Esta secção é inspirada no projecto, mas em particular no livro Cancro com Humor da associação homónima. Vou utilizar alguns excertos dos textos da Marine Antunes como ponto de partida, porque entendo o seu "humor" como mediador criativo e re-criador da sua história e por isso, também, curAção.
Os quatro continuavam a olhar para mim. Percebi que o meu internamento era coisa séria mas não dei grande importância ao caso. A minha mãe, guerreira e lutadora, nunca iria permitir que algo me acontecesse e o meu pai, humano tão bondoso e generoso, sofreria por nós dois. As minhas irmãs, despachadas e divertidas, tratariam de transformar a minha doença numa grande festa e eu, feliz e com mau feitio, não admitiria que me matassem antes de publicar o meu primeiro livro. Estava, portanto, tudo organizado.
A importância de ter tudo organizado. Ter um plano, mesmo que não seja a um nível completamente consciente, condiciona a evolução dos nossos acontecimentos, de tal forma que pode abrir ou fechar possibilidades de acordo com a organização desse mesmo plano. Podemos falar de vários níveis de planos, do micro ao macro, do particular ao universal, e podemos até assumir – de acordo com as crenças de cada um - que já existe um plano para nós à partida e que isso não é incompatível com o facto de sermos condutores do nosso próprio destino nas escolhas que fazemos todos os dias – muito pelo contrário.
Seja um plano espiritual, de alma, um plano profissional, um plano familiar, um plano de vida ou apenas um conjunto de objectivos que queremos concretizar, se nos responsabilizarmos sempre pelos nossos planos, é mais fácil assumir o comando e conduzir-nos para onde efectivamente queremos ir, pelo menos em linhas gerais se não temos as particulares.
Mas é importante dar protagonismo ao plano e não aos eventos que se atravessam pelo caminho e que nos podem desviar do mesmo – não farão esses eventos parte do grande plano? Aceitar os eventos como parte do plano, que escolhemos consciente ou inconscientemente, e não como rasteiras que nos vêm condenar e estragar os planos, permite-nos ser livres na forma como vivemos esses mesmos eventos e traçamos novos planos. Um evento-destruidor de planos aprisiona-nos e não nos permite continuar o caminho. Um evento-planeado, mesmo que não o tenhamos encomendado – quem é que pede um cancro, a morte ou a dor no sapatinho? – é um evento integrado no plano maior (mais amplo) da vida dos seus protagonistas. E, se faz parte, está tudo certo. Sim, o papel principal é me-e-eu-e-eu-e-eu-eu e não o que me acontece. Por isso, integrAção. Plano integrado no plano. Não são as minhas células dissidentes e aparentemente descontroladas portadoras de uma informação extremamente valiosa para mim, ou sobre mim e o meu plano? “Estava, portanto, tudo organizado.”
P.S. Se o teu plano te prende e não te liberta, é um plano de m….! (É a minha opinião. Vale o que vale.)
Dos (muitos) Planos
Os quatro continuavam a olhar para mim. Percebi que o meu internamento era coisa séria mas não dei grande importância ao caso. A minha mãe, guerreira e lutadora, nunca iria permitir que algo me acontecesse e o meu pai, humano tão bondoso e generoso, sofreria por nós dois. As minhas irmãs, despachadas e divertidas, tratariam de transformar a minha doença numa grande festa e eu, feliz e com mau feitio, não admitiria que me matassem antes de publicar o meu primeiro livro. Estava, portanto, tudo organizado.
A importância de ter tudo organizado. Ter um plano, mesmo que não seja a um nível completamente consciente, condiciona a evolução dos nossos acontecimentos, de tal forma que pode abrir ou fechar possibilidades de acordo com a organização desse mesmo plano. Podemos falar de vários níveis de planos, do micro ao macro, do particular ao universal, e podemos até assumir – de acordo com as crenças de cada um - que já existe um plano para nós à partida e que isso não é incompatível com o facto de sermos condutores do nosso próprio destino nas escolhas que fazemos todos os dias – muito pelo contrário.
Seja um plano espiritual, de alma, um plano profissional, um plano familiar, um plano de vida ou apenas um conjunto de objectivos que queremos concretizar, se nos responsabilizarmos sempre pelos nossos planos, é mais fácil assumir o comando e conduzir-nos para onde efectivamente queremos ir, pelo menos em linhas gerais se não temos as particulares.
Mas é importante dar protagonismo ao plano e não aos eventos que se atravessam pelo caminho e que nos podem desviar do mesmo – não farão esses eventos parte do grande plano? Aceitar os eventos como parte do plano, que escolhemos consciente ou inconscientemente, e não como rasteiras que nos vêm condenar e estragar os planos, permite-nos ser livres na forma como vivemos esses mesmos eventos e traçamos novos planos. Um evento-destruidor de planos aprisiona-nos e não nos permite continuar o caminho. Um evento-planeado, mesmo que não o tenhamos encomendado – quem é que pede um cancro, a morte ou a dor no sapatinho? – é um evento integrado no plano maior (mais amplo) da vida dos seus protagonistas. E, se faz parte, está tudo certo. Sim, o papel principal é me-e-eu-e-eu-e-eu-eu e não o que me acontece. Por isso, integrAção. Plano integrado no plano. Não são as minhas células dissidentes e aparentemente descontroladas portadoras de uma informação extremamente valiosa para mim, ou sobre mim e o meu plano? “Estava, portanto, tudo organizado.”
P.S. Se o teu plano te prende e não te liberta, é um plano de m….! (É a minha opinião. Vale o que vale.)
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