quarta-feira, 17 de dezembro de 2014

Missão Algarve - parte II


Lançamento do livro: "O meu cancro morreu e eu renasci" de Sandra Matinhos
Local: Castelo - Faro

Antes de ler o livro

A Sandra Matinhos teve um cancro da mama há seis anos atrás. A Sandra tem aquela luz das pessoas que andam por aqui com intenção, alegria e gratidão. O cancro levou-lhe "outros cancros", como diz, e trouxe-lhe novas pessoas, novos desafios, novos sonhos e uma nova vida. Mas talvez seja melhor dizer que ela pôs o cancro com dono e que das suas cinzas redesenhou toda uma Sandra renovada. É esta assertividade que se sente na força das suas palavras e na sua linguagem corporal. Se o cancro mata, matou o que tinha de matar, para fazer ressurgir o que haveria de renascer. E se o cancro mata, também morre. Nem sempre a morte associada ao cancro tem de ser literal, mas morre de facto muita coisa nossa.

"Eu vivo em amor e em gratidão", são as suas palavras espelhadas no brilho dos seus olhos. Do amor à solidariedade foi um passinho e surgiu o seu projeto, a Associação Partilhas e Cuidados, com sede em Faro e extensão em Lisboa, instituição que se dedica especialmente às "pessoas oncológicas". 

Depois de ler o livro

Fiz questão de fazer este exercício de sentir o que mudava em mim depois de ler a Sandra, porque esse é o meu maior contributo de leitora para futuros leitores. É um testemunho, uma verdade, uma aprendizagem, um crescimento. Até a escrita e o sentir vão num crescendo, da dor ao amor.

Subimos de patamar a cada desafio que deitamos abaixo, com a coragem que nos exige viver. Revi-me na coragem, na rebeldia, na procura de respostas fazendo muitas perguntas, no medo, nas marcas que ficam, no sentido de missão, na fragilidade, no profundo respeito pela vida, na alegria, na dor. No amor e no desamor. Da criança interior que deixamos que apareça para a mulher que permitimos que renasça. Olhos nos olhos. De mão dada, criança e mulher. Eu, tu, nós e elas, as outras mulheres no caminho. Que cada pessoa que te leia se permita viajar pelo mundo dos seus grandes duelos, frente a frente com os seus fantasmas. Espelho meu, espelho meu, quem é mais EU do que eu?



Ao virar o foco da transformação para mim, de modo a conhecer-me, amar-me e aceitar-me, fez-me perceber que a minha energia positiva e força de viver nunca me deixaram parar e inspiram-me para renovar a cada dia o meu acordar com uma gratidão imensa. Com tudo isto, tenho de salientar um facto muito importante: é que, de certa forma, sei que assim também contagio positivamente quem me rodeia. Afinal, está tudo ligado! O amor e o perdão são as sementes essenciais para a cura do Universo. 
 
E, meus amigos, quer acreditem ou não, são estas viagens forçadas que nos fazem entrar no mundo do desconhecido e que acionam o nosso botão start que resulta, inevitavelmente, no início da nossa transformação pessoal.

(Sandra Matinhos)

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