sábado, 4 de julho de 2015

Ri-te e chora-te mas ri-te!


(Este artigo não é científico, trata.se de uma reflexão pessoal.)


In tristitia hilaris, in hilaritate tristis. 
(Alegre na tristeza, triste na alegria.)
(Giordano Bruno)


Tantas vezes dizemos e ouvimos a expressão "Estou-me a rir para não chorar." Chorar é tão fantástico como rir; tanto rir como chorar terão o mesmo valor expressivo se falarmos de verdade: naquele momento é o que a alma precisa de manifestar. Mas há várias razões para escolhermos o rir ao chorar, das quais destaco duas:

1. Rir é, em teoria, mais prazeiroso do que chorar, liberta serotonina e promove a produção de endorfinas, pelo que nos deixa mais alegres e relaxados. Digo teoria porque não posso dizer que ninguém tire prazer do choro: também ficamos mais alegres e relaxados depois de libertarmos as lágrimas acumuladas. A mim acontece-me. É um copo cheio que se esvazia e volta a ficar receptivo a novos desafios. 

2. Rir é mais aceite socialmente do que chorar, não só para os homens, como também para as mulheres. Os homens são maricas se choram, nem vou explorar este assunto; por mais que a sensibilidade esteja na moda, os preconceitos continuam implícitos. Quanto às mulheres, as próprias também se recriminam e justificam permanentemente pelas oscilações hormonais, as oscilações de humor durante o ciclo menstrual e a sua natureza feminina que lhes dá "dores de cabeça" - a elas e aos companheiros - pelo que o facto de se assumir que as mulheres têm esta riqueza emocional manifesta não significa que se aceite como uma coisa positiva e natural. Pode, no limite, levar a que muitas mulheres mantenham esta riqueza latente, como acontece com muitos homens, mas eu tenho esperança de que a emancipação da mulher não a corrompa na sua natureza. Rir e chorar é do domínio do ser humano e o resto é conversa.  

A ideia não é termos de escolher, mas sim expressarmos o que for justo para nós em determinado momento. De qualquer forma, há vantagens em escolher o rir, para além dos benefícios fisiológicos e da aceitação social:

1. É contagiante - há outras energias que se contagiam mas rir propaga-se rapidamente e de uma forma consciente, porque reconhecemos que nos dá prazer;
2. É gratificante - põe-nos em contacto com a alegria de viver; é mais fácil sentir gratidão depois de rir do que depois de chorar;
3. Abre o espírito - põe tudo em perspetiva, relativiza a experiência e a dor perde o protagonismo, em prol das relações humanas e dos afetos, no caso de nos rirmos acompanhados. 

Freud já falava do humor como forma de lidar com a dor e até como forma de tirar prazer de uma situação dolorosa. De repente, devolver a graça à des-graça é como devolver a vida à morte, é como devolver o amor à dor, é como anunciar tréguas em clima de guerra, não porque aniquilámos o inimigo - o mais provável é termos reconhecido a força do inimigo ou até mesmo entregado os pontos - mas porque, de repente, o ego se dilui na gargalhada, que por sua vez nos devolve a leveza de espírito e, em última análise, a essência da alma. 

Procura pessoas que sejam capazes de se rir de si próprias, de se rirem contigo - não de ti - e que façam o pino se for preciso - mal feito, claro! - para te pôr um sorriso da cara. Há tristeza nas pessoas que mais riem, assim como é possível que a alegria coabite com os momentos mais tristes. E eu agora podia terminar dizendo que rir é o melhor remédio, mas o melhor remédio é aquilo que tiver de ser para seres feliz. 




Foi surpreendida, chorou desalmadamente, mas o coração recompôs-se e depois foi rir a bandeiras despregadas.
E nós deixamos... #maecuracao #59anos #celebracao


P.S. Props para a Marine Antunes e o Jorge Moura que me mostram a importância do humor no mundo. Grandes malucos! ;)

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