quinta-feira, 12 de setembro de 2013

Um ano em Cabo Verde, meio ano no hospital e agora toca a recuperar, também e sobretudo, laços. E não há quem me toque que não seja tocado mas sobretudo não há quem se cruze neste meu caminho que não me acrescente um ponto fundamental no processo, porque tudo pode ser curAção, desde que ponha alma e coração em tudo o que faço. E intenção. A intenção é tudo. E não há curAção sem o dedo de uma criança - ou várias - e, primeiro, as minhas!

Estas fotografias são da semana que passei com estes meus primos (e afilhado) de palmo e meio, o Gonçalo, 11 anos (este já com dois palmos!), e a Joana, 6 anos, na primeira semana de Agosto. E como disse Picasso: Todas as crianças são artistas. O problema é como permanecer um artista quando você crescer.” Por isso há que manter-me próxima dos mestrinhos maiores enquanto são menores para não me esquecer da criança em mim. Desenhámos, dançámos, escrevemos, fotografamos... E logo haverá mais! 



Joaninha em experiências laboratoriais no jardim

Árvore de Natal do Gonçalo, com motivos naturais

Joana e Rita em curAção

Rita em construção

Preparando dança para a família

Onde o Mira encontra o Mar...

Gonçalo e o seu anjo curador :)

Pinturas faciais
Nosso desenho final, em giz e elementos do jardim... Temos vida, natureza, amor, anjos, natal, água, terra, fogo, ar... cura em ação!


quarta-feira, 11 de setembro de 2013


E porque aqui a cronologia não tem relevância, vou recordar as Festas do Mar '13, o dia em que estive presente para vibrar com o Craig David e viajar dez anos no tempo (16.08.13)! Já ele dizia no concerto que esta música teve impacto na vida de muitas pessoas, mas o mais curioso é a forma como a ouvia em 2003 e a forma como a ouvi agora em 2013. As palavras são as mesmas mas cruzam-se com diferentes conteúdos da minha vida, com a semelhança de eu continuar a ser eu e da vida se manifestar em ciclos que dão a volta e tocam o mesmo, que nunca é o mesmo, como se vê! 

Em 2003 estava em Barcelona, como Erasmus, na Facultat de Psicologia da Universitat de Barcelona, e a dançar na Urban Dance School. O Craig David acompanhou-me tantas noites no caminho da escola de dança para casa. Parte da minha vida em Portugal em stand by, aguardando ou não o meu regresso. Dez anos depois, volto de uma estadia de um ano em Cabo Verde, volta essa precipitada por motivo de doença - ou saúde. Parte da minha vida lá, em stand by, aguardando ou não o meu regresso. Ou foi o stand by deixado cá em Portugal que me trouxe de volta?

Claro que a vida não pára e o stand by é tão só a imagem que escolhi para tudo o que deixamos pendente e não resolvemos, mesmo quando achamos que sim, sabendo que não. I'm walking away from troubles in my life... cantou o Craig à nossa frente, para me recordar de que sometimes in life you feel the fight is over, mas it's what they call, the rise and fall... O que será que estas palavras me dirão daqui a outros dez anos?


1. Primeira parte com Mia Rose

2. Um frrrrioo! Só a música para aquecer!

3. E temos mais dez anos em cima...!

4. Eu e a D. muito atentas...

5. No final...

6. Team friorentoooo

terça-feira, 10 de setembro de 2013

Dedicado à minha amiga D. que esta semana está "hospedada" no IPO, porque as noites às vezes são maiores do que os dias...



NOITE
(Julho 2013)

Na noite de ti, tudo vale. É o vale tudo da lua pela metade.

Metade escondida, metade perdida. Tenho medo, quando de dia sou coragem. Tenho coragem, quando de dia sou medo. É o terror do dia em suspenso.

Conta-me histórias em sonhos sem fim. Perseguem-me fantasmas, sombras de mim. Na noite calada, há gritos aflitos. A calada da noite é a tagarela dos mitos.

Conta-me a verdade do que sinto, mas despacha-te! Não te alongues em palavras mal-amadas.

Leva-me ao baile sem máscaras, mas despacha-te! E não me deixes sem par, a divagar.

Ah, não adormeças primeiro e sem canção de embalar!

Conselheira do dia, sabes tudo sem tudo saber, podes tudo sem tudo poder, queres tudo sem tudo querer, vences tudo sem contudo convencer!


Não sais do corpo, mas o corpo sai de si. Fico fora de mim. Vem buscar-me e devolve-me ao dia. Amanhã já é hoje. E hoje é outro dia. 

segunda-feira, 9 de setembro de 2013




Este post é inspirado no livro "A Rapariga das 9 Perucas", de Sophie van der Stap. Sophie tinha 20 anos quando encontrou nas perucas uma forma de explorar diversas facetas suas, partes do que era e, melhor, do que poderia ser. O cancro, o não se rever na Sophie-careca, levou-a descobrir-se desta forma e a sair do processo muito mais enriquecida e crescida. O desapego em relação à Rita como sempre a vi também pode ser muito divertido! Se é para ser assim, como eu disse várias vezes, que seja "em gira"! Em que outra altura da minha vida me atreveria a desapegar da imagem que tinha de mim?

domingo, 8 de setembro de 2013

Bom, hoje é só copy paste para não estragar a mensagem da mestrinha Bruna, do alto dos seus 13 anos!

Vejo tanta gente reclamando que ta ruim! Reclamam do cabelo, do corpo, da comida, do dinheiro, da vida, DE TUDO!
E mesmo se estiver bom, a pessoa reclama ou, se não, nem agradece a Deus. Enquanto tem gente que não tem o que comer, o que vestir, uma casa pra morar...

Acho que as pessoas deviam parar de reclamar tanto da vida e aprender a viver, deixar as coisas bobas de lado, de preocupar com coisas tolas
.
Tipo os adolescentes de hoje, além de não pararem de reclamar, não se dão valor, preocupam com coisas idiotas, eu sou uma adolescente mas aprendi a enxergar a vida com outros olhos, eu aprendi a viver, a dar valor à vida. Hoje eu sei viver!
As vezes me acho muito mais madura que muita ''gente velha'' por aí... Por que tem gente que lê, vê de perto as coisas que eu passo e não acorda para a vida.A vida teve que me sacudir para eu acordar, e tem gente que eu acho que seria só assim mesmo! (Não desejo câncer para ninguém!)
Hoje falta humildade, reflexão, reclamamos tanto, tem gente que reclama tanto mas não para nem pra ajudar alguém!

Mas as vezes até eu mesmo reclamo, e eu peço a Deus que pare, porque comigo esta tudo dando certo, ja, tem pessoas que estão (ou estavam) na mesma luta que eu e não estão dando (ou deram) conta de tudo, e também eu tenho uma casa, comida, roupa... tudo o que eu preciso, eu tenho!

PARE DE RECLAMAR! Enquanto você esta aí reclamando da vida, eu estou aqui, agradecendo a Deus por estar viva!


Bruna G.

sábado, 7 de setembro de 2013


Há histórias e histórias com o mesmo nome. Todas diferentes. Todas. Diferentes.

Ressalva feita, venho falar do período pré-curação, no período de hibernamento de 6 meses em que a ação se limitava ao zapping... Pouca energia para falar ao telemóvel, ver um filme, ler um livro, escrever, ouvir música... Depois de um ano em Cabo Verde sem televisão, metade de 2013 só teve televisão. Todos os programas da "treta" são programas que se propõem "entreter" e há de facto situações em que o entretenimento tem um papel fundamental, principalmente na fase receptiva do processo (em oposição à fase activa em que me encontro agora). Todas as ações que vou publicando estão relacionadas com a fase activa, mas esta é possível porque lhe precedeu uma fase passiva/receptiva. Sim, por mais que todos gritem para sermos fortes e que a força esteja muitas vezes associada a determinados comportamentos mais pró-activos, devemos permitir-nos à receptividade e à passividade. Enquanto isso, o corpo está em trabalhos e agradece. E o trabalho das tropas da cura é mais que muito. 

O programa de entretenimento que me fez rir às gargalhadas sozinha em plena enfermaria, com os meus colegas de quarto já a dormir, foi o "Vale Tudo" da SIC e estes dois meninos da foto abaixo foram os principais responsáveis. E rir continua a ser um grande remédio. Acontece que não me rio com qualquer programa ou filme escolhido para rir. 

Graças ao H. e à A., no fim-de-semana que seguiu o meu último internamento, o primeiro em casa, mesmo na ressaca da quimio, fui aos estúdios da Valentim de Carvalho assistir ao último programa, devidamente disfarçada. E dizia a A.: "Vê lá se fazes ar de doente, senão ninguém acredita!" Só eu sei. E só eu sei, nesse dia, porque não fiquei em casa! 



12 de Maio de 2013

sexta-feira, 6 de setembro de 2013

A vida é muito rápida. Vários dias ganhariam a medalha de ouro dos 100m e às vezes temos mesmo verdadeiras olimpíadas pela frente! Mas a vida às vezes também está mais para caracol porque já leva muito peso às costas. Arrasta-se e parece que nunca mais lá chega. Não sei se foi a vida que fugiu se fui eu que não acompanhei o passo. Não sei se fui eu que fugi e deixei a vida para trás. Pois é, o tempo é sempre o mesmo, mas a nossa percepção muda de tempos a tempos. É conforme. Na dor, tudo dura. Mas ainda assim, tudo passa. Quando dás por ti, já nem parece que foi ontem. "Estou pronta para outra!" Não, não estou. Ai isso é que não estou!

A realidade de um hospital não é real, é surreal, é para lá do real. De repente, mudámos de planeta, de plano, de vida. O sofrimento não é a vida real mas há meio mundo que age como se fosse. Não é. É para lá do real, é um teatro da verdade que faz de conta nas horas vagas, porque se cansa de esconde-esconde. E a vida esconde-se enquanto isso. Um dia acordamos, encontramo-la escondida, corremos para o coito e "1, 2, 3..."

Na sala de espera, fui paciente, impaciente e hoje pró-paciente, porque hoje fui apenas acompanhar a minha amiga às urgências e cumprimentar o pessoal que trabalha naquele lugar, cheio de actores e figurantes da dor e do amor, que ali andam de mãos dadas. Pois, ali só vale a pena entrar se se tiver uma mão para dar e outra para receber. Se não for o caso, é barrado à entrada, com direito a cancelas e tudo! E então lá fui de mão dada com a D., com a distância de quem já não faz parte daquele filme e com a proximidade de quem já fez.

Paciência é a ciência do doente. "Ai dói? Paciência!" E assim é enquanto se espera... Não sei se ganhei ou perdi em paciência, mas ganhei em ciência. E posso dizer que estou ciente disso e muito mais.

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