sábado, 2 de agosto de 2014

Pelos cabelos #4


Nesta aventura de mudar de “identidade de cabelo”, tenho de aprender a relacionar-me com estes fios novos que têm um comportamento completamente diferente dos anteriores. Há momentos nostálgicos de saudades e outros de excitação por toda uma nova descoberta. Antigamente eu dizia que “o cabelo andava comigo”, às vezes mais “deprimido”, outras vezes mais “rebelde”. Não sei o que este novo cabelo diz de mim, mas tem uma força difícil de controlar. Não o quero esticar e retirar-lhe a personalidade – talvez o faça quando me apetecer mudar, no Inverno e quando tiver um bocadinho mais de comprimento – mas não quero parecer ter um capacete.

Mais uma vez o Miguel Garcia Cabeleireiro se juntou ao CurAção nesta pesquisa sobre os cabelos pós-quimioterapia, em particular os meus, porque cada um será como cada qual.

Para além da amizade – o ponto de partida desta colaborAção - como cliente, encontro um profissional com quem me identifico na forma de estar e de trabalhar.

Nas palavras do próprio:

Ouvir e visualizar ... são particularidades que eu procuro cada vez mais aprofundar no meu contacto com a cliente para que o meu diagnóstico seja, por um lado, de acordo com o que a cliente quer, mas também único.

Independentemente da técnica de aplicação de qualquer produto, pela experiência e sensibilidade adquiridas, consigo tirar partido de alguns produtos de uma forma muito personalizada.

Existe uma coisa que se chama "click foto" que nós cabeleireiros temos que ter e aprofundar: a cliente entra ou fala connosco e eu devo perceber "ouvindo" qual a mensagem que a cliente me traz: Mudança radical, Mudança de Moda, Actualização do já existente ou nada disto...

Como cliente do Miguel Garcia há cerca de sete anos, reconheço a capacidade de empatia e o respeito como características que acompanham o know-how e a experiência. Recuando até 2007, quando nos conhecemos como cabeleireiro-modelo, levei aquilo que eu considerei uma carecada (mal eu sabia o que era uma carecada!!!) mas, embora eu me tivesse predisposto e tivesse disponibilizado a minha imagem em prol do seu trabalho, o Miguel teve em conta a minha personalidade, os meus gostos e procurou que ficasse satisfeita com o resultado, como se de uma cliente se tratasse, muito embora o foco fosse no resultado para uma colectânea de cortes de cabelo. E por que estou a sublinhar isto? Porque me lembro de colegas minhas, modelos de outros cabeleireiros, de lágrima no olho porque ficaram com cortes de cabelo demasiado radicais, que em nada serviam quem eram e que nada tinham a ver com os seus contextos profissionais (uma delas não sabia como teria coragem de se apresentar no emprego com o cabelo todo assimétrico, curto de um lado, comprido do outro e com uma cor berrante o suficiente para não passar despercebida). Claro que quem vai a um casting para este tipo de trabalho, habilita-se a que isto aconteça, mas eu tive a sorte de encontrar o Miguel Garcia.



Vou abrir aqui um parêntesis para dizer por que esta forma de estar e trabalhar me faz todo o sentido. Posso atestar o que vou dizer relativamente ao meu trabalho, em áreas diferentes, com os meus clientes e alunos. Na minha perspetiva, em qualquer área:

- uma coisa é a técnica e outra é a técnica aplicada (a abordagem à técnica diferente em cada profissional e diferente com cada cliente);

- uma coisa é a funcionalidade de um produto/material e outra todas as potencialidades dos mesmos tendo em conta as suas características e o objetivo que se tem;

- uma coisa é um diagnóstico e outra a abordagem e a intervenção consoante a realidade objetiva (estilo de vida, acontecimentos de vida, objetivos, etc…) e subjetiva (sentimentos, gostos, desejos) do cliente (intervenção dirigida, personalizada e humanizada).

Para além disto, tem de haver espaço para a criatividade, pelo que o processo deve ser dinâmico, criativo e recriativo.

        
Voltando à aventura de hoje, fui apenas acompanhar a minha mãe mas o Miguel já tinha estado a magicar e propôs-me desafiar mais uma vez a minha ovelhinha pensadora (vulgo cabeleira). A ideia era levar o cabelo a não contrariar a gravidade, obedecendo ao sentido descendente e não ascendente, ou seja, que os caracóis deixassem de apontar para o teto e todos os sentidos. Aceitei logo desde que não implicasse tesoura!

O Miguel explica-me: Havia uma necessidade de controlar os movimentos de uma forma que mantivesses os caracóis (que eu sei que gostas) mas ao mesmo tempo evitar que a tua cabeça ganhasse um volume "tipo bola". A proposta foi utilizar um Liquido Redutor, de uma forma natural, obrigando o volume de raiz a baixar e, por conseguinte, alargar os caracóis, o que leva os movimentos a ficarem mais controlados. Também com a técnica usada - só as mãos - consegue-se obrigar o cabelo a começar a ter um movimento descendente, evitando assim o tal efeito "tipo bola".

Resumindo, controlamos os movimentos, alargamos os caracóis e baixamos o volume, obrigando o cabelo a ter um movimento descendente.


Deixo-vos com a reportagem fotográfica:





E vocês que acham do resultado?

Quanto à manutenção e ao styling diário - simples de executar - requerem a utilização de um shampôo reparador, um condicionador para cabelos secos, um spray "acondicionador sem enxaguamento" antes da aplicação da espuma (para evitar que esta seque ainda mais o cabelo) e a espuma para definir caracóis. E voilá! On the go!

Agradecimentos ao Miguel Garcia, à Fátima Fernandes e ao Miguel Garcia Cabeleireiro. E à mãe Manô! Por um FINAL FELIZ.


2 comentários:

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

    ResponderEliminar
  2. Num Mundo cada vez mais Virtual fico "MAIS FELIZ" com o teu/meu Mundo Real Rita. Nesse Mundo Virtual onde os Amigos/Conhecidos adulteram a Amizade, os psicopatas andam à solta e a vaidade sobrepõe-se à humildade é bom saber que existem "Ritas" com uma Serenidade inimaginável. É facil hoje falar bem de ti mas permite-me o autoelogio de dizer que foi essa Aurea de Serenidade e Humildade que eu visualizei em 2006 no tal casting. Desde aí foram anos de empatia como dizes e acredito que andarei de bengala e tu estarás ao meu lado a relembrar estas e outras histórias de FINAL FELIZ. a minha Mulher Fatima Fernandes diz que ÉS UMA GUERREIRA mas permite-me acrescentar ainda mais (se é que é possivel) que ÉS A MINHA GUERREIRA sempre pronta a ajudares "alguém" quando tudo pensaria que serias tu a precisar de ajuda. BEM HAJAS por teres deixado um simples cabeleireiro entrar no teu Maravilhoso Mundo. Orgulho de ser teu Amigo <3 <3 <3

    ResponderEliminar

INSTAGRAM