quinta-feira, 30 de janeiro de 2014

ContemplAção


Hoje não se anda. Corre-se. Não se saboreia. Engole-se. Não se vê. Olha-se. Não se procura. Não é preciso. Defendo a vida pelos sentidos, mas hoje venho falar do excesso de estímulos. Somos sensorialmente bombardeados e a máquina que aguente! É a estimulação inconsciente, a estimulação desligada que me preocupa. Ocupa-nos tanto espaço que corremos o risco de perder o essencial em prol do acessório. A multi-estimulação é barulhenta e não nos permite de facto sentir nada em concreto de tão abstracta, mas é na abstracção que penso estar a resposta. Quando tento dessensibilizar-me, encontro-me com os meus pensamentos e sentimentos e encontro tão somente um espelho de tudo o que vivo quando me afasto deles: correria, inquietação, ritmo, barulho. Não digo que desgoste da vida agitada – gosto da vida a palpitar - mas digo que o nosso mundo interior reflecte o exterior e vice-versa. Ontem peguei num livro antes de dormir e pensei “Que silêncio!” Por que é que sinto um livro como silêncio e o computador como barulho? Que estímulos vos evocam a paz e que estímulos vos evocam o ruído?




Creio que o estímulo que conduz à paz é aquele que permite contemplação. E a contemplação requer tempo. E a contemplação requer espaço. E a contemplação requer amor. Tão pouco é necessário assim tanto tempo ou assim tanto espaço ou um amor devoto. 5 minutos para dar e receber.  Espaço interior. E amor-próprio. E a vida não nos escapa. Acontece. 


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