quarta-feira, 11 de junho de 2014

Escrita Criativa #4

Eis o desafio desta semana: 
Antes fugir do que remediar.
Explore esta ideia.
(máximo: 400 palavras)


Fugir é um verbo muito menosprezado. É muito mais corajoso ficar, encarar e agarrar o touro pelos cornos. Fugir é para os fracos, os que temem, os que metem o rabinho entre as pernas e desistem. Foge! Abaixo os fracos! Vou ficar aqui a bater com a cabeça na parede até gostares de mim, porque assim não há forma sequer de a inteligência se fazer aparecer e valer.

Pois fugir é muitas vezes a prova da maior das inteligências. Fugir do homem errado, do trabalho errado, do ursinho polar ou do touro e dos cornos. É, pois, estratégia!

Se é preciso remédio, alguma coisa não bate certo. Vou acrescentar mais isto, vou dizer-lhe mais aquilo, vou fazer mais aqueloutro e acresce toda uma lista de desculpas para ficar. Ficar. Ficar. Ficar até mais não, até não haver mais ninguém de ti para contar a história! Até seres engolido pelo papão! Alguém vai sair de barriga cheia e não és tu! Eu sei, é a adrenalina de sentir o perigo eminente, a perspectiva de saires mais forte e o delírio de eventualmente superares a tua fraqueza perante o bicho e a tua (pouca) força para segurar nos cornos. A verdade é que há efectivamente bichos perigosos, ossos duros de roer, lobos em pele de cordeiro e grandes furadas. Se não te preveniste, foge!

Antes fugir do que remediar ou remendar. Médicos e costureiros em causa própria, dediquem-se ao que sabem fazer e não inventem! Que grande xarope tu me saíste! Fosse tosse o meu mal e estava curada. Melhor fugir enquanto é tempo, mas melhor que fugir atempadamente, é FUGIR! Run forest run!

Fugir é respeito, quando encarar é soberania.

Fugir é humildade, quando remediar é inferioridade.

Fugir é força nas pernas-para-que-te-quero, quando o remédio é para os doentes.

Fugir é para os atletas, quando remediar é ginástica passiva.

E o burro morreu a pensar “fosse eu cavalo e isto seria tudo diferente!”

P.S. E a ti – agora só aqui entre nós – devo-te um pedido de desculpas! Não és medicamento para a insuficiência cardíaca. Fizeste bem em fugir, não fosse o bicho pegar! (Fraquinho…)

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