O amor anda pela hora da morte, entregue a esta e outra sorte. Já não se acredita porque um dia tudo o vento levou. As flores perderam o encanto, a vida perdeu o espanto. Tudo está à distância de um clic, não é preciso caminhar para chegar à meta. Não é preciso correr para chegar à hora certa. Não se olha para trás para ver quem partiu. Não se pára para chorar o que se sentiu. Ainda se sente? Elas já não tremem, as pernas. Eles já não estremecem, os estômagos. Eles já não desvanecem, os corações. Mas podes chorar baixinho, em silêncio. Podes viver pianinho, com pressa. Mas sem promessa. Não é preciso conquista, nem rasto nem pista. Não é preciso sedução, nem perder a razão. Está tudo à mão. Parece tudo em vão. Já não há câmaras lentas, línguas sedentas. O imediato matou o sonho, confunde-se ação com tesão. Apaixonamo-nos pela vida para não nos apaixonarmos por alguém. E dentro da vida moram todos e já não mora ninguém. É tudo importante e nada é especial. É tudo igual. Igual. Tantos projetos, mas morreram os afetos. Tantos abraços mas fugiram os amassos. Tapa o corpo, resgata o mistério. Destapa a alma e leva-te a sério.
Elas são independentes ou deles-dependentes, eles chamam-lhes putas entre os dentes. Eles são dependentes ou delas-independentes e elas chamam-lhes cabrões, foliões. Eles já não mandam, elas comandam. Eles são umas meninas se se mostram carentes e elas fraquinhas se não lhes fazem frente. Gajos e gajas, porque homens e mulheres já não são gente.
Não sei se dar a mão é segurar o caminho. Tragam de volta o carinho.
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