terça-feira, 24 de março de 2015

Primavera em Poesia


Aguardava-te, Primavera. 
Em sol, luz, risos e calor em mim. 
Aguardava-te, Primavera. 

Tão bonita quanto incerta, 
Tão amante quanto desconcertante
És a janela do Inverno aberta
Quisera eu prolongar-te num instante.


No Sábado fui assistir a uma performance da responsabilidade da produtora À Carta, apresentada por quatro jovens artistas que deram movimento, música, interpretação e humor à Poesia.

A proposta deste projeto é a de dinamizar espaços com atuações multifacetadas que integram diversas áreas artísticas: teatro, dança, música, artes visuais, técnicas circenses e comédia. O grupo consegue fazê-lo de uma forma tão natural quanto original: de um menú performativo o público deve escolher a mini-performance a que quer assistir, sendo-lhe dada a possibilidade de ver todas as propostas, numa sequência aleatória para os artistas. Cada performance é criada de raíz no e para o espaço parceiro, constituindo este o cenário das peças que apresentam. Neste dia a apresentação aconteceu no BUS - Paragem Cultural, nos Anjos, em Lisboa. 

Era o dia Mundial da Poesia e, em cada performance, foram revisitados vários poetas portugueses, de épocas e características distintas, entre eles: João Negreiros, Matilde Campilho, António Aleixo, António Botto, Fernando Pessoa, Ricardo Reis, Álvaro de Campos, Alberto Caeiro e Mário de Sá-Carneiro. Com apenas alguns adereços de cena e figurinos, conseguiram que a simplicidade os aproximasse do público que, sendo envolvido na escolha do alinhamento, não conseguiu distrair-se dos versos entoados, representados e dançados durante a noite. 


Arte é construção e desconstrução num (des)romance permanente. Reside na capacidade de transformação pelo impulso criativo o compromisso de permitir que a vida te crie e recrie alegremente, mesmo nos dias em que não estás para brincadeiras, aqueles em que a realidade se impõe. A arte para mim fica a meio caminho entre o sonho e a realidade, é a ponte que me permite ir visitar uma margem e a outra, sem desistir de nenhuma delas. Dizia o Freud que o sonho é a manifestação de um desejo. E o produto criativo tem essa magia, a de tornar legítimos todos os desejos, justos todos os sonhos, abraçando todos os fantasmas. Não há arte sem fantasmas. 

E assim começou esta Primavera, de forma poética...

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