quarta-feira, 8 de fevereiro de 2017

Queres mesmo saber?


Nem sempre queremos saber. Na realidade, muito poucas vezes queremos saber como estão os outros, como se sentem, como têm passado. Não temos espaço para tudo e para todos. Mas perguntamos. Perguntamos porque faz parte, porque há um lado nosso que se interessa: interessa-se na condição de não nos retirarem energia ou de não nos virem com mais problemas. Os problemas pesam - é uma característica inerente a um problema, o peso. Se percebermos que tantas vezes olhamos para as coisas dos outros sem paciência e com muito pouca disponibilidade, é quase como se esse peso fosse transferível de uma pessoa para a outra e fugíssemos disso. Não queremos mais carga na mochila. 

Por que isto acontece? Porque não há comunicação. Quando há verdadeira comunicação, a mensagem passa, algo muda e o peso desaparece. Mas, para isso, é preciso sentir e é aí que o verdadeiro problema começa. Quando há comunicação, o emissor fala com o coração e o recetor ouve com o coração. Se ouvir, já é uma grande sorte, porque a maior parte das vezes só queremos responder, julgar sem escutar. Porque ouvir nos leva precisamente a sentir. E p*#+ que o p*$%* se eu agora tenho de sentir! Tenho mais que fazer! 

Ela está sozinha. Não quer saber mais de ti nem de quem só quer perguntar sem ouvir. De quem só quer saber se a notícia for boa. De quem só quer ouvir se não for difícil. De quem nunca correu por gosto e se cansou. No dia em que quiseres mesmo saber, pergunta mas não fales. No dia em que quiseres mesmo saber, ouve - ouve sobretudo o silêncio! No dia em que quiseres saber, sente - sente o que estiveres a sentir e repete com ela, com muito sentimento: F*#"-**!!! (mesmo que não tenhas entendido nada!) No dia em que quiseres saber, volta. 


Fotografia Instant Bulb. Coreografia Débora Ávila. Produção Arte Move.

P.S. Cabem muitas pessoas nestas palavras mas... só consigo lembrar-me de mulheres.

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