segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

Os bons e os maus da fita

Apontamentos reflexivos sobre o cancro e sobre o desenvolvimento de células cancerígenas...



"As células eram boas e transformaram-se em más." Em que circunstâncias os bons da fita se transformam em maus? Em que contexto os bons se juntam aos maus desistindo daquilo que sempre defenderam? Haverá algum processo de desistência, de desamparo aprendido, de vitimização, na base do comportamento das células que mudaram de team e começaram a multiplicar-se anormalmente? Será que perderam a sua força a determinada altura? Qual será a melhor opção: combater e aniquilar as células convertidas/traidoras ou empoderar as células boas?

Traçando um paralelo entre funções fisiológicas e psicológicas, a mim interessa-me o desempoderamento das células boas e o desempoderamento da pessoa em causa, na sua vida. Que capacidade tem esta pessoa de se manter fiel a si própria? Quantas vezes abdicamos do que é importante para nós em prol do que é importante para os outros?

Por outro lado, será que se dá uma perda de poder ou, pelo contrário, há uma verdadeira revolução que se dá pela força, mas uma força agressiva e não assertiva? Os bons estão cansados de ser bons e partem para a chamada "ignorância". De repente ganham o poder que não conseguiram obter de outra forma. Pela força. Não do bem, mas do mal. De que forma trazemos consciência a essa ignorância?

É talvez necessário regredir até a formas de pensamento mais arcaicas ou a formas de comportamento celular primitivas para entendermos estes mecanismos.

A mim como psicóloga, interessa-me empoderar o doente, aumentando os seus recursos bons, transformadores, construtivos e não tanto combativos, embora seja sempre conveniente manter o espírito de luta bem desperto, mas que no fundo é inerente ao estar vivo, por si só. Ou seja, não acredito que a solução seja combater o mal, embora entenda a opção de responder à violência das células doentes com violência. Nalgumas situações esta abordagem poderá ser suficiente e poderá ser a linguagem reconhecida. Mas continuo a preferir o reforço da parte saudável, o foco na saúde e não tanto na doença.

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