quinta-feira, 26 de março de 2015

Intu-Ir



As conversas e as perguntas que me vão fazendo ajudam-me na minha definição de quem sou hoje e também no desenvolvimento das minhas teorias.

Sempre tive um lado inteletual muito marcado, não por ter gostos elitistas, mas porque sempre gostei de pensar, fazer perguntas, procurar respostas, ler e aprender. A minha estratégia para lidar com a realidade é compreendê-la. Quando lhe dou um sentido, tudo se acalma em mim e não sou atropelada pelas emoções. A Psicologia tem muito disto, categorizar, encaixar, nomear e controlar. Isto é por causa disto que é por causa daquilo e bate tudo certo. Adoro escrever sobre os afetos porque sinto na minha vida e na história dos outros que são o que nos aproxima e afasta, mas não falo neles. Ainda me lembro da pergunta do terapeuta: "Então e o que sente por este homem?" ... Bloqueio.

Sempre tive um lado sentimental tão visível quanto escondido. Durante algum tempo fui incontinente, chorava horas seguidas porque ninguém me compreendia. Com terapia, fui conseguindo elevar paredes para esta inquietação, com portas, janelas e chaminés como saídas. A expressão não-verbal é a minha especialidade, porque acredito mesmo na criatividade como veículo privilegiado de cura (desde que não se fique só nesse registo) mas também porque foi no corpo e nas artes que fui encontrando a minha forma de estar de forma honesta. Ainda hoje as palavras me escondem tudo. 

Com o tempo fui descobrindo outro lado em mim, que nunca ninguém me ensinou que tinha: o intuitivo, o sensitivo. A intuição está mais perto do instinto, da sensação, do sensorial do que do sentimento, mas também do espiritual. É aqui que eu me sinto, é aqui que quero estar. Se fizesse um desenho, talvez representasse a intuição como a síntese do físico com o espiritual. As decisões integram todas as dimensões, física, emocional, mental e espiritual, mas o que me guia nas escolhas é a intuição, é o sentir, um sentir que sabe sem saber como sabe, que mora nos instintos e nos sentidos, os que apreendem a realidade sem a compreender. E tanto mora no coração, como no estômago ou na barriga, no sistema nervoso autónomo e tantas vezes na cabeça, quando nos surge um pensamento ou uma imagem, repentinamente. 

Nunca fui precipitada, sempre fui de pensar e ruminar muito antes de fazer. Claro que tenho de dar a volta toda pelos pensamentos e pelas emoções antes de fazer ou enquanto faço. Não perdi isso, mas escolhi guiar-me pelo coração, não pelas emoções mas pela intuição, porque senti e experiencio todos os dias que é assim que a vida se dá de forma mágica. Esse foi o meu caminho para começar a apaixonar-me pela vida e pelas pessoas. 

Energeticamente falando, posso dizer que o meu chackra cardíaco me faz chegar às pessoas certas e dou por mim a estabelecer relações empáticas à velocidade do não-tempo e do não-espaço, sem razão. A intuição pede entrega e, quando o medo é maior, entram os pensamentos e as emoções para centrifugar o turbilhão. Será que sim, será que não? É isto, não é isto? É o que é, mais nada. E era tudo muito mais simples se deixássemos que as coisas fossem apenas o que são para serem tudo o que podem ser. Eventualmente. 
  




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