segunda-feira, 13 de abril de 2015

Sobre a esperança



Ter esperança é diferente de esperar, embora as vezes a coisa se entrelace. A esperança vem colada à vida, nasce do encontro do espermatozóide com o óvulo. Aliás, as mulheres ficam "de esperanças" e parem as mesmas para que perdurem toda a vida. Homem ou mulher, quem tem tomates tem esperança! A esperança não está para cobardes. 

Ontem dizia-me um homem "Há pessoas que, na mesma coisa, vêem o lado positivo e outras o negativo. Eu sou aquela que vê sempre o negativo." Eu diria que há pessoas que têm os níveis de esperança sempre nas lonas para não se desiludirem, ou melhor, para não se iludirem. 

A esperança requere ilusão. Aprendi a dar saltos de fé (querendo dizer: sem garantias) com o cancro e percebi que me podem roubar tudo mas não me podem levar a esperança. Fico mais do que zangada se tentarem. Já escrevi isto aqui, mas não me digam que "não há nada a fazer", não me digam que "não é possível". Digam-me "eu não sei mais", "não te posso ajudar", "não tenho mais para dar", "não quero". Não me digam "é impossível". Impossível é viver num mundo de loucos que se matam todos os dias sem esperança! 

Recuso-me a perder a esperança, até mesmo depois dos órgãos entrarem em falência e o coração parar de bater - há quem ressuscite. Sem esperança não quero cá andar. Não quero. Se eu consigo ter sempre esperança? Não porque às vezes não consigo ser sempre aquilo em que acredito. Não porque às vezes dói. Não só porque é assim mesmo. Mas basta que ma tentem roubar para descobrir onde anda: no ADN. 

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