sexta-feira, 28 de julho de 2017

Do fogo que nos arde


Quis escrever quando se deu a tragédia de Pedrógão Grande. Quis escrever e escrevi mas não publiquei. Esperei. Sabia que era apenas o início do Verão, a estação que tanto aguardamos nos meses de Inverno. Será justo transformar o Verão num Inferno? Que todos os fogos nas terras se extingam, que todos os fogos dentro de nós nos transformem, que não haja mais más sortes... que Verão é de mergulho, não de entulho...

Como o fogo que arde para acordar a vida  
Agora sentida, sofrida na maior das medidas  
A morte, que sorte  
Arde que queima, sem dó ou piedade  
Qual idade?  Caminho torpe  
Que caminho? 
Feridas, rasgões, roubados tantos corações   
Arde que bate a vida que continua  
Ninguém se lembrou de a parar  
A tua  
Posso voltar?  
Atrás, tempo, que lento...  
Não faz sentido que tenham partido  
Ido, morrido, desaparecido 
Ainda cá estão, eles ainda cá estão  
Ainda cá estou? Diz-me que não.   
Que horror este terror  
Talvez estejamos vivos  
Talvez.   
Pensamento lento  
Leva-me, vento  
Talvez nos mantenhamos vivos.  
Talvez. 

Mas ficam os porquês. 








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