sábado, 9 de novembro de 2013

Rest in love...

Juca Furtado, 24 anos, cabo-verdiano, diagnosticado com leucemia aguda há um ano... até hoje...

Dizia eu que a morte é a vida ao contrário... e falava contigo há 6 dias atrás sem sonhar que hoje virarias a mesa... Hoje percebi que crença e fé são conceitos diferentes. Os dois movem montanhas e falam de acreditar mas podem conduzir-nos a desfechos diferentes. Mas hoje a teoria pouco interessa. Nem sei se devia ter dito o que te disse. Nem sei bem como abordar quem passa pelo processo de doença mas não comparte das minhas convicções ou desejos. Nem sei se cura é o mesmo para todos. Nem sei se todos querem de facto o mesmo. Não te conhecia mas fiz por te conhecer um bocadinho mas pouco. Ou o suficiente. Partiste para o outro lado que espero que para ti seja igual a amor, saúde e crescimento. Aqui ou aí desejo-te o mesmo. E desejo-te o mesmo que desejo para mim, aqui ou um dia aí. Ajudaste-me a ter ainda mais certeza neste caminho apesar de tudo o que me escapa. Ainda assim as palavras hoje servem de pouco. E porque escolher viver é escolher também um dia morrer, espero continuar a viver com humildade, respeito pelo próximo e esperança. Devo manter-me no meu cantinho? Devo assumir um papel activo nesta área? Como fazê-lo sem interferir na liberdade dos outros? Continuo a dizer que a melhor forma de o fazer ou a única ao meu alcance é dar o exemplo, o testemunho e informar, dentro das minhas possibilidades. Registei a última coisa que me disseste por escrito sem saber que aquela frase era mesmo a última coisa que ouviria de ti. "Sei que vou conseguir se cumprir a minha parte." A tua parte continua por aí. Será que estou a cumprir a minha por aqui?

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