segunda-feira, 26 de janeiro de 2015

Nada me faltará


O Senhor é meu pastor, nada me faltará. Salmo 23.1

Fui educada na religião católica, andei num colégio salesiano dos 3 aos 15 anos e ouvia estas frases e as da eucaristia vezes sem conta. Ainda hoje, sem ir à missa, as sei. Só agora, aos 34 anos, quase 20 anos depois de me ter afastado da igreja e dos rituais católicos, é que entendo a mensagem que contêm.

Quanto mais estudo e quanto mais cresço paralelamente como pessoa, menos me faz sentido a religião do ponto de vista institucional, embora reconheça o valor da instituição do ponto de vista social. A necessidade que fui sentindo de desconstruir todos os valores judaico-cristãos que assentam numa moralidade que julga, castiga e condena foi-me afastando da igreja. Não quero ter de dizer um ato de contrição sempre que tenho um pensamento "pecaminoso". Confesso. Meu Deus por que sois tão bom / Tenho muita pena de não vos ter ofendido / Ajudai-me a tornar a pecar. E só aqui teria o mote para todo um outro artigo intitulado: Por que devemos pecar ou Quem peca não adoece.

Redescobri a minha fé através do conhecimento e da experiência, do pensar e do sentir, mas principalmente do autoconhecimento e da observação. Quanto mais observo a vida, mais confio nela. E quanto maiores as provações, maior a convicção de que há algo maior, uma grande tela na qual somos só um Wally que continuaremos a procurar. Eu SEI que o universo é perfeito, que a vida tem o suficiente para todos, que temos sempre os recursos disponíveis para fazer frente aos desafios que se nos apresentam e que a energia divina (amor) está em toda a parte. Ou sou só muito teimosa.

Hoje assisti a uma missa de corpo presente e ouvi as mesmas palavras que ouvi anos a fio, mas escolhi fazê-lo de coração aberto, ligada à essência das palavras e do ritual e não ao credo e à instituição. Sim, O Senhor é meu pastor, nada me faltará.

Sei hoje que escolhi não chamar-lhe Senhor e Deus e que estes nomes foram instituídos por uma sociedade patriarcal, a mesma que substituiu a Deusa (Virgem, Mãe e Velha) por Deus (Pai, Filho e Espírito Santo). A guerra dos sexos. A guerra das religiões. A guerra. Continuamos todos à procura do Wally, do Santo Graal e da pedra filosofal.

Já não estou zangada com o Senhor. Todos os credos me são válidos se nos elevarem a alma e o espírito, promoverem o amor e a alegria e nos conduzirem à paz e à gratidão, principalmente nos momentos em que estamos com o espírito apagado, focados na dor e em conflito (até aprendermos a agradecer todos os dias). Obrigada por esta luz de hoje, F. Descanse em Paz!

Demos graças ao Senhor nosso Deus. É nosso dever, é nossa salvação.

Grata.


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