sexta-feira, 18 de novembro de 2016

Vai sacudir, vai abalar...


(escrito e publicado no facebook no dia 17/11)

Hoje é o dia Mundial da Criatividade. O computador resolveu fazer updates. Fez-me lembrar, mesmo que pareça não ter qualquer relação, quando ia dar aulas de dança em Cabo Verde e não havia luz. Acendíamos umas velas e lá íamos nós, sem música. É preciso adaptar. Adaptar, recriar, reinventar. É no menos que esse potencial reside. Hoje partilhei o #mannequinchallenge realizado com 60 utentes com multideficiência, num evento organizado pela Boa Vontade - Residência Adaptada e que mobilizou mais 5 instituições para além desta. Um challenge adaptado? Não. Só um take, sem pretensões nem presunções, uns manequins com mais "vida" do que era suposto, mas, sobretudo, um faz-de-conta de se ser o que se é.
O computador faz updates, na tv não há nada que me interesse e não me apeteceu pegar no papel e na caneta para escrever sobre criatividade. Ser criativo é ser tudo o que se é, em determinado momento. Ou um pouco desse tudo por desvendar. Ser inventivo é procurar ser outras coisas também, ir além. Ser especial é ser o que se é de uma forma que toca, que chega ao coração do outro sem desvios.
Gosto de escrever. Gosto de dançar. Gosto de sentir com o outro. Gosto de acompanhar descobertas. Não faço a mais pequena ideia, por vezes, da minha "especialidade". Mas depois há encontros que me lembram da simplicidade. 91%. Os updates estão em processo. Escrevo no smartphone. Será que um polegar escreve tanto ou pior do que os vários dedos que seguram numa caneta? Não interessa nada. Não é da quantidade de músculos envolvidos que vêm as ideias. Hoje, na tv, ouvia um senhor septuagenário a dizer que o corpo já não lhe permitia fazer muita coisa mas que as ideias, essas, continuavam.
Hoje é o dia da criatividade e, hoje em dia, liga-se a ideia de criatividade a inovação e a tecnologia. Para mim, ser criativo é também destruir barreiras, incluir diferenças, aceitar as falhas e continuar; deixar o caminho aberto. Mas também desconstruir, simplificar, fazer do pouco tudo. É preciso amor. E permissão. 91%. Ok. E paciência. 95%. "This will take a while." Há fases que demoram e são sobretudo as fases mais exigentes em termos de criatividade. Queremos que passem, que tudo se resolva e componha, com os acordes certos, as notas afinadas e a voz colocada. Já dizia a Ivete "Vai sacudir, vai abalaaa(r)..." Para uns mais do que para outros. Mas sacudimos a poeira do tapete e vamos em frente. Tal como somos.
100%. E já não é preciso. Já me escrevi. Hoje, a F. - que não está no vídeo mas que me ouviu a dizer que há modas que se tornam virais, como esta do #mannequinchallenge, sem se saber bem por quê ou para quê - dizia-me que já tinha ouvido dizer que, nos computadores, havia muitos vírus! A F. não percebe muito disto de computadores. "Mas este vírus é dos bons!", dissemos eu e a T. em uníssono. Bom? Uma moda que todos replicam?
A terra vai sempre tremer. Estamos todos em barcos diferentes, umas traineiras e uns quantos iates. Deixa mexer. Só por isso, é tão importante parar.

Evento pela Residência Adaptada "Boa Vontade"





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