sábado, 30 de agosto de 2014


E está a chegar ao fim o desafio a que me propus quando criei o blog, o de fazer um post diário durante 365 dias, uma forma de me manter focada no caminho da cura, depois de ter interrompido a medicação (alopática e homeopática) por opção minha. Acredito mesmo que temos o poder de reverter ou de transfomar as experiências menos boas pelas quais nos propomos, consciente ou inconscientemente, por escolhas e circunstâncias da vida, passar. O poder está mesmo nas mãos de cada um, o da responsabilidade, o das escolhas.

O meu objetivo pessoal para este ano era recuperar e manter-me com saúde, voltar à vida ativa de uma forma geral, tocando em todas as áreas (pessoal, social e profissional), envolvendo-me em projetos, ações e atividades que me fizessem sentido e me permitissem contribuir para a cura global (minha, vossa, de todos, no sentido mais lato). Não sou uma pessoa disciplinada por natureza e esta fidelização ajudou-me neste período onde médicos e amigos tiveram presenças mais distantes e pontuais. O confronto com as dificuldades de reabilitação, reinserção e readaptação fez-se de forma mais solitária, porque há coisas que ninguém pode fazer por nós e este espaço tem sido sem dúvida uma forma também de me manter "ligada".

Continuo a estar disponível para mediar ações no sentido da cura, principalmente nos que possa contribuir com a psicologia e as técnicas expressivas, utilizando a criatividade e as artes como instrumentos de comunicação (como o flashmob da Arte Move a favor da Associação Princesa Leonor), transformação pessoal e empowerment (como os vídeos e as fotos que fiz durante este ano, incluindo as fotos que tirei à linfobabe Dani), desconstrução/construção (como o projeto Boomerang e os textos para os espectáculos da Arte Move) e integração social.

Terminando este ano, inicia-se um próximo. Este espaço continua aberto, mas as publicações vão ser espontâneas, algumas mais criativas e outras mais téoricas e reflexivas. Vou continuar a questionar, a desarrumar, a abanar mas sempre com o intuito de mostrar que há sempre o outro lado da moeda. Continua o Boomerang com a Sara Stranovsky, o Põe e Diz-Põe com as vossas questões, ficou por terra a pesquisa sobre o medo (talvez noutra altura) e hão-de surgir outras ideias.

Com um novo ano, novos objetivos. E agora os objetivos já vão ser mais específicos e semelhantes ao de qualquer outra pessoa, porque interessa deixar a cura acontecer num segundo plano, não menos importante, mas subjacente à própria vida a acontecer. Agora interessa decidir o caminho e concretizar: vida profissional e financeira, vida afectiva, vida pessoal e social. O que quero para o novo ano?

Quero agradecer a todas as pessoas que colaboraram comigo este ano, mas para não me esquecer de ninguém, fica para outro post! Continuem por aí que eu continuo por aqui! Espero que gostem das fotografias que eu e o Marcos estamos a preparar!

sexta-feira, 29 de agosto de 2014


A minha melhor foto deste ano!

Podia falar dos nervos que apanhei hoje, do mal que este papel me fez aos neurónios e às minhas restantes células e das crenças todas que despertou. Objectivamente falando, já paguei muito à segurança social, não tive direito a baixa ou subsídio por doença, não tive rendimentos durante ano e meio e recebo uma cobrança indevida referente a pagamentos feitos em 2009, com juros de mora de 250eur, pois a notificação chega 5 anos depois! Mas, ironicamente, este post vem depois de um outro que falava em atribuição de significados ou significância. E a minha reacção a este papel teve somente a ver com o significado que lhe atribuí e todas as crenças que tenho relativamente ao dinheiro. Ponto. É um papel e tem 3 números (relevantes), pensei depois de várias horas de ansiedade.

Este papel chega depois de ter estado a ler durante a noite o seguinte texto da Louise Hay, para reflectir:

"Se não aceitamos a ideia de que merecemos prosperar, então, mesmo que a prosperidade nos caia no colo, recusá-la-emos de uma maneira ou de outra. Um aluno, numa das minhas aulas, estava a trabalhar para aumentar a sua prosperidade. Certa noite chegou à aula muito excitado, porque tinha acabado de ganhar 500 dólares. Não parava de exclamar: "Não posso acreditar! Eu nunca ganho nada!" Nós sabíamos de que se tratava de um reflexo da sua consciência em mudança. Mesmo assim ele achava que não o tinha realmente merecido. Na semana seguinte, deixou de poder vir às aulas por ter partido uma perna. A conta do médico ascendeu a 500 euros. (...)

Tudo aquilo em que nos concentramos aumenta, por isso não se concentre nas contas que tem para pagar. Se se concentrar em carências e dívidas, criará mais carências e mais dívidas. Existe no Universo uma providência inesgotável. Comece a ter consciência disso. Arranje tempo para contar as estrelas no firmamento numa noite sem nuvens, ou os grãos de areia numa mão cheia, as folhas de um ramo de uma árvore, os pingos de chuva sobre uma janela, as sementes de um tomate. Cada uma dessas sementes é capaz de produzir uma planta cheia de tomates. Esteja grato por aquilo que tem e descobrirá que o poderá aumentar.

O dinheiro não cresce nas árvores.
O dinheiro é perverso.
Nunca terei um bom emprego.
Nunca ganharei muito dinheiro.
O dinheiro sai mais depressa do que entra.
Os meus pais eram pobres e eu serei pobre.
Eu jamais poderia cobrar tanto.
Só se consegue dinheiro com trabalho árduo.
Uma Depressão (crise) pode vir em qualquer altura.
Um tostão poupado é um tostão ganho.

(...) A quantas destas crenças se costuma agarrar? (...) As crenças familiares permanecem connosco a não ser que as eliminemos de modo consciente. (...) A prosperidade ou a falta dela é uma expressão exterior das ideias que estão na sua cabeça."

Não tenho de pagar esta conta que está saldada. Não tenho de estar sempre a ver dinheiro sair da minha conta mais do que entra. E esta é uma das afirmações que a Louise propõe para substituir as negativas:

Estou completamente aberta e receptiva ao fluxo abundante de prosperidade que o Universo tem para oferecer.

Vamos ver como termina este filme e o que me dizem na Segurança Social quando apresentar os comprovativos de pagamento na 2a feira.

quinta-feira, 28 de agosto de 2014


Hoje não vou falar das experiências que podemos ter por si só, mas do significado que lhes damos, porque acredito que aí reside uma grande diferença, não só na forma como assimilamos, elaboramos e integramos a experiência mas também nas posições, escolhas e decisões que assumimos.

Quando alguém me conta de uma pessoa a quem foi diagnosticada uma doença grave, a primeira coisa que pergunto é como é que essa pessoa está, física e animicamente. E ao dizer doença “grave” já estou a qualificar e a atribuir-lhe uma carga subjetiva que traz consigo atreladas crenças, emoções e, sobretudo, um trauma psicológico com repercussões físicas.

Ter cancro, por exemplo, não é só ter um cancro. Para uma pessoa, pode ser “estar a morrer”, para outra pode ser “ter células más dentro de si”, “ter um bicho que tem de ser controlado”, “ter o inimigo dentro de si”, “ter toxicidade a mais no corpo”, “ter demasiadas mágoas e ressentimentos” etc… Para Andreas Moritz, o cancro é um mecanismo de sobrevivência do corpo. Para mim constituiu uma manifestação do meu corpo ou uma necessidade do mesmo se manifestar que tinha de validar, aceitar e permitir. Para deixar vir e deixar ir, como todas as experiências da vida!

Mas, muito embora, por todos os livros que já tinha lido sobre o assunto, tivesse já uma perspetiva não convencional, a verdade é que as crenças partilhadas pelo mainstream da medicina atual bem como pela sociedade em geral também estão no meu inconsciente e, como tal, atrás do diagnóstico veio o medo, porque o significado implica um juízo de valor: é grave, é mau, é fatal… Se é isto que nos vendem, como dar-lhe outro significado? Ou fazer outro julgamento da situação significa estar em negação ou em estado de não aceitação?

O que quero hoje dizer é que atrás do significado, vem o medo ou a esperança, a impotência ou a confiança e todas as respostas fisiológicas que correspondem às mais variadas emoções. Para Alain Jezequel, o diagnóstico constitui 70% da doença (ou da gravidade da mesma) porque, por si só, constitui um trauma.

Na minha opinião, quanto mais natural for a nossa forma de lidar com os sintomas e as manifestações do nosso corpo, menor o risco de ficarmos “presos” de uma forma crónica e permanente a esses sintomas. Se nos vendem que é para sempre ou que é incurável, tenhamos em conta que há várias perspetivas e que a convencional é apenas uma delas. Cabe a cada um decidir a forma como quer encarar a experiência e o que quer para si. Mas ter este poder também implica ser responsável, quando nos ensinam a ser, como se diz na gíria, “vítima de uma doença”. Não é fácil mudar o subtexto.

Durante o processo também percebi que os médicos são pessoas, com medos, crenças, esperanças e motivações e que, por vezes, naquilo que nos dizem, por trás da capa da ciência, estão precisamente medos, crenças e convicções que podem ser diferentes dos nossos.

O que pretendo acrescentar com este post é: até que ponto é que à objetividade dos diagnósticos, com gravidade, estadiamentos e prognósticos não correspondem a subjetividade de crenças, emoções e vivências de um indivíduo, de uma classe e de uma sociedade? E até que ponto isso não nos deveria levar a relativizar um pouco as coisas? Pergunto...



quarta-feira, 27 de agosto de 2014



(imagem google)


Hoje foi dia de mais uma visita ao IPO. Durante os dois primeiros anos após a remissão, estas visitas de controlo são trimestrais. Um ano já foi. As análises continuam boas e não são pedidos exames de imagem porque não tenho sintomas que o justifiquem. No meu processo, consta que não completei o protocolo de quimioterapia por toxicidade, mas eu diria por convicção e decisão minha, porque a equipa médica não estava de acordo comigo. A toxicidade (efeitos secundários) foi catalisadora da minha decisão porque não me fazia sentido comprometer a minha vida e o meu corpo por uma eventual recidiva, quando sentia que tinha recursos para fazer a prevenção, mas a história é bem mais comprida e complexa do que umas pernas bambas e uma cama de hospital. Mas agora isso não interessa nada!

Mais um passo no caminho. E jantarinho com os papis para celebrar! Mais uma ficha, mais uma volta!

segunda-feira, 25 de agosto de 2014


Este é o meu spot de eleição deste Verão. Água fresquinha, mas nada me faz melhor à alma do que um banho de mar, mesmo que seja rápido. Como não consigo ficar de molho na água gelada, gosto de ficar alguns minutos com a água nas pernas ou até à cintura antes de mergulhar. A minha circulação sanguínea, cerebral e espiritual agradece. Recarrego baterias e fico como nova para o resto do dia. Não uso protetor solar (a menos que vá para a praia para ficar e fritar), faço um uso consciente dos banhos solares e posso dizer que foi o ano em que utilizei menos proteção e o único em que não apanhei um único escaldão. Faço pouco tempo de praia por dia, porque costumo ir sozinha e não me apetece ficar muitas horas, mas não concebo a minha vida sem praia e sem mar. Também não concebia a minha vida sem outras coisas e sei que ela continua a existir sem essas mesmas coisas, mas enquanto houver mar e praia, vou molhar o pé. Não percebo as pessoas que moram perto da praia e dizem que não vão porque não têm tempo só porque não podem ficar lá uma tarde ou um dia inteiro. Eu sou aquela que sai de casa, chega à praia, dá um mergulho e volta, se não houver tempo para mais. Porque há que arranjar tempo para o que nos faz bem e eleva a nossa frequência. 
Sábado, 23 de Agosto de 2014

E, se íamos às festas, tínhamos de ter um manjar à altura! Para receber a Dani, porque a mãe dela também me recebe muito bem, a minha mami caprichou na ementa! De entrada, batatinhas doce no forno, com tomilho; o jantar foi tofu com broa (receita da Gabriela Oliveira) acompanhado de salada; e de sobremesa tínhamos um pudim de frutas e bolo de banana e noz sem ovos, duas receitas também da Gabriela Oliveira. Para terminar tínhamos o café de cereais com trufas energéticas, receita da Samanta McMurray (do blog Eat Love With Love. Um tchim tchim "À NOSSA!"

quarta-feira, 20 de agosto de 2014

Hoje o dia foi todo passado na Clínica da Universidade de Navarra - CUN. Não sei se algum dia vou perceber por que têm os pacientes de esperar sempre tanto pelos médicos. Um desabafo. Fui de acompanhante mas posso confessar que as salas de tratamentos me induzem logo um estado peri-nauseado (adoro neologismos, já devem ter percebido), assim meio estranho. Oiço o barulho das máquinas e o corpo responde, como o cão do Pavlov que salivava com a campainha. Nada de muito intenso mas está cá. Está cá a experiência gravada nas minhas células.
Mas CurAcao é também estar com quem procura a cura. Curación, em espanhol.
No final da tarde, a natureza, o verde e a água para renovar as energias...

Terça-feira, 19 de Agosto de 2014

Nestes próximos dias, vou acompanhar a minha amiga na sua ida à Clínica Universitária de Navarra, em Pamplona, Espanha.

Hoje foi dia de chegada e passeio para conhecer a cidade, cheia de História e tradição.

Típica cidade espanhola, com as cores de Espanha mas um pouco mais. Com identidade própria e raízes bascas, a capital do "Reino de Navarra" faz-nos sentir a sua antiguidade e permite-nos recuar no tempo, entre muralhas e construções que nos avivam o imaginário. A magia de viajar...

quarta-feira, 13 de agosto de 2014


Uns partem...


A. Luta.Contra.O.Cancro. O cancro é a única doença que dá luta? Quando se trata de cancro, perde-se sempre uma luta quando se morre? Há outro tipo de situações, como as mortes por acidente, que trazem outro tipo de expressões, como "não resistir" aos ferimentos ou ao que seja... A comunicação social já tem algumas frases à disposição para determinadas situações difíceis. Consegue servir-se delas sem as atravessar. Sem as sentir. Eufemismos impessoais. Para que a vida possa continuar... RIP (outra destas expressões) Emídio Rangel.

Outros chegam...



INSTAGRAM