quarta-feira, 9 de setembro de 2015
terça-feira, 8 de setembro de 2015
(este artigo não é científico, é apenas uma reflexão pessoal)
Acredito que o medo seja o grande mal da humanidade, o medo de perder o controlo, a ilusão do controlo. Os grandes desafios da vida vêm mostrar-nos que não controlamos tudo, para não dizer nada, mas a percepção de controlo é imprescindível para a saúde mental. Isto parece-me válido a vários níveis, do micro ao macro, incluindo o intrapessoal, o interpessoal e o internações. A par do medo, a projeção: vemos nos outros a sua parte que se identifica connosco, não gostamos nos outros do que não gostamos em nós e temos medo que os outros nos devolvam o pior que há em nós, que em última análise é o pior que há no ser humano.
Antes que me saltem para cima por poder estar a acusar alguém de ser igual ao seu maior inimigo, a verdade é que todos temos em nós emoções mais díficeis, sentimentos ditos negativos e impulsos destrutivos. (Podemos não entender um fundamentalista e concordamos que sentir é diferente de passar à ação, mas toda a gente sabe o que é sentir ódio ou defender alguma opinião com unhas e dentes.) Até certa medida, estes sentimentos em nós são adaptativos, constituem reações que preveem a sobrevivência, a seleção natural, mas antes demais a proteção.
Por último, a teoria do Darwin da seleção natural leva-nos à competição. Se ganha o mais forte, é bom que dominemos o outro, que exerçamos o nosso poder e controlemos o que se passa e o que não se passa mas pode vir a passar-se.
Neste pacote, em letras mais pequenas, podemos incluir a inveja, a raiva, a paranóia, a incompetência para o perdão, a incompetência para o amor, a agressividade latente em comportamentos pouco empáticos, a irritabilidade, a não aceitação da diferença (que pode não ser assim tão diferente), a impaciência, o isolamento, os muros e as fronteiras psicológicas (numa escala maior, os muros e as fronteiras que tantas vezes se materializam em conflitos armados, entre paredes ou entre países).
Podemos procurar a raíz de crenças e comportamentos que resultam nestes padrões e dizer que têm origem na sociedade patriarcal, mas talvez seja tempo de questionar e de pôr em causa esta verdade. Talvez a verdade não seja esta, talvez a receita para a sobrevivência não seja ser o mais forte e o melhor do grupo. Talvez a sobrevivência nos tempos em que vivemos hoje resida no oposto disto tudo, sem negar tudo isto em nós.
O medo e a competição estão a levar-nos à destruição, desde a destruição da auto-estima de crianças na escola que têm de ter as melhores notas e o melhor comportamento, à destruição de casamentos onde a liberdade do outro não é respeitada, à destruição de povos inteiros que são subjugados e posteriormente julgados e inferiorizados por quem teme a diferença e a mudança.
Acredito que quem me leia fique indignado com a minha indiferenciação porque meto-nos a todos dentro do mesmo saco e estou a comparar vivências pessoais a questões políticas. E o que tem uma coisa a ver com a outra? Haverá um Hitler em cada um de nós?
Hoje só quero dizer que por vezes me vejo sozinha com estas emoções mais complexas de digerir, que olho para o pior que há em mim, para o meu lado lunar, para o meu lado menos amoroso. Não gosto, tenho dificuldade em aceitá-lo e dificuldade muito maior em expressá-lo.
Não é justo promover o amor sem olhar para o medo e o ódio. Não é justo vender a nossa capacidade de colaboração sem olhar para a nossa necessidade de continuar a competir - porque os perigos espreitam (assumam estes a forma de doenças, acontecimentos, pesadelos ou pessoas). Não é justo olhar para a lua cheia (de luz) e não abraçar a lua vazia (de amor). Por alguma razão, temos de olhar todos os dias, através das notícias e das redes sociais, para o pior de ser-se humano. Por alguma razão não posso negar a dor que existe no meu mundo e no nosso mundo. Por alguma razão, não posso dizer que na "nova era" só existe amor. Mas, por alguma razão maior, a lua escura é a NOVA, um recomeço, uma oportunidade para voltar a crescer e escolher o que queremos alimentar no novo mundo. Sou mais feliz quando abro fronteiras, quando sou capaz de abraçar e de amar, quando confio e entrego o que tenho e o que não tenho, quando substituo a competição pela capacidade de dar as mãos, unir forças e colaborar, porque a diferença tem de ser exactamente aquilo que nos falta. Nem sempre consigo, nem sempre vou conseguir, mas nos dias em que o medo impera, sei que o sol vai voltar a brilhar. E, pasme-se, o sol - quando nasce - é para todos! E esta é a melhor das democracias. Dixit.
Acredito que o medo seja o grande mal da humanidade, o medo de perder o controlo, a ilusão do controlo. Os grandes desafios da vida vêm mostrar-nos que não controlamos tudo, para não dizer nada, mas a percepção de controlo é imprescindível para a saúde mental. Isto parece-me válido a vários níveis, do micro ao macro, incluindo o intrapessoal, o interpessoal e o internações. A par do medo, a projeção: vemos nos outros a sua parte que se identifica connosco, não gostamos nos outros do que não gostamos em nós e temos medo que os outros nos devolvam o pior que há em nós, que em última análise é o pior que há no ser humano.
Antes que me saltem para cima por poder estar a acusar alguém de ser igual ao seu maior inimigo, a verdade é que todos temos em nós emoções mais díficeis, sentimentos ditos negativos e impulsos destrutivos. (Podemos não entender um fundamentalista e concordamos que sentir é diferente de passar à ação, mas toda a gente sabe o que é sentir ódio ou defender alguma opinião com unhas e dentes.) Até certa medida, estes sentimentos em nós são adaptativos, constituem reações que preveem a sobrevivência, a seleção natural, mas antes demais a proteção.
Por último, a teoria do Darwin da seleção natural leva-nos à competição. Se ganha o mais forte, é bom que dominemos o outro, que exerçamos o nosso poder e controlemos o que se passa e o que não se passa mas pode vir a passar-se.
Neste pacote, em letras mais pequenas, podemos incluir a inveja, a raiva, a paranóia, a incompetência para o perdão, a incompetência para o amor, a agressividade latente em comportamentos pouco empáticos, a irritabilidade, a não aceitação da diferença (que pode não ser assim tão diferente), a impaciência, o isolamento, os muros e as fronteiras psicológicas (numa escala maior, os muros e as fronteiras que tantas vezes se materializam em conflitos armados, entre paredes ou entre países).
Podemos procurar a raíz de crenças e comportamentos que resultam nestes padrões e dizer que têm origem na sociedade patriarcal, mas talvez seja tempo de questionar e de pôr em causa esta verdade. Talvez a verdade não seja esta, talvez a receita para a sobrevivência não seja ser o mais forte e o melhor do grupo. Talvez a sobrevivência nos tempos em que vivemos hoje resida no oposto disto tudo, sem negar tudo isto em nós.
O medo e a competição estão a levar-nos à destruição, desde a destruição da auto-estima de crianças na escola que têm de ter as melhores notas e o melhor comportamento, à destruição de casamentos onde a liberdade do outro não é respeitada, à destruição de povos inteiros que são subjugados e posteriormente julgados e inferiorizados por quem teme a diferença e a mudança.
Acredito que quem me leia fique indignado com a minha indiferenciação porque meto-nos a todos dentro do mesmo saco e estou a comparar vivências pessoais a questões políticas. E o que tem uma coisa a ver com a outra? Haverá um Hitler em cada um de nós?
Hoje só quero dizer que por vezes me vejo sozinha com estas emoções mais complexas de digerir, que olho para o pior que há em mim, para o meu lado lunar, para o meu lado menos amoroso. Não gosto, tenho dificuldade em aceitá-lo e dificuldade muito maior em expressá-lo.
Não é justo promover o amor sem olhar para o medo e o ódio. Não é justo vender a nossa capacidade de colaboração sem olhar para a nossa necessidade de continuar a competir - porque os perigos espreitam (assumam estes a forma de doenças, acontecimentos, pesadelos ou pessoas). Não é justo olhar para a lua cheia (de luz) e não abraçar a lua vazia (de amor). Por alguma razão, temos de olhar todos os dias, através das notícias e das redes sociais, para o pior de ser-se humano. Por alguma razão não posso negar a dor que existe no meu mundo e no nosso mundo. Por alguma razão, não posso dizer que na "nova era" só existe amor. Mas, por alguma razão maior, a lua escura é a NOVA, um recomeço, uma oportunidade para voltar a crescer e escolher o que queremos alimentar no novo mundo. Sou mais feliz quando abro fronteiras, quando sou capaz de abraçar e de amar, quando confio e entrego o que tenho e o que não tenho, quando substituo a competição pela capacidade de dar as mãos, unir forças e colaborar, porque a diferença tem de ser exactamente aquilo que nos falta. Nem sempre consigo, nem sempre vou conseguir, mas nos dias em que o medo impera, sei que o sol vai voltar a brilhar. E, pasme-se, o sol - quando nasce - é para todos! E esta é a melhor das democracias. Dixit.
quinta-feira, 3 de setembro de 2015
Esta semana morreu o Wayne Dyer. 75 anos, dezenas de livros publicados. Nunca li um livro dele, confesso, mas era um dos meus nomes de referência do tempo em que estive tanto tempo desocupada e preocupada - uma combinação perigosa - que passava noites na internet à procura de luzinhas no caminho que validassem a esperança. Foi diagnosticado com leucemia em 2011, tratou-se com uma cirurgia espiritual feita à distância pelo brasileiro João de Deus e morreu, segundo a família, de ataque cardíaco, durante a noite, mostrando a autópsia que não tinha vestígios de leucemia no seu corpo. Para a pessoa que foi e pela forma como encarava a vida - e consequentemente a morte - esta informação não é muito relevante porque ele teria sempre de morrer em paz. De qualquer forma, o que me inspira nesta história não é a forma como escolheu tratar-se mas o facto de ele acreditar no caminho que escolheu: ele sabia que estava curado.
Hoje assisti ao seu filme "The Shift" e senti que ele podia estar ali ao meu lado. Eu tenho este paradoxo em relação à morte: sinto que as pessoas ficam mais perto e que posso falar com elas a toda a hora (impossível não ter a Nonô no pensamento desde ontem à noite, hoje que faz um mês que escolheu voar).
Nós não atraímos o que queremos, atraímos o que somos. Nós não somos o que temos nem o que fazemos. O mais importante não é o que fazemos mas encontrar um sentido naquilo que fazemos..
Normalmente retenho os ensinamentos que já experienciei e que estão só à espera de validação, uma validação que procuro para não me sentir sozinha no processo de crescimento. Assim como o Dr. Wayne Dyer descreve a mudança - o momento quântico - como o momento inesperado que nos traz um sentido para a vida, eu também senti que todo o processo da doença me fez descobrir que o meu propósito é o da curação: contribuir para a cura individual, comunitária ou global. Se isto é novo na minha vida? Não. Continuo a fazer o mesmo que fazia antes e algumas coisas diferentes, mas o propósito é o mesmo, por isso não interessa o que escolho fazer mas que sirva um propósito através do que faço. Deixei de julgar o meu curriculum e de o considerar uma manta de retalhos para sentir que manifesto o meu potencial e a minha intenção em tudo o que faço, mesmo que sejam atividades diferentes. Deixei de julgar tanto. Ainda estou no processo.
Acabei de ver o filme e percebi. O Wayne Dyer já podia morrer: a sua "música" já toca em todos os corações dos que o ouvem.
terça-feira, 1 de setembro de 2015
Acredito que não seja muito clara a dimensão da intenção e da missão que se cumpre nestes dois anos de vida. As ações formais têm sido em menor número do que as informais e é nestas que quero prender a minha atenção - e a vossa - hoje.
Qualquer ação ou gesto que contribua para o meu bem-estar ou o de alguém que me é querido ou que se cruza no meu caminho é cura em construção. E em rede. Este caminho que assumi como projeto é feito mais de cenas privadas do que públicas, não por pudor de me mostrar solidária porque já disse muitas vezes que não se trata de solidariedade mas de me cumprir - eu é que preciso disto! - mas porque a cura individual também é colectiva e vice-versa, pelo que não me sinto no direito de expor a cura dos outros mesmo quando faz parte da minha, a menos que me digam para o fazer.
Este caminho é feito de amor, claro, mas deixem-me que vos diga: este caminho é feito de muito medo, uma permanente pergunta na consciência que acredito morar nas minhas células: Confias mesmo? A resposta é sempre a fé e o amor, mas até lá chegar ando muitas vezes "por aí"... E faço muitas vezes primeiro o que parece certo para só depois fazer o que sinto como certo.
Este blog, nestes dois anos, ajudou-me a ser consistente em algumas coisas que quero manter como rituais de cura, das quais destaco duas:
Celebrar - a vida é para ser celebrada!
Agradecer - celebrar é ser-se grato pelo espacinho e o tempo que nos concederam na Terra
Mesmo quando não vos conto o que ando a fazer, as quedas que dou, as conquistas que faço ou dos pensamentos que me assaltam o espírito, pela positiva e pela negativa, acredito que mostrar-vos, em imagens, como estou, por si só, é partilhar a esperança. Tudo é passível de ser transformado. E, sim, podemos fazer magia se acreditarmos! A cura é como Deus: pode estar em todo o lado mas só a encontras dentro de ti. Depois entras em trabalho de parto... Vai doer mas... vai valer a pena!
terça-feira, 25 de agosto de 2015
sexta-feira, 21 de agosto de 2015
Fui de férias. Para trás ficaram muitos afazeres e "tenho de...". A primeira semana é o mesmo stress da semana anterior, porque o corpo ainda não reconhece as férias e a mente continua programada para cumprir tarefas e horários. Se a vida é uma correria, as férias também começam por ser. Culpabilidade para trás das costas e lá assumo as férias como aquilo que, para mim, têm de ser: a diferença, inputs novos para o cérebro, prazer e renovação (e não resolução de questões pendentes, balanço e projecções para o futuro) . Não que eu não ache que isto não deva existir todos os dias na minha vida mas, nas férias, não me lixem, que eu vou devagar e com um sorriso na cara!
Entretanto, nestas férias já conto com duas infecções e, com isso, percebo que sofro de "leisure sickness":
"Your immune system is stimulated by the pressure, so when you have deadlines your body knows you can’t get ill. When you take a break your immune system just thinks - no more pressure. I can get sick now."
Para mim não é novidade porque sempre tive o padrão de só adoecer quando não comprometia os meus compromissos com os outros (a redundância é propositada). Qual a novidade aqui? É que percebi logo que foi o preço a pagar por ter optado por esticar a corda e não ter feito algumas pausas durante o ano, quando senti que o corpo as pedia. Pois é, o meu sistema imunitário também foi de férias porque já tinha trabalhado muito para mim. Legítimo. Estamos quites!
Entretanto as férias-fora-de-casa foram fantásticas, sem computador, ainda que com smartphone mas... quando volto aqui ao blog, olho para este cantinho e sinto-o como uma casa abandonada. Percebi que é diferente parar e abandonar. Parar permite viver e sentir outras coisas para voltar com mais força. Abandonar é negligenciar a missão em prol de todos os outros focos de atenção e ação que povoam a nossa vida. E negligenciar é descurar. E descurar é abandonar a cura. E abandonar a cura é adoecer.
Mas, calma, que adoecer também é curar! Continuo de férias, mas já religada, a aquecer os motores. Sempre em viagem. Aprendi que não posso esticar muito a corda porque a primeira coisa a ficar para trás... sou eu! E acreditem que o corpo adoece quando não estão alinhados com o vosso propósito!
sábado, 25 de julho de 2015
Estava aqui a questionar-me sobre se as dúvidas são do domínio do amor ou do medo. A primeira resposta e a mais óbvia é: "do medo", que é o que nos faz andar na terra de ninguém-disfarçado-de alguém e na terra do nunca-disfarçado-de-talvez. As dúvidas só existem enquanto o medo consegue disfarçar as certezas que estão no fundo do baú. Não saber não existe. Existe o não querer saber, o não querer ver, o confundir o medo com a verdade e o confundir a verdade dos outros com a nossa.
O amor é certo, é justo, é equilibrado e não nos aperta o peito e não nos ata a garganta. O medo faz-nos sentir do tamanho de uma formiga quando o mundo é um elefante. O amor faz a formiga elevar-se na tromba do elefante. Mas o amor às vezes, como diz a publicidade do Jumbo, é exactamente como encontrar um trevo na tromba de um elefante. De quatro folhas, não fazem por menos.
A segunda resposta é: "do amor". Porque nos mostram o caminho. E é do domínio do amor também confiar que está tudo no sitio em que tem de estar, até as questões que nos assaltam o peito e nos obrigam a crescer.