quinta-feira, 10 de setembro de 2015

Quem vê caras vê corações


Se há 20 anos atrás me dissessem que 70% das conversas de café passariam por olhos postos num ecrã (palpite meramente decorrente de observação), ser-me-ia difícil alcançar a dimensão do fenómeno. Se há 20 anos atrás me dissessem que 70% de uma consulta médica passaria pelo próprio médico estar a olhar para um ecrã também não iria compreender (observação outra vez, que de resto é um método científico).

Ontem, num exercício que fiz com um grupo terapêutico, presenciei o impacto que pode ter um olhar. Condescendência, empatia, permissão, atracção, tristeza, medo, expectativa, desilusão, esperança, desconfiança, mágoa, agressão, superioridade, submissão, amizade, amor, frieza, desejo, confiança, compaixão...

Um olhar pára o tempo que ninguém quer parar. 

Um olhar pára o tempo que todos queremos agarrar. 

Um olhar é um momento que te pode abraçar.

... e embalar. Sossega. Não te vou abandonar.


(Foto: Marcos Semedo)


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