sexta-feira, 7 de novembro de 2014

Palestra "Cancro aos 30!"


E foi no dia 30 de Outubro, para fechar o Outubro Rosa e marcar o dia da prevenção do cancro da mama, que a Vera Ferreira, com o seu "Cancro é Vida", organizou uma palestra e convidou-me para falar com ela sobre e sob o tema "Cancro aos 30! E agora...?". Foi um momento muito especial, em que as nossas duas partilhas se completaram naturalmente, porque estávamos alinhadas em intenção e receios/responsabilidade. E assim está dado o pontapé de saída para as nossas histórias sairem do ecrã do computador, porque, de nós, já saíram há muito tempo!

Da minha parte, pergunto-me todos os dias que mensagem quero transmitir. Esta experiência fez-me perceber que tenho material para ir para vários lados e para explorar várias questões. Só em escrita já tenho 3 dossiers A4... Por isso tenho mesmo de me focar no que é importante em determinado momento.

Sobre o Cancro aos 30, posso dizer que:

- é um pau de dois bicos: se por um lado, vejo-me aos 30 com as "pernas cortadas", obrigada a deixar uma vida para trás e dar lugar a outra numa fase em que a expectativa seria a de ter as coisas organizadas ou encaminhadas a todos os níveis (profissional, pessoal/familiar, financeiro); por outro lado, vejo-me com cancro numa fase em que já tenho recursos profissionais e pessoais para pôr ao serviço da recuperação e essa para mim foi a maior vantagem: ter ferramentas e, teoricamente, uma vida pela frente! Claro que de uma forma diferente do que me era expectável há uns anos atrás, mas penso que esta é uma situação comum em muitas pessoas na casa dos 30 que se encontram numa situação que não esperavam há dez anos atrás. Prometeram-nos que aos 30 teríamos juventude, família, carreira e alguma estabilidade, mas afinal os 30 até podem ser mais emocionantes do que qualquer adolescência...

- é curioso que, ao encontro do que estou a dizer, surjam tantos projetos e blogs de pessoas que se encontram com o cancro aos 30's. Parece que a confiança e a maturidade que já se começa a ter aos 30, bem como a esperança nos tantos anos que ainda podemos vir a viver podem servir como estímulos de força, em vez de de vitimização. Eu pelo menos aos 20 não acreditaria tanto em mim!

- para quem consegue encontrar no cancro um sentido e um caminho para a vida, os 30 são uma boa altura para esse input acontecer. É verdade que a nossa geração está menos "orientada" do que a que estaria a dos nossos pais ou avós aos 30 e a "crise" faz-nos questionar, perguntar e, com sorte, encontrar! Acredito que nada acontece que não estejamos a precisar (não precisava de um cancro, mas do que ele me trouxe talvez, donde... talvez precisasse).

Obrigada ao "Cancro é Vida", à Vera, à Câmara Municipal de Almada e às pessoas que estiveram presentes! Até já!

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