terça-feira, 24 de dezembro de 2013

Natal na companhia das letras


As letras isoladas não nos dizem nada. Para fazerem sentido, têm de se juntar a outras. Formam palavras, a família das letras. O mesmo se passa connosco. Individualmente somos muito e somos nada. Quem nos quiser ler, tem de atender ao que nos rodeia. Há letras que se juntam e não formam palavras, por mais que tentem. Há palavras que nos inspiram mais do que outras. Há letras que só se juntam em determinadas alturas do ano, como as que formam o NATAL e outras que coabitam alegremente com esta, que não gosta da solidão. Amor, Solidariedade, Paz, Alegria são as que me saltam agora do pensamento e que inundam neste momento o facebook, representação virtual de muitos corações reais. Faz-me pensar que somos todos feitos do mesmo, ainda que possamos ser letras diferentes, e que apenas juntos fazemos sentido. Faz-me pensar também que queremos todos o mesmo na vida e que, por mais que a crise seja matéria de discussão todo o ano, todos concordam que o mais importante é termo-nos uns aos outros e usufruir disso, nem que se reserve um dia ou uma noite na agenda só para celebrar isso. 

Por outro lado, utilizamos o ritual instituído para nos poupar a palavras, porque os gestos falam por si. Não digo que gosto de ti mas dou-te um presente. É simbólico. Mas estamos a caminhar e a regressar à necessidade de dizer gosto de ti porque não há dinheiro para prendas. Olhar nos olhos e dar um abraço que desconstrua o ritual que desconstruiu o amor como ele é. Que este Natal seja o nascimento e a renovação do melhor que há em cada um de nós, letras isoladas, para que as palavras mágicas dêem lugar a frases sentidas e a textos de coragem por entre os medos. 

Proposta de tradução porque eu sei que sou um bocadinho rebuscada:

Letra: eu, que podes ser tu
Palavra: nós, que podem ser vocês
Frases: família que pode ser qualquer uma
Textos: histórias de vida, do individual ao colectivo

Feliz Natal, em curação!


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