sábado, 18 de março de 2017

Alma gémea



É dificil saber o caminho certo, mas, se usarmos o corpo todo - não só a cabeça, não só o coração - fica tudo mais fácil. E mais confuso. Porque são muitas as sensações, são muitos os sinais. O corpo é mais verdadeiro. Cruzamos os braços, as pernas, encolhemo-nos, fechamos o peito, resistimos. Abraçamos, sentimos, colamos os corações, sonhamos e permitimos. E às vezes tudo isto. 

Cada vez me parece mais certo que a vida nos devolva o que somos, que nos mostre em que ponto estamos e que nos espelhe as coisas que criticamos nos outros e que, no fim das contas, também são nossas. As diferenças entre nós não são assim tantas. Às vezes estamos é entretidos a completar-nos, daí a diferença: enquanto um diz entra, o outro diz sai; enquanto um diz chega, o outro diz mais; enquanto um tenta, o outro desiste; enquanto um procura, o outro acha; quando um achou, o outro ainda não encontrou. É só porque andamos pela metade.

Afinal o que é isto de "ser do contra"? Não é só a procura da razão; é, sobretudo, a procura da outra metade, da outra forma de ser - para nos sentirmos completos. Por isso confundimos encontros com desencontros e amores com desamores, quando estamos à procura do oposto que atrai, porque é o oposto que completa. 

"Se eu sou maluco, tu também és!", dizia ele. Não estamos sempre em desacordo. Às vezes somos semelhantes. Quando já não há nada a perder. Quando só faltou viver. Quando a sintonia é maior com a distância. Quando cada pormenor tem importância. 





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