sexta-feira, 13 de dezembro de 2013

Festa Natal crianças IPO Lisboa

Quinta-feira, 12 de Dezembro de 2013


Ontem estive na festa de Natal das crianças do IPO. Aliás, só ontem conheci o auditório, que fica no Pavilhão Central. O auditório tinha poucas crianças, eram mais adultos, tanto na assistência como no palco, mas a festa era transmitida em directo para os televisores das crianças que estavam uns andares de cima, na enfermaria, no piso da Pediatria. Foram vários os artistas, só vi uma parte, mas destaco aqui os Doutores Palhaços, da Operação Nariz Vermelho, na foto acima. Gostei particularmente da doutora e do menino que estava atrás de mim a rir-se às gargalhadas.
Depois fui até à Pediatria - pela primeira vez - visitar a Nonô (do projecto "Os Aprendizes da Nonô"), onde também encontrei música nos corredores, corredores bastante mais simpáticos do que os dos adultos - de um turquesa relaxante - com cartazes a anunciar o WI-FI, outra coisa que me surpreendeu - por que as crianças têm wi-fi e os adultos não? Conclusão: cores, animação, brinquedos, prendas, música, internet, "tudo o que possa minimizar o impacto do internamento nas crianças" - palavras da mãe Vanessa - são aplicáveis apenas às crianças.

Do ponto de vista de quem esteve praticamente 5 meses a morar na enfermaria do piso de Hematologia do Pavilhão de Medicina - um dos pisos melhores desse edifício, pelo que dizem e pelas obras recentes - e de quem passou o Natal e o Ano Novo na cama 7 da Sala 2, não entendo por que investimos tanto tempo a colorir o mundo infantil, que já tem cores por si só, e deixamos o mundo dos adultos preto no branco ou no cinzento (mesmo que as paredes até sejam azuis). Eu tive uma festa montada na cama 7, com direito a árvore de Natal, presépio, anjinhos, prendas, postais, frigorífico com a minha comida, ceia de Natal com os meus pais, mas porque eu tenho uns amigos suficientemente malucos, que se estão nas tintas para protocolos e decoraram todo o parapeito e a "minha" janela (num quarto de 4 doentes), mas posso dizer que não vi nem ouvi falar em festas ou celebrações. E eu que até gosto dessas paródias! A partir da Consoada, os efeitos da quimio começaram a manifestar-se, veio a morfina e a vida não dava para grandes festas - e é verdade que muitos dos doentes não estão em condições nem com paciência para isso - mas acredito que haja um grande preconceito neste mundo relativamente aos adultos. Vamos para a/o primeira classe/ano e acabou-se a brincadeira, não vá a vida achar que não a levamos a sério... Ainda assim, e contrariando isto, era ver na festa das crianças, feita por adultos, profissionais do IPO, tanto no palco como na plateia, a rirem-se das figuras/personagens uns dos outros, porque aquele era o seu tempo de diversão. Afinal de contas, as crianças merecem. Ou não serão eles próprios a precisar disto?

Em relação ao WI-FI, na época em que vivemos, continuo a não entender por que não fornecem a password aos pacientes adultos. Claro que, quanto mais desconfortável for um hospital, menos tempo queremos lá estar, o que é positivo! Se eu tivesse tido a sala de espera que está lá agora, depois das obras, não tinha passado sempre 3 horas deitada no carro à espera de consulta, mas se calhar também não tinha a necessidade de fugir de lá tão "depressa". De qualquer forma, que a qualidade do tempo e do espaço que ocupamos nos hospitais seja tida em conta, porque sempre ouvi dizer da boca dos técnicos que o doente é a prioridade daquele espaço.

P.S. Eu sei que há o "Natal dos Hospitais" para os adultos, mas falo apenas da minha experiência.

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