... Por acaso até estou a ser injusta porque logo no primeiro mês de vida, na incubadora, as enfermeiras da MAC disseram à minha mãe "Ela tem uma força! Temos mulher!" mas as enfermeiras não entram na classe dos Todo-Poderosos desta praça, embora possam ser bastante convincentes com uma agulha na mão...

Bom, mas não me ensinaram na escola, nem nas aulas de "Formação" nas freiras (o que se fazia mesmo naquelas aulas?), que eu sou mais do que um produto dos meus pais, dos meus professores, da minha religião, do meu país e dos seus dirigentes e dos meus sou-doutor's. Eles é que detinham o poder e também não estariam interessados em partilhá-lo. E a mim dava-me jeito ser criança e depender de todas estas vontades, preocupar-me apenas em aprender. E ouvir. Mas quando ouvimos com olhos de pensar, analisamos e começamos a questionar... E o meu lado perguntador manifestou-se na minha sede de conhecimento e aprendizagem... Era tão afoita que não descansava enquanto não aprendesse tudo o que vem nos livros! As respostas às minhas perguntas teriam de estar lá com certeza!

E cheguei à universidade para ser também sou-doutora e finalmente deter o poder, porque ser sou-doutora é que me dá o passaporte para poder vingar na minha vida! Os sou-doutor's é que podem: podem ter subordinados, podem ter dinheiro, podem mandar um bocadinho mais nas suas vidas e na dos outros e mostrar os fantásticos alunos que foram. O sou-doutor representa a liberdade de tantos anos de subordinação.

Por isso, peço-lhe já desculpa se lhe venho trocar as voltas e disser que não... É que houve um engano. Eu não tenho poder sobre ninguém, não sou dona de coisa nenhuma, não tenho casa, nem carro, nem dinheiro, nem empregados, nem há vagas para ser empregada de outro sou-doutor qualquer! Por isso, não me peça, sou-doutor, para ser disciplinada. É que na escola da vida aprendi que ninguém manda em ninguém, mas que sou-doutora é um titulo que reclamo para mim, para a minha responsabilidade, o poder sobre mim própria, as minhas escolhas e principalmente a minha capacidade de pensar! Aprendi a pensar e por isso não posso ser disciplinada a não ser comigo mesma... Desculpe-me sou-doutor! E eu sei que há muitos sou-doutor's por aí enganados a responsabilizar a crise e os sou-doutor's da política pelo estado em que se encontram. É que não lhes explicaram! Espero que não seja o seu caso...

Agradeço a sua atenção no meio da sua vida agitada e não aguardo a sua resposta. Voltarei a contactar assim que me for oportuno.

Com os melhores cumprimentos,
Rita Nobre Luz, mal-empregada, como se vê!




sábado, 19 de outubro de 2013

A ideia de criar um blog - que em si mesmo constitui uma das minhas ações no sentido da cura - não faria sentido sem interAção. Ainda que o projeto CurAção (ainda em construção) não se destine apenas a pessoas que se sintam conectadas com a minha experiência e com o cancro em particular, se o meu testemunho puder chegar a pessoas que estejam a passar pelo mesmo - ou por outro desafio - e acrescentar alguma coisa, tanto melhor. A mim acrescenta-me muito descobrir pessoas e projectos inspiradores. Cada um tem a sua experiência mas esta reflecte-se no colectivo, do familiar ao social, e viceversa. Se somos parte do todo, também somos todos uma parte importante e, somados, multiplicamos o nosso potencial!

Se me fizeres uma pergunta, responderei com um post, que pode ir do mais simples ao mais criativo, conforme o que desperte em mim.

Se quiseres partilhar a tua história, poderei partilhá-la ou responder em particular, como preferires.

Se quiseres desenvolver algum tipo de parceria, propõe!

Se tiveres uma ideia, sugere!

Se precisares de energia curação, diz-põe! 

Através do seguinte contacto: curacaoemconstrucao@gmail.com.

E tem sempre presente o lema CurAção: Tudo se transforma!

cartão de visita


*decidi assumir que o acordo ortográfico ainda não me assiste, pelo que a palavra ação é a única que o respeita ainda que por mera coincidência!

sexta-feira, 18 de outubro de 2013


É uma ideia generalizada a de que um cancro ou um acontecimento igualmente marcante nos muda para sempre. Não sei se estou a exagerar, mas é como se esse senhor nos viesse trocar as voltas para deixarmos de sermos quem éramos ou passarmos a ser uma versão melhorada de nós mesmos. Se estávamos a dormir, acordamos. Se andávamos pelos céus, descemos à terra. Tenho a dizer que, embora isso seja tudo um bocadinho verdade, não é bem assim. Para além de que acredito que a hora da verdade não é aquela do período de enamoramento pela vida quando ela ameaça abandonar-nos. Isso não é amor verdadeiro. É uma coisa do ego a dizer: "Gosto tanto de ti, não me abandones!" A hora da verdade é depois, depois de passar o susto e o enamoramento e nos encontrarmos entre essas duas coisas, ou seja, frente a frente com a realidade.

Eu ainda estou meia enamorada, mas a verdade é que já estava.  Eu valorizo todos os momentos, mas a verdade é que já valorizava. Eu tenho as minhas convicções mais presentes, mas a verdade é que já as tinha. Então o que mudou? Não mudou. Como eu costumo dizer, fiquei ainda pior! Toda eu dentro de mim ficou mais determinada na sua existência. Tudo aquilo que me fazia sentido agora faz ainda mais! E alguma maluquice que tinha dentro de mim grita de felicidade porque agora então é que não a posso calar! Não aprendeste nada?, pergunta a minha mente... Bom, aprendi pouco, para dizer a verdade. Mas apreendi muito!

Nada do que este ano me trouxe é verdadeiramente novo, mas o que a vida me trouxe foi a oportunidade de SENTIR na pele tudo o que me vagueava pela mente. E é assim que funciona. Criamos a nossa realidade. Se tinha pedido um cancro ao Pai Natal? Não exactamente. Essa não era a forma. Mas o conteúdo veio na mesma: se eu achava que Cabo Verde me ensinava sobre desapego, amor incondicional, humildade, carpe diem, este ano foi a oportunidade de apreender ainda mais, experienciando tudo isso a um nível ainda mais profundo. O meu sentido de missão agigantou-se e não quero saber da crise pela crise, mas do meu papel na minha vida, que há-de tocar inevitavelmente na de outros.

Normalmente fala-se em aprendizagem (não nos livros, mas na gíria) quando ganhamos juízo, quando aprendemos uma lição! A vida dá-nos tau-tau porque não aprendemos de outra forma. Pois a mim ninguém me leva com castigos! Mas, ainda assim, nunca fiando, estou a tratar de aprender algumas coisas, como a pôr os pezinhos no chão e a ser um bocadinho mais racional e metódica. Um bocadinho. Afinal a vida - disfarçada de cancro - trouxe-me de volta às minhas raízes para me relembrar de algumas coisas! Nada de novo, portanto, porque já dizia o Lavoisier que "na natureza, nada se cria, nada se perde, tudo se transforma." E é isto.



P.S. E hoje escrevi este post de madrugada, para me obrigar a não ligar o computador durante um dia. Tem de haver regras por aqui!

quinta-feira, 17 de outubro de 2013



Hoje descobri esta imagem no facebook. E é verdade que, na minha cura, também houve muito suor, algumas lágrimas e, mais recentemente, mar. Longe dos tempos em que mudava de pijama 4 vezes por noite e arranjava umas art&manhas para não ter de mudar também os lençóis da cama ou estar sempre a chamar as auxiliares para o fazer e também dos dias em que as lágrimas ajudavam na limpeza do corpo e da alma, mais recentemente tudo se tornou mais divertido com o regresso ao mar. Para quem viveu sempre ao(s) pé(s) do mar e para quem tem veia de navegador e descobridor - foi há 500 anos, mas podemos sempre reclamar essa herança! - não há nada como mergulhar, até porque as nossas praias começaram a ser utilizadas pelas famílias reais, exatamente com fins terapêuticos. Abaixo, junto alguns benefícios do mar, mas vou-vos contar um segredo: a verdadeira terapia está mesmo em mergulhar na vida. E agora, se estivessem mesmo aqui ao pé de mim, salpicava-vos com umas gotinhas destas águas conquistadoras!


Ilha Deserta, Algarve, Setembro 2013

Com a mommy, dedicadas à talassoterapia!


Do ponto de vista energético:
Conhecida como um dos meios mais eficazes de cura, a água é um veículo de calor ou frio, que aplicada ao corpo, opera modificações que atingem os sistemas nervoso e circulatório, produzindo o equilíbrio térmico do organismo.
O sal é um cristal e, por isso, emite ondas eletromagnéticas que podem ser medidas pelos radiestesistas. Ele tem o mesmo cumprimento da onda de cor violeta, capaz de neutralizar os campos eletromagnéticos negativos.

Sobre a talassoterapia:
O prazer que você sente quando você mergulhar na água do mar não é só devido ao clima de férias e descanso ao seu redor, mas também que a água salgada ajuda a relaxar a tensão e, consequentemente, a dor muscular, porque ele contém brometo.

Nadar em água salgada melhora a circulação sanguínea. Além disso, ele contém potássio serão muito bem recebidos por seu corpo, porque você precisa de sangue após o exercício.

A água salgada também é boa para o sistema nervoso, porque contém magnésio.

Água de sal de sódio contribui para o bom funcionamento do sistema imunológico, que contém cálcio ajuda a manter a força dos ossos.

Iodo, cálcio, ferro, magnésio, sódio, zinco, cobre... são inúmeros os benefícios, mas melhor mesmo é mergulhar...

quarta-feira, 16 de outubro de 2013


Partindo da minha linha de pensamento e das pesquisas que tenho vindo a fazer na área, falo hoje da doença como símbolo, baseado no livro "A Doença como Caminho" de Thorwald Dethlefsen (psicólogo) e Rüdiger Dahlke (médico e psicoterapeuta). E começo por dizer que, como doença, refiro-me ao conjunto de sintomas que é tomado como tal, mais do que propriamente ao nome que se lhe dá. E mais, refiro-me apenas à forma como esses sintomas são percepcionados mais do que à forma que assumem por si só. Por exemplo, a minha mãe hoje tem uma dor num braço que a deixa aflita e condicionada. Interessa-me mais a sua aflição e a forma como descreve o que sente ("parecem mordidelas de cão") do que o diagnóstico em si, porque acredito que aí reside a chave do seu cofre. Mas voltemos atrás.

"A nossa linguagem é psicossomática. (...) O doente ao falar dos seus sintomas corporais costuma descrever um problema psíquico." Para os autores, temos de usar o pensamento simbólico, através de analogias, para entender o que se passa a nível mental e que teve manifestação no corpo, não porque uma situação leve à outra, mas porque os dois planos acontecem em simultâneo, o físico e o mental, e um tem sempre representação no outro. Assim como o Variações dizia que o corpo paga "quando a cabeça não tem juízo", aqui a falta de juízo é reprimida ou remetida para uma "zona de sombra", por "repúdio ou resistência": "o corpo tem de viver aquilo que o indivíduo se escusou a assumir conscientemente." Ou seja, o sintoma físico tem a sua correspondência no plano psíquico, mas a um nível inconsciente. Aqui acrescento que a maior parte das vezes sabemos bem o que nos está "a morder" por dentro, mas não o queremos verbalizar, ou seja, assumir. É um gato escondido com o rabo de fora.

"Aquilo que se manifesta no corpo está também na alma: assim na Terra como no Céu." A proposta dos autores não é eliminar os sintomas por si só, mas aceitar as sombras que neles residem. "Se a ampliação da consciência produzir automaticamente uma modificação subjectiva, pois fantástico", o que normalmente acontece.

E o que fica na sombra? Todos os impulsos difíceis de assumir, muitas vezes alvo de julgamento individual e social e que podem dar a origem a comportamentos não adaptados dos pontos de vista individual e colectivo ou a consequências difíceis de aceitar por parte primeiro do próprio e depois dos outros. Os instintos agressivos e sexuais são dos mais relegados para a sombra, mesmo que a sua saída pudesse passar apenas pelo verbo e não exactamente pela acção, nem sempre possível ou desejável. Mas a agressividade pode ser bem mais perigosa na sombra. "Enquanto a agressividade (ou qualquer outro impulso) permanecer na sombra, subtrai-se à consciência e isso é que a torna perigosa." Não há sol sem sombra. E eu sei como a minha mãe estava irritadaaaa no dia em que o braço quase paralisou. Teria sido conveniente ter dado um murro em alguém? Bom, talvez não fosse a saída adequada, mas como ideia, não era má de assumir. Até porque no campo das ideias tudo é possível. Graças a Deus e à inteligência divina que não nos põe limites na fantasia!

Mas então qual é a dificuldade em chegarmos ao cerne da questão? É que estamos sempre mais ocupados a perseguir culpados e em combater do que em dar tréguas e apaziguar a nossa mente. "Aquele que combate ou que persegue jamais atingirá o seu objectivo". Para além disso, como os sintomas das doenças são "avaliados muito negativamente, tanto pelo indivíduo como pela colectividade, (...) não são vividos e vistos de modo consciente."

Qual é a proposta? "Abstrair-se do sintoma e transpô-lo para o plano psíquico. Escutar com atenção as expressões idiomáticas que nos poderão servir de chave."

"É importante que o indivíduo se deixe perturbar pelo transtorno. Um sintoma não faz mais do que corrigir um desequilíbrio: o hiperactivo vê-se forçado a descansar, o irrequieto é forçado à imobilização, o comunicador compulsivo obrigado a silenciar-se. O sintoma activa o pólo rejeitado. Há que (...) abraçar sem hesitações aquilo que nos é imposto. A doença é sempre crise e toda a crise exige evolução. Qualquer tentativa no sentido de recuperar o estado anterior à doença é prova de ingenuidade ou de tolice. A doença pretende conduzir-nos a conhecer novas zonas desconhecidas e ainda não vividas; quando atendemos ao chamamento de modo consciente e voluntário, damos um sentido à crise."

Agora quem é que vai dizer à minha mãe para ficar um dia com o braço quietinho?

A minha proposta é semelhante mas tem algumas diferenças porque eu entendo um sintoma como um veículo de expressão, da seguinte forma e por esta ordem (e é assim que tenho lidado com os sintomas que têm surgido nos últimos meses que, de outra forma, podiam levar-me a ficar apenas centrada e obcecada com a doença):

Situação (Sintoma) Emoção

e que normalmente aparece assim:

(Situação) Sintoma (Emoção)

com o sintoma a aparecer em neón, a piscar.

O sintoma é o mediador e condutor da expressão que não teve lugar. Através do sintoma é-nos permitido finalmente expressar livremente (ainda que em forma física de bloqueio, porque o conflito psíquico ainda está presente), até porque, enquanto doentes, é um direito que nos assiste. Assim que identifico a minha emoção - facilitada pela sensação proporcionada pelo sintoma - e a situação que me incomoda, trato de mudar a minha crença em relação à mesma, aceitando-a como ela é se não estiver ao meu alcance mudá-la ou agir de acordo com o que pretendo, dentro das minhas possibilidades. E um sintoma que perde protagonismo é um bicho que perde força e se retira de cena. (Mas um dia destes volto a este assunto.)

Termino com a frase dos autores: "A DOENÇA TORNA-NOS SINCEROS".

P.S. Para quem conseguiu chegar a este post scriptum, vou voltar a este livro para vos contar da interpretação dos autores especificamente do cancro.

P.S.2 Peço desculpa à minha mãe por utilizá-la como exemplo, quando me podia ter exposto a mim, mas foi o timing da coisa. Hoje é ela.

terça-feira, 15 de outubro de 2013


Celebrando 5000 visitas, 45 dias de cura e o princípio desta parceria com a Šara (Shara).

Hoje iniciamos este desafio, Boomerang, um intercâmbio Portugal-EUA, CurAção e Šara Stranovsky, artista multifacetada, que não só é minha amiga, como sei que está comigo, esteja em que parte do planeta estiver. Aprendi com ela a arte de transformar. Partilhámos a “casa rosa” e hoje partilhamos esta vontade de continuarmos ligadas, sempre a criar. A Šara envia-me uma fotografia e eu escrevo a partir da sugestão que a imagem me trouxer. Vamos começar…



O mar enrola na areia
Ninguém sabe o que ele diz
Bate na areia e desmaia
Porque se sente feliz
(...)
O mar também é casado, o-ái
O mar também tem filhinhos
É casado com a areia, o-ái
E os filhos são os peixinhos


Esta imagem diz-me muito sobre comunicação e sobretudo comunicação e relacionamentos afetivos, mas de repente dou por mim a perceber que estou um pouco distante destes temas, tendo em conta que este ano foi todo para a saúde. Estou assim como a Šara, àquela distância do mar. Não se deixa de olhar, mas cá de longe, do cantinho. Até porque os homens também têm marés. Tocam e fogem. E as mulheres são de luas! O mar traz e a areia devolve. Palavras leva-as o vento para que o mar as oiça ou as venha buscar…


Tanta coisa a dizer sobre esta imagem, mas vou roubar as palavras da Šara, enquanto procurávamos um nome para este nosso projecto: the energy given always returns. Acredito que essa seja uma lei universal, pelo que não adianta culpar os outros ou os eventos que nos caem do céu como se a areia não estivesse casada com o mar e como se o mar não refletisse o céu e como se as algas não estivessem ali para contar a história…

Šara, nu ta spera tchuba

segunda-feira, 14 de outubro de 2013


Fazemos uma pausa para vos dizer onde vou celebrar daqui a uns tempos, quando o projeto Curação - ainda em construção - estiver sobre rodas e ganhar asas! Porque é importante visionar, hei-de passar por esta terra de domínio holandês, mas com raízes multiculturais, américa, europa, ásia e áfrica, português, espanhol, inglês e holandês, UNIverso DIverso na língua oficial: papiamentu. Multiversidade e Unicidade. Assim é Curação. Assim espero que seja também Curação caribenho, onde Alonso de Ojeda, espanhol, ex-major da frota de Cristóvão Colombo, desembarcou, em 1499, e assim apelidou por ser a ilha da "cura dos doentes" (esta é só uma teoria entre muitas outras sobre a origem do nome). Por isso, tenho dito. Aqui vou eu. Mas não agora. 


No wikipedia:

Curaçao ou Curaçau, também conhecida em Portugal como ilha da Curação, é a maior ilha do antigo arquipélago das Antilhas Neerlandesas e um país autónomo constituinte do Reino dos Países Baixos. Os nomes dados inicialmente à ilha (1501), Curasorbo e Curasoto, significando, respectivamente, "trago de bebida para cura" e "matagal de cura". Assim se entende a palavra "curação" (arte de curar) e não com o significado de "coração". Havendo também a teoria de que o nome tem origem no facto de aí se produzir um licor a partir de cascas de laranja-da-terra, cravo e canela. Os holandeses denominaram assim a ilha por não serem capazes de pronunciar "Ilha da Curação", nome dado originalmente por navegadores portugueses que viram ali a cura de doentes atacados pelo escorbuto. Provavelmente, terão sido salvos pelas vitaminas dos frutos que ingeriram na ilha.

Papiamento ou Papiamentu é uma língua crioula e é a principal língua falada nas ilhas caribenhas de ArubaCuraçao e Bonaire. Recentemente, ganhou o status de língua oficial nas três ilhas.
O papiamento originou-se do pidgin português conhecido como guene, por ser falado pelos escravos africanos (originários das zonas de Guiné-BissauCabo Verde e São ToméGolfo da Guiné, entre outras) trazidos pelos neerlandeses para o trabalho na lavoura de cana-de-açúcar. Após a retomada de Cabo Verde por Portugal e a reconquista da Nova Holanda pelos portugueses, alguns judeus sefarditas, portugueses de Cabo Verde e quase todos os do nordeste brasileiro foram para as antilhas neerlandesas levando consigo o idioma português. A linguagem judaico-portuguesa iria se misturar ao guene dos escravos africanos, dando origem à primeira forma do papiamento no século XVIII. Com a administração do império colonial neerlandês nas ilhas, a influência neerlandesa legou muitas palavras de seu idioma ao papiamento. No final do século XIX, a influência do castelhano ocorreu com o contato com os países vizinhos, especialmente a Venezuela. O papiamento sofreu tambem influencia do idioma inglês pelos missionários que se estabaleceram nas ilhas e posteriormente pela presenca de turistas vindos de paises anglófonos.
O nome procede da palavra papiá, que significa 'conversar', derivada originalmente da palavra portuguesa "papear". Origina-se igualmente deste verbo coloquial o nome do crioulo de base lusófona de Malaca, o papiá kristáng. O verbo papiâ ainda existe no crioulo cabo-verdiano e significa falar. 

PortuguêsPapiamentoCrioulo da Guiné-BissauCrioulo de Cabo Verde (Santiago)
Bem-vindoBon BiniBô bim dritoBem-vindo
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Como vai?Con ta bai?Kuma ku bu na bai?Módi ki bu sa ta bai?
Muito bomHopi bonI bon dimásMutu bon
Eu estou bemMi ta bonAmi n´stá bonN sta dretu
Eu, Eu SouMiAmiN, Mi e
Tenha um bom diaPasa un bon diaPasa un bon diaPasa un bon dia
Vejo você depois, Até logoTe aworoN´ta odjau dipusN ta odjâ-u dipôs
ComidaCumindaBianda; KumidaKumida
PãoPanPonPon
Suco, Refresco, SumoRefrescoSumoSumu
Eu amo CuraçaoMi stima KòrsowN´gosta di CuraçaoN gosta di Curaçao
Quem vem comigo?

P.S. Dêem uma vista de olhos no wikipedia em papiamentu!

domingo, 13 de outubro de 2013

Pestanas e sobrancelhas recomeçam a crescer

 Hoje: Antes

Hoje: Depois

Hoje dizia eu, em modo de queixa, à senhora da Kiko que as minhas pestanas, que tinha perdido havia pouco tempo, tinham voltado a crescer, mas em menor quantidade e/ou visibilidade. Ela olha bem para as minhas pestanas e diz: "As suas pestanas são enormes, mas estão mais claras nas pontas, da cor do seu cabelo. São californianas! Se a moda pega!" Na fotografia não se nota, mas é verdade, coisa que nunca tinha acontecido antes! Nada que um rímel/máscara não resolva! Nem eu sabia a quantidade de máscaras que existem para as pestanas (cílios, para quem me lê do Brasil), na Kiko, a 3,90eur! Volume, comprimento, à prova de água, natural, com diferentes escovas conforme o efeito que se quer... Este é o Luxurious Lashes! O que não faz a minha mãe para me ver com tudo outra vez no sítio?

P.S. Reparam como o brilho no olho é diferente da primeira para a segunda foto? Não é só da luz da fotografia. A primeira foi no hospital... O primeiro olho diz doença, o segundo diz saúde. Que bom é poder voltar a dar importância aos pormenores!

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