sábado, 26 de julho de 2014

SÓ FÁ


Estamos na época da estimulAção. Os estímulos são hipervalorizados porque, se não somos estimulados, não nos desenvolvemos, nem vamos para algum lado. As crianças precisam de estímulos para se desanharem novas sinapses e novas aprendizagens, os adultos para se sentirem preenchidos, diria.

Não há dúvida da importância do estímulo. Um estímulo pode levar-nos a sair da nossa zona de conforto. Mas... e quando o não-estímulo é que nos leva mesmo a sair da nossa zona de conforto? E por que raio agora toda a gente decidiu que temos de sair da zona do conforto?

Pois hoje foi dia de sofá. SO-sesta-FÁ. Do ré mim FÁ. Sou FÁ. Sol Fá. SÓ-FÁ. SÓ.

O problema de acharmos que temos de estar sempre a sair da zona de conforto é o de corrermos o risco de não nos permitirmos voltar a ela, a zona do conforto. Arranjem um SÓ-FÁ confortável e confortem-se sem culpa.

Agora falando mais directamente para os sobreviventes, subviventes, ainda viventes, poliviventes que, como eu, viram ou vêm a vida por um fio ou por um tubinho que já nem túnel se pode chamar. A valorização da vida como ela é, mas também como ela era ou como poderá vir a ser pode levar-nos a cair na necessidade de beber tudo o que a mesma vida nos pode dar ou a querermos dar tudo à própria vida, para que esta não se esqueça de nós no momento do juízo final. Dar cartas. Dar provas. Dar o litro. Dar.

Reconheço que este ano para mim foi um ano de compensAção, de viver do que estive privada durante o hibernamento. Mas às vezes só faz falta estar para poder receber. E primeiro de nós mesmos. SÓ. FÁ.

(imagem google)
P.S. O sofá foi literal para mim mas o SÓ-FÁ pode representar apenas o tempo para estar, para parar, para o recolhimento... Cada um encontrará o seu espaço e o seu tempo dentro do seu estilo e exigências de vida.


Sem comentários:

Enviar um comentário

INSTAGRAM