quinta-feira, 17 de abril de 2014

Debate "Psicossomático"


Terça-feira, 15 de Abril de 2014

Hoje fui a um debate promovido pela Sociedade Portuguesa de Psicossomática sobre a relação entre a depressão e a doença física, mais frequente nas doenças crónicas, parte da apresentação realizada pela Psiquiatra Prof. Doutora Sílvia Ouakinin.

Existem já vários estudos que associam a quadros depressivos uma resposta inflamatória, assim como a uma resposta prolongada do sistema imunitário pode seguir-se uma depressão. Assim, perante uma agressão externa o sistema imunitário reage com uma inflamação; um quadro depressivo pode preceder ou seguir-se a um quadro inflamatório, sendo que a presença de depressão na doença física ou a presença de manifestação física na depressão não são obrigatórias e dependem da vulnerabilidade de cada um, de um conjunto de factores que predispõem ou não o indivíduo para que tal aconteça, histórias de vida, eventos, traços de personalidade, redes de apoio, etc. Segundo alguns autores, essa agressão que provoca uma activação do sistema imunitário pode ser de carácter psicossocial.

Alguns participantes levantaram a questão do reducionismo da depressão e da doença mental a mecanismos biológicos, se aceitarmos a depressão como uma resposta inflamatória a uma agressão, deixando de lado o aspecto existencial, vivencial e sentido da doença, ou seja, esquecendo o indivíduo como um todo, em que o seu sentir é muito particular.

Bom, não dei o meu parecer e testemunho, mas dou agora. Acredito que a atribuição de significado por parte da pessoa que experiencia a doença, seja ela física ou mental (o corpo é o mesmo) é o mais importante, mas o entendimento dos mecanismos biológicos inerentes ao processo mental - ou seja, identificar processos biológicos e cognitivos que acontecem em simultâneo - é fundamental até para podermos reverter o processo. Para mim, começar no físico ou no psicológico, o importante é agir e agarrar numa das pontas para quebrar a circularidade/o padrão. Mas depois é necessário um entendimento global num indivíduo particular.

Eu entendi a manifestação do meu cancro como resposta física a uma agressão psicológica (um evento que teve esse impacto em mim. o importante não são os eventos, mas a forma como os sentimos). Por isso, para mim, é importante entender como mecanismos cognitivos têm tradução somática e vive-versa, mas o mais importante no meu caso é que eu lhe atribuí esse significado e que toda a experiência subjectiva, tanto do evento "agressivo" como da própria doença, foram determinantes no desenrolar do processo: de ficar doente, de estar doente e de recuperar o estado saudável!


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