sexta-feira, 15 de maio de 2015

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Não controlamos nada. Já escrevi sobre isto mas custa-me assistir a sofrimento desnecessário provocado pela ilusão do controlo. Eu tenho vindo a aprender sobre isso nos últimos 4 anos, desde o dia em que o A. disse que se ia embora, a minha mãe me ligou a chorar porque a "bomba" tinha explodido lá em casa, as coisas em Cabo Verde só me saíam furadas, tive um cancro no último estadio, fiz tratamentos que me deixaram com os pés para a cova, fui estabelecendo relações e vou perdendo pessoas pelo caminho, umas para a doença, outras para a morte e outras simplesmente para as vidas delas. O que é que eu, na verdade, controlo? As minhas escolhas/atitudes. Pouco mais... 

1. Ninguém muda ninguém a não ser o próprio, no seu timing, no seu processo de crescimento, se assim fizer sentido;

2. Nunca vamos ter as explicações que queremos para entendermos o que nos foge ao controlo; apenas interpretações, hipóteses, fantasias e ilusões;

3. O poder tem de ser "pessoal" e não sobre o outro; 

4. Abdicar do controlo requere entrega. E só assim a cura/o amor acontece.

No meu caminho de abdicar do controlo, descobri a fé. Eu nunca sei o que vem a seguir, o que me espera, qual a escolha certa. Eu confio, eu aprendi a confiar quando era tudo muito para controlar. A fé é, na verdade, um caminho divino que nos permite descansar quando as energias se esgotam. A fé, para mim, é simplesmente acreditar sem garantias. A vida constitui em si um salto de fé. O amor também. A cura também. 

Há dias em que este exercício é uma grande treta. Vem a desilusão, a raiva, o descontrolo, vai-se a fé. E aí vem a escolha: de que lado queremos estar?




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