No dia 13 de Fevereiro, iniciei a minha participação no Campeonato de Escrita Criativa, como vos disse aqui. Terminou no dia 28 de Abril e, em 118 participantes, fiquei em 14º lugar. Foi uma experiência nova. Todas as semanas tinha um desafio e tinha de responder com um texto de 400 palavras (máx.). Vou partilhar aqui alguns dos 10 textos que escrevi para este fim. Vou começar pelo da penúltima jornada, porque é o único que fala do cancro e porque acho que preciso de me religar a esta energia de cura, de capacidade de transformação e de dar a volta ao texto.
Desafio
Cometeu um erro imperdoável.
Escreva um texto que pudesse fazer com que, ainda assim, fosse perdoado.
(máximo: 400 palavras)
Há coisas que não se devem dizer
logo à primeira, correndo o risco de deixar, à partida, impressões digitais
impossíveis de apagar, no coração de quem nos conhece. Assim, convém ir devagar
e optar por pegadas na areia, a serem levadas pelo mar, por uma segunda
oportunidade de amar. À nona semana já posso abrir o jogo, até porque o jogo
vai terminar de qualquer forma (mas não de qualquer maneira, porque nunca a
maneira será qualquer).
Já fui doente terminal, daquelas
de terminar com a doença. Daquelas que sabem que, depois do estadio em que se
encontram, a próxima estação é o fim, mas que não vê o fim à vista. Ou não quer
ver. Está lá um fim, mas - do quê - é outra história. Então, sendo assim,
decidi contar esta história, a história de quem enganou o fim e o transformou
no princípio.
Quando uma má notícia chega, ela
vem desarrumar-nos. Só por si, a notícia chega como tem de ser: como uma bomba!
É como se dissesse: venho terminar-te
porque isto está tudo errado. E, como só oiço o que me interessa, penso: deves ter-te enganado, porque aqui não mora
ninguém. Mentira. Mora alguém com
todas as forças mas é melhor dizer que não estou em casa e fingir que estou a
dormir. Entretanto explodiu e… não há
nada a fazer. Morri.
Pouco interessa ordenar-me com
tempos verbais e pontuação adequados, porque foi a grande confusão. Não gosto de guerras, não quero nada disto.
Entre a guerra e a paz, o maior erro que cometi foi o de enganar o pensamento e
escrever a história como a queria contar, como queria que a ouvissem e como
queria que ma contassem. Como diz a canção, à
minha maneira.
Devo um pedido de desculpas ao
Sr. Cancro, por lhe ter dado a mão e o ter ajudado a atravessar a história da
minha vida. Não era suposto. Ele vem para ser atropelado e eu paro para ele
passar? Como está Sr. Contente? Como vai
Sr. Feliz? Diga a gente, diga a gente como vai este país…
Neste meu país ia o caos, a
crise. E, para dar a volta ao texto e fazer do fim o princípio, este senhor
deixou-me impressões digitais impossíveis de apagar, paixão arrebatadora das
que não sabem o seu lugar. Perdoe-me se o
abandonei, por uma segunda oportunidade de amar...
398. 399. 400.
Post Mortem. Renasci. E,
se a vida me perdoou, vocês também me vão perdoar, com toda a energia dos
Xutos, à vossa maneiraaaa… Por uma
segunda oportunidade de viver…
impressionas-me. por tudo. e pela escrita neste caso. escreves bem como tudo! bjinho catarina cardoso
ResponderEliminarAdoro toda a força... Todas as palavras... Um beijinho para ti*
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