quarta-feira, 9 de abril de 2014

"O Corpo na Solução de Problemas"


Cabe-me a mim, aqui neste espaço, contribuir com o que acredito que possa acrescentar valor à experiência de cada um e que diz respeito à minha área de intervenção, a psicológica. Seja nas minhas reflexões seja na minha pesquisa, partilho o que encontro relativamente ao cruzamento do corpo com a mente. Hoje encontrei este artigo, "O corpo na solução de problemas":

http://www.pnl-portugal.com/o-corpo-na-solucao-de-problemas/

(...) Um problema é provocado por uma atividade cognitiva (análise, crença, memória, luta, controlo… etc) acerca de uma sensação. Há uma sensação somática (um estado) e há um julgamento negativo e uma atividade cognitiva tentando neutralizar esse estado, o que produz um meta estado. É este meta estado que causa ou aumenta a sensação de desconforto. (...) 

Um problema só existe, ou agrava-se, graças a não vivenciarmos a situação e a sensação no aqui e agora. Podemos dizer que saímos do “corpo” (o somático) para a “cabeça” (o cognitivo). Enquanto quisermos resolver a situação somática com a “cabeça” aumentamos a possibilidade de agravar a situação – pois a parte cognitiva faz parte do problema.
Daí a necessidade de:
1. Aceitação da situação pela “cabeça”, a parte cognitiva no processo;
2. Voltar ao “corpo” e à vivência plena do corpo no aqui e agora, reencontrar a conexão plena com o que sentimos subjetivamente como sendo o nosso “centro somático” (também denominado “eu cinestésico”):
3. Ligado ao centro somático, vivenciar a situação original que designávamos por problema, o que causa naturalmente uma transformação total na vivência da situação original.
Esta é a perspectiva da PNL de José Figueira. Aproveito para acrescentar aqui a minha estratégia actual para lidar com a dor e os sintomas que possam surgir.

Essencialmente passa por analisar a experiência de dor e desconforto no aqui e agora. Eu tive um linfoma e é certo que há sintomas associados à doença que, se me revisitam, me fazem logo temer que a doença volte. Chamo-lhes sintomas ou dores-fantasma. Antes de entrar no circuito do medo que acaba em pânico, utilizo a estratégia de olhar apenas para o momento presente. Se o sintoma se resolve, deixo-o ir e não penso mais no assunto. Se a coisa se complicar e se mantiver, então aí carece de mais cuidado. Partilhei com a minha médica esta minha forma de estar - só dou importância a uma dor se ela se mantiver - e ela concordou comigo, uma vez que, nos primeiros anos depois dos tratamentos a que me sujeitei, é normal que o corpo se vá manifestando de uma forma um pouco anárquica.

Voltando à dor, eu posso ter um sintoma associável ao linfoma, mas o que faço é fazer essa ligação de que fala a PNL - cognitiva e somática - mesmo não tendo eu conhecimentos de Programação NeuroLinguística. Pergunto-me: aqui e agora como me sinto? o que me está a preocupar, angustiar, destabilizar ou doer neste momento da minha vida? Encontro esta resposta, associo-a à dor e esta deixa de ser necessária, aceitando que esta fase da minha vida é assim, tal e qual como é e está. Aqui e agora. Ou seja, não me serve a crença de que aquela comichão ou aquela dor é do linfoma. Serve-me que está comigo naquele momento e que tenho de a considerar no momento e no contexto em que surge. O que estava eu a fazer quando a dor começou? De que estava a falar? Não permito que o medo tome conta da situação. Vivencio a dor, dou-lhe o protagonismo suficiente para retirar a mensagem que contém e depois escolho a crença que lhe quero associar, a crença que me convier e que me deixar mais em paz e, logo, sem dor. A parte cognitiva faz parte do problema, como diz José Figueira. Mudemos as nossas crenças de forma a que nos deixem num estado saudável, mesmo que isso signifique desconstruir as crenças social e colectivamente instituídas.

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