sexta-feira, 16 de maio de 2014

Escrita Criativa #1


No dia 13 de Fevereiro, iniciei a minha participação no Campeonato de Escrita Criativa, como vos disse aqui. Terminou no dia 28 de Abril e, em 118 participantes, fiquei em 14º lugar. Foi uma experiência nova. Todas as semanas tinha um desafio e tinha de responder com um texto de 400 palavras (máx.). Vou partilhar aqui alguns dos 10 textos que escrevi para este fim. Vou começar pelo da penúltima jornada, porque é o único que fala do cancro e porque acho que preciso de me religar a esta energia de cura, de capacidade de transformação e de dar a volta ao texto.

Desafio

Cometeu um erro imperdoável. 
Escreva um texto que pudesse fazer com que, ainda assim, fosse perdoado.
(máximo: 400 palavras)

Há coisas que não se devem dizer logo à primeira, correndo o risco de deixar, à partida, impressões digitais impossíveis de apagar, no coração de quem nos conhece. Assim, convém ir devagar e optar por pegadas na areia, a serem levadas pelo mar, por uma segunda oportunidade de amar. À nona semana já posso abrir o jogo, até porque o jogo vai terminar de qualquer forma (mas não de qualquer maneira, porque nunca a maneira será qualquer).

Já fui doente terminal, daquelas de terminar com a doença. Daquelas que sabem que, depois do estadio em que se encontram, a próxima estação é o fim, mas que não vê o fim à vista. Ou não quer ver. Está lá um fim, mas - do quê - é outra história. Então, sendo assim, decidi contar esta história, a história de quem enganou o fim e o transformou no princípio.

Quando uma má notícia chega, ela vem desarrumar-nos. Só por si, a notícia chega como tem de ser: como uma bomba! É como se dissesse: venho terminar-te porque isto está tudo errado. E, como só oiço o que me interessa, penso: deves ter-te enganado, porque aqui não mora ninguém. Mentira. Mora alguém com todas as forças mas é melhor dizer que não estou em casa e fingir que estou a dormir. Entretanto explodiu e… não há nada a fazer. Morri.

Pouco interessa ordenar-me com tempos verbais e pontuação adequados, porque foi a grande confusão. Não gosto de guerras, não quero nada disto. Entre a guerra e a paz, o maior erro que cometi foi o de enganar o pensamento e escrever a história como a queria contar, como queria que a ouvissem e como queria que ma contassem. Como diz a canção, à minha maneira.

Devo um pedido de desculpas ao Sr. Cancro, por lhe ter dado a mão e o ter ajudado a atravessar a história da minha vida. Não era suposto. Ele vem para ser atropelado e eu paro para ele passar? Como está Sr. Contente? Como vai Sr. Feliz? Diga a gente, diga a gente como vai este país

Neste meu país ia o caos, a crise. E, para dar a volta ao texto e fazer do fim o princípio, este senhor deixou-me impressões digitais impossíveis de apagar, paixão arrebatadora das que não sabem o seu lugar. Perdoe-me se o abandonei, por uma segunda oportunidade de amar... 

398. 399. 400.

Post Mortem. Renasci. E, se a vida me perdoou, vocês também me vão perdoar, com toda a energia dos Xutos, à vossa maneiraaaa… Por uma segunda oportunidade de viver… 

2 comentários:

  1. impressionas-me. por tudo. e pela escrita neste caso. escreves bem como tudo! bjinho catarina cardoso

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  2. Adoro toda a força... Todas as palavras... Um beijinho para ti*

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