quinta-feira, 29 de maio de 2014

Escrita Criativa #3


Quarta-feira, 28 de Maio de 2014

Desafio

"Não é verdade que..." 
Continue o texto, usando no máximo 400 palavras.

Não é verdade que gosto de ti porque, se gostasse, não teria dúvidas de que é contigo que quero ficar, muito menos certezas de tudo o que faz de ti o homem errado. Também não é verdade que isto me preocupa porque, se me preocupasse, não procuraria em mim as razões que fazem de ti a pessoa certa. Não dói. Mói. São lugares diferentes. Qual água mole, eu quero ser dura. E o mais dura que consigo ser amolece-te comigo. Às vezes. Poucas vezes.

Não é verdade que gosto de ti porque, se gostasse, gostava e pronto. Não há pensamento que tenha lugar quando estou a gostar de estar contigo. Os pensamentos saltam todos das gavetas e tenho de fugir de ti para me querer reaproximar. Ou fugir para sempre.

Não é verdade que seja amor, mas pode ser ar-dor, se é que me entendes. Nem sequer é verdade que precise de ti. Sou tão fingidora que finjo a dor de estar longe de ti. Sou tão amadora que amo a dor de fazeres parte de mim.

Será no entanto meia verdade a metade de ti que está comigo. Aliás, há muitas meias verdades nisto porque nada é de facto mentira. Gosto um bocadinho de ti, gostas um bocadinho de mim, gostamos um bocadinho disto e, daqui a bocado, enfartamo-nos desta história. Mas há histórias assim, que falam a verdade a mentir, que dizem a sua justiça a sorrir e que terminam como não começaram. Sem problemas. Problemático.

Às vezes queremos que as coisas sejam o que simplesmente não são. Às vezes até são mas temos medo que simplesmente sejam. Assim, as verdades demoram a chegar porque entram numa corrida cheia de obstáculos, adversários e um pódio onde nem sempre uma verdade chega. Ou chega tão tarde que parece mentira.

Não há pior verdade do que aquela que parece mentira. Não acreditada, desprezada e menosprezada de tão desejada e ambicionada. Não digas que gostas de mim porque é tudo o que quero ouvir. Não digas que me queres porque é tudo o que quero sentir. Não posso com tudo se depois fico com nada. Não posso com o nada disfarçado de tudo.

Por isso minto-te verdadeiramente. Não gosto de ti. Chega.

Não te chegues. Chega.

Não me chego. Chega. 

Ai, chega-chega. Chega.


Título: Da agulha e do dedal


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