quinta-feira, 4 de setembro de 2014

Leonor rima com Amor


3.9.2014

De todas as pessoas que têm partido desde que entrei no mundo desencantado da oncologia, esta é a mais difícil das despedidas. Não tenho palavras, pensei. Mas, às voltas sem dormir, lembrei-me de que as palavras são realmente o que me resta depois das lágrimas. 

Março de 2014, a última conversa que tive com a Nonô. Fiz questão que ela me fosse vendo, desde a Rita-careca até à Rita-cheia-de-caracóis, para que soubesse que era esse o caminho, era para aí que deveria ir, com mais ou menos caracóis. Por tretas de adultos, afastei-me durante os últimos meses, tendo passado a acompanhar o processo dela como a maior parte dos seus seguidores, à distância. 

De natureza comunicadora, artística, sensível e única - principesca - falou-me algumas vezes da doença e dos tratamentos, de doente para doente, e, do alto dos seus 5 anos, ensinou-me a determinação, o valor do
momento presente e as leis tortas da vida ou de Deus que estão sempre certas. Hoje não parece certo. Amanhã também não vai parecer. Mas sei que é o caminho. O teu caminho. 

Os meus sentimentos estão principalmente com a Vanessa, o Jorge, a Lara, o Fábio, o Martim e o Henrique. Uma dor que não consigo imaginar. Uma dor que, assim como Leonor, também rima com amor. 



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