domingo, 10 de dezembro de 2017


Faz hoje 5 anos que fui internada, pela primeira vez, no IPO, com um linfoma no estadio IVB. Este projeto do blog era para ser um ano - 365 publicações. Era este o desafio, iniciado depois dos tratamentos e dos "hibernamentos" (internamentos). Acabei por manter o blog porque a caminhada não termina na remissão ou no fim dos tratamentos, muito pelo contrário: há toda uma vida depois do cancro que é um autêntico desafio e para o qual não sinto que haja ainda as respostas necessárias, desejadas e adequadas. Neste momento, sinto que a missão "curação em construção" está cumprida. Ainda que grande parte dos desafios da minha vida continuem a ter a marca do turning point que foi o diagnóstico de um cancro e tudo o que se seguiu, está na hora de abraçar esses efeitos secundários ou esses "efeitos especiais" e seguir em frente. 

Em termos de saúde, as coisas mudaram mas o linfoma ficou para trás. O cérebro nunca mais vai voltar a ser o mesmo mas está ainda muito capaz. No corpo, continuam a acontecer coisas estranhas a toda a hora mas um mioma uterino de 4cm "em relação com a bexiga" é o mais chato. Se por um lado, é uma situação que surge depois dos tratamentos, com a menstruação a ser muito irregular desde aí, por outro lado, sou muito feliz por não ter ficado com a menopausa aos 33 anos, o que era o mais provável de acontecer. Teria evitado o crescimento dos miomas mas não seria a mesma coisa. Passei a valorizar muito mais o ciclo menstrual e a condição feminina cíclica (e não "instável"). 

Ainda assim, ao nível da saúde, o mais difícil destes últimos 4 anos pós-tratamentos foi ter deixado de dormir, o período das insónias foi um terror que já se vai ultrapassando. Dentista, ginecologista, otorrino, psiquatra e hematologista são as consultas que tenho marcadas por agora, mas gostava muito de conseguir espaçar as minhas visitas ao médico, integrando respostas mais naturais com maior frequência, como era normal para mim antes do diagnóstico. Pouco a pouco. "Uma coisa de cada vez" é talvez a frase que ecoa mais vezes na minha cabeça nos últimos anos, até porque... esqueçam lá essa história das mulheres serem multitarefas! Isso serve muito boa gente mas "não contem comigo", diz o meu cérebro! Nem sou eu, é mesmo a máquina!

Foto Instant Bulb

Comecei agora um novo desafio profissional que marca o meu regresso à Psicologia, percurso que também tinha ficado congelado com o cancro. 5 anos depois, cá estou eu outra vez, na tentativa de integrar todas as minhas competências. Continuo a dançar, com um corpo menos ágil mas bastante capaz, enquanto sentir. Quando não for para ser, há-de ser outra coisa qualquer. Com o passar dos anos, mais do que perder - como nos ensinam - vamos acrescentando. 

Dou por terminado, para já, o "curação em construção", não querendo dizer que não volte a escrever um artigo ou outro com informação que considere relevante, sobretudo para quem está a passar ou passou por uma doença oncológica. Por exemplo, não cheguei a escrever sobre Psicooncologia e foi um dos serviços a que recorri no último ano, no meu caso, na Liga Portuguesa Contra o Cancro. Fui uma privilegiada por poder ter tido este acompanhamento durante um ano, com uma frequência quinzenal, de forma gratuita. Às vezes, é mesmo uma questão de acesso à informação.

Quando comecei o blog ainda não havia a proliferação de blog's e canais que há agora. Na altura, procurei muito testemunhos de outras pessoas, imagens de pessoas numa fase mais adiantada, curadas, "com cabelo". Hoje já há muitos recursos a esse nível: por um lado, porque há muitas pessoas com cancro; por outro, porque o estigma diminuiu e é possível falar, mostrar, dar nome, exprimir e expressar. Talvez o passo seguinte seja um site, mas vou fazer tudo no tempo certo que, neste momento, honestamente, é o que for. Vai continuar o CurAção e o hashtag "Saúde & Criatividade" porque constituem a minha missão e o ingredientes que ponho em tudo o que faço. As formas ou os formatos, esses, podem ir mutando e mudando. 

Agradeço a todas as pessoas que aqui passaram em ações, em palavras, em imagens, em intenção! 150000 visualizações em pouco mais de 4 anos é um bom número. Já não sou a chata das "fotos para o blog"! Obrigada, obrigada, obrigada! E, desobrigada, obrigada mais uma vez! Continuem a visitar este espaço sempre que precisarem! Continuo no facebook, no instagram e no email! Até já! 

domingo, 3 de dezembro de 2017




Passa tempo bem passado!

Porque estamos em época natalícia e porque esta é uma semana de celebração para mim, vamos promover, aqui no blog, um passatempo até ao dia 10 de Dezembro. Será sorteada uma sessão de Aromatouch que será dada por mim, em data e local a combinar, dentro da área da Grande Lisboa. 

1. O passatempo começa no dia 3 de Dezembro, à hora da publicação deste post, e termina no dia 10 de Dezembro às 23h59.

2. Para participar, terá de comentar este post com o seu email e partilhar o link no seu facebook, de forma pública. 

3. O sorteio será realizado no dia 12 de Dezembro de 2017 pelas 19h. 

4. A pessoa que ganhar este passatempo receberá um voucher por email. Depois é só marcar comigo e usufruir! 





sábado, 2 de dezembro de 2017




E mais que uma onda, mais que uma maré...
Tentaram prendê-lo, impor-lhe uma fé...
Mas, vogando à vontade, rompendo a saudade,
vai quem já nada teme, vai o homem do leme...

E uma vontade de rir nasce do fundo do ser.
E uma vontade de ir, correr o mundo e partir,
a vida é sempre a perder...




Porque a vida é sempre a perder, a vida também é sempre a ganhar. Hoje a minha mãe dizia-me que há 5 anos me tinha ido buscar ao aeroporto* e que, hoje, estávamos aqui. Desmanchou-me, claro! A vida também é sempre a perder porque não há caminho sem obstáculos, sem quedas ou tropeções. A vida também é sempre a ganhar porque, mesmo que os passos sejam de bebé, todos os dias se cresce e nos acrescentam. Agora que me retiraram os 60% de incapacidade e já não tenho isenção nas taxas moderadoras, parece que a mudança ainda é mais a sério. É para mudar, é para ir. A vida é sempre a perder porque já não dá para voltar. 

*fui internada a 2/12/2012


Foto Instant Bulb

sexta-feira, 1 de dezembro de 2017



Por tradição, em minha casa, o Natal só chega em Dezembro! Bem sei que não convém ao comércio mas prefiro manter este ritual. Este ano voltei a reutilizar, muito embora esta árvore já se esteja a desfazer. Está inaugurada a época natalícia por aqui! Com uma estrela-guia bem grande para não me perder! Cipreste no difusor. Festas felizes!








domingo, 26 de novembro de 2017


Dá-me a tua mão, mostra-me como consegues
A tua força é a minha força, se ao menos soubesses
Não deixes que usem ou que abusem
Sou eu que grito, sou eu quem grita quando a voz te falta
Porque vamos juntas, nós e a lua que vai alta

(CurAção unpublished)



Também porque ontem foi o dia Dia Internacional pela Eliminação da Violência contra a Mulher, hoje é um bom dia para celebrar aqui o ser-se mulher, com a partilha de algumas fotografias onde estou a dançar, pelo olhar da Instant Bulb, no espetáculo da Arte Move, que se realizou no último mês de Julho. 

A luta pela eliminação da violência é transversal a géneros, raças, fronteiras e espécies mas, enquanto os números forem tão gritantes e tantas continuarem a ser as mulheres a sofrerem de violência, sobretudo em relações íntimas que se querem de amor, é preciso gritar. E é preciso trazer os homens juntos neste grito. 



coreografia Ângela Eckart (estúdio coreográfico)
coreografia Débora Ávila (contemporâneo intermédio)

coreografia Débora Ávila (contemporâneo iniciado)



quarta-feira, 15 de novembro de 2017



Este ano entrei num mundo novo, o da aromaterapia, mais exatamente, o da doTerra. Várias razões me conduziram até esta decisão de iniciar este caminho:

- soluções naturais e duradouras para a minha saúde

Desde o cancro e o final dos tratamentos que a minha vida mudou. Nos últimos 5 anos antes do cancro, não fui uma única vez ao médico de família nem conhecia o hospital de Cascais; passados 5 anos do diagnóstico, não há um único mês - às vezes semana - em que eu não ande ou no centro de saúde ou no Hospital de Cascais ou no IPO. Ou seja, mesmo sem cancro, as coisas mudaram efetivamente e, para mim, não é solução a longo-prazo andar sempre a caminho de 'pensos rápidos', embora por vezes sejam necessários; é preciso pensar na saúde e no corpo de forma sustentável e sustentada. Por que não pensar em integrar óleos essenciais, com certificado de grau terapêutico, na minha rotina, progressivamente e ir atendendo às necessidades que vou identificando, tanto físicas como emocionais, consoante os sintomas que vão aparecendo? 

- despertar dos sentidos

Desde o início do blog que eu ando a vender a ideia de que a felicidade mora nos sentidos, uma coisa bastante óbvia para mim, na fase-borboleta (o primeiro ano depois dos internamentos). À medida que me vou afastando dessa experiência e com o stress diário, vou-me esquecendo de me ligar mais a esse essencial que constitui a estrutura que o nosso corpo possui e nos permite comunicar com o exterior: a dos sentidos. Por outro lado, senti que o olfacto era um dos sentidos que devia trabalhar, pelo meu historial de sinusite e até pela sua ligação à memória, uma das funções que vi mais afetada depois da quimioterapia. Estou a pôr fé no meu córtex olfativo! 😃

- a natureza

Porque não só estamos integrados nela como somos também essa própria Natureza, faz-me sentido que o meu corpo possa estar conectado com os princípios mais essenciais que vêm de outros seres vivos, neste caso, as plantas. Porque sinto que, como civilização, estamos a pagar o preço de muitos anos de desconexão e desrespeito na nossa relação com o meio-ambiente. Para resgatar o que fomos negligenciando, devemos moderar a presunção humana de que controlamos o meio em que vivemos (incluindo o nosso corpo) com dinheiro, tecnologia e produtos manipulados, assumindo assim a sabedoria maior que reside na natureza. Com isto não quero desvalorizar a era em que vivemos: a mim agrada-me muito poder ter acesso a uma pílula que me resolve uma infeção ou uma dor na hora, só não quero que isso ultrapasse tudo o resto; é bom termos químicos para resolver muitas situações, da saúde à higiene ou à agricultura, só não quero que ultrapasse tudo o resto; é bom termos tecnologia para tudo, até para as relações humanas - só não quero que ultrapasse tudo o resto! Porque é no meio que está a virtude, mas há muito que ultrapassámos este meio. 

- o comércio justo

Também nas relações humanas e comerciais, há muito ultrapassámos o meio, num meio onde ganham os interesses financeiros em detrimento das pessoas. Para isto mudar, há que escolher melhor e menos, mais qualidade e menos quantidade. Se uma empresa respeita os habitats naturais, os produtores locais e o consumidor final, tem o meu voto de confiança. Uma das razões que me fez escolher a doTerra foi este site: Source To You.

- a doTerra e não outra qualquer marca à venda nas ervanárias

Porque os óleos são 100% puros e podem ser ingeridos, tomados como suplementos alimentares, para além da aplicação tópica e aromática. Também são seguros na sua utilização com crianças. Estes dois factores fizeram-me ter mais confiança no produto. 

Porque me sinto acompanhada, dentro de uma equipa que partilha conhecimento, apoio e serviços, dentro deste mundo da doTerra. Ao mesmo tempo, ao inscrever-me, sou representante da marca e posso empreender de forma a potenciar a minha própria utilização dos óleos e acesso aos produtos doTerra (dá vontade de encomendar logo tudo!). Mais uma vez, sustentabilidade. 

- Aromatouch

Uso o difusor eléctrico praticamente todos os dias mas, para além disso, através da doTerra, adquiri mais uma ferramenta para pôr ao serviço do curAção e do caminho de cura de quem assim o sentir (comecei pelos meus pais). O Aromatouch é uma técnica de aplicação dos óleos essenciais doTerra, nas costas, na cabeça e nos pés, co uma sequência específica que visa a homeostase do organismo de quem recebe. Em cada corpo vai agir de forma específica. O Aromatouch constitui uma ferramenta que permite proporcionar bem estar, para além de facilitar mecanismos de cura do próprio organismo. 


Agradecimentos: Natacha Moura, Encanto de Gaia e Espaço Xilua (que está de parabéns porque completa hoje 7 anos!!! 💗)





quarta-feira, 1 de novembro de 2017



no caminho da descoberta dos meus... sentidos


No que diz respeito ao ser humano, se formos selecionar o seu movimento mais elementar, teremos de eleger a respiração. Mesmo quando estamos parados, o nosso corpo continua em movimento. Seja pela corrente sanguínea, pelo bombear do coração, passando pelos movimentos viscerais e o processo digestivo e terminando nos pensamentos, parar é efetivamente morrer. O problema começa quando não reconhecemos e validamos esse movimento que continuamos a fazer mesmo em descanso. Qual é o resultado disso? Viver na angústia permanente de uma sociedade que exige que sejamos ativos, produtivos, fazedores de tudo e de nada, sem direito a pausas. Parar de correr, de produzir, de trabalhar, de fazer coisas, não é morrer. A verdade é que o descanso continua a ser movimento, talvez o mais importante na reformulação do caminho. Porque as pausas continuam a gerar pensamentos, digestão, contração e expansão e... respirAção. 

Como professora do método Pilates, reparo que o maior problema da respiração reside na inspiração. Inspiramos muito mal e sopramos muito bem. Há pessoas cuja inspiração é quase inexistente. E como absorvemos coisas boas se não (nos) inspiramos? E se o segredo para muitos dos nossos males estiver na inspiração, física ou simbólica, mas muito física e real? Como aguentar expirando-nos constantemente?

Quando reflito na razão do nosso corpo para cortar a inspiração, penso em proteção. Há tantas coisas que "não nos cheiram", que é mais seguro bloquear a respiração e o olfacto, uma coisa, a outra ou as duas. É então preciso reaprender a respirar e a cheirar, num ambiente seguro, que dê lugar a coisas boas. Este é um assunto que invariavelmente me toca porque a sinusite e as alergias me acompanham desde que nasci, numas fases mais ativas do que noutras (Agosto e Setembro foram terríveis, Outubro foi calminho). O que será que às vezes "não me cheira"? Será que valido essa intuição? Será que bloqueio a porta de entrada do olfato? Do que será que a produção desenfreada de muco me procura proteger? Quais são os perigos? O que é demasiado e o que é insuficiente? Seja por insuficiência seja por hipersensibilidade, a respiração fica comprometida. E eu duvido que as outras funções vitais não fiquem também quando a respiração é deficiente. Um dia dedico-me a explorar os padrões respiratórios ligados a diversos tipos de pessoas, personalidades e patologias. Continuo a observar porque, apesar do astigmatismo, não me privo de ver - pelo menos, o que me interessa!😂😂


Sessão relaxamento nas Gaivotas da Torre, em Cascais, com a Arte Move e o projeto We Move


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