De que serve ter formação e vender os nossos serviços aos outros se depois não aplicamos esses conhecimentos em nós, quando mais precisamos? Com formação de Mat e Reformer da Stott Pilates, chegou a hora de ser aluna da professora.
Depois da 3ª quimioterapia, fiquei com uma dormência da cintura para baixo, com maior incidência dos joelhos até aos pés, em especial o pé esquerdo. Andar passou a ser um desafio. "A neurotoxicidade ocorre quando a exposição a substâncias tóxicas naturais ou artificiais, chamadas neurotoxinas, altera a atividade normal do sistema nervoso de tal forma que causa danos ao tecido nervoso." E assim foi com os fármacos do 3º ciclo. Depois de tentar tratamento medicamentoso para a neuropatia durante cerca de duas semanas, disse à Dra. F. que preferia interrompê-lo porque representava mais uma carga para o sistema - fármacos antiepiléticos - e, em vez disso, investir na mobilidade e no movimento para recuperar as funções comprometidas. Durante todo o processo evitei toda a medicação complementar: analgésicos (exceto quando a dor era muita - já sei como é a moca da morfina), ansiolíticos, tranquilizantes para dormir e laxantes, para poupar o fígado que já tinha muito trabalho com a quimioterapia e por isso mandei para trás os antiepiléticos também.
Fiz duas sessões de fisioterapia na cama do hospital, captei o essencial da intervenção do terapeuta e, assim que tive alta, comecei o trabalho de casa. Caminhadas que começaram por ser de 5 minutos e foram aumentando gradualmente - não há dor que não passe sem doer - e método Pilates.
Com o Pilates, incidi especialmente em exercícios de mobilidade (os próprios exercícios de aquecimento e mobilidade eram sentidos pelos meus músculos como exercícios de força e alongamento, não o sendo, porque, depois de tanto tempo acamada e de perder massa muscular de uma forma que me fez desconhecer o meu próprio corpo, a gravidade levou a melhor). Seguiram-se alguns exercícios de força e resistência (utilizando principalmente a flexband - fita elástica) para que as articulações deixassem de fazer o trabalho que compete aos músculos. E acrescentei exercícios também de alongamento para que o corpo voltasse a respirar. Tudo acompanhado de muita respiração para que a energia fluísse e as sinapses retomassem o seu ritmo. Mobilidade, força, alongamento e respiração. Ah e intuição. Ouvir o corpo à medida de cada movimento e respeitar a capacidade de resposta do mesmo. Se fosse preciso insistir 15 minutos só na respiração, transformava o Pilates em meditação, por isso não delineei um programa específico. Cada dia era um dia, embora houvesse sempre exercícios base que repetia.
Muito importante para a reabilitação é retomar as rotinas diárias. Metade da massa muscular que perdi voltou com o voltar a mexer e a solicitar os músculos adormecidos. Era muito difícil a tarefa de subir e descer (principalmente descer) um lance de escadas (sem corrimão, seria impossível!), mas é importante fazê-lo em vez de usar o elevador, porque no dia seguinte custa sempre menos.
Junho e Julho foram os meses de progressão mais rápida. Agosto e Setembro foram meses de férias e vida boa, a bonança depois da tempestade. Está na hora de retomar o treino. Já comecei, como podem ver na fotografia! ;)
Um agradecimento especial à ARTE MOVE, Academia de Artes, em Cascais, onde também podem praticar Pilates.
15.09.2013
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ResponderEliminarRita LuZ,"O coração do homem Sábio permanece calmo como a água límpida"(ditado camaronês) foi, o que me veio à minha mente, depois, de te ter lido e observado a imagem....um abração daluz
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