sábado, 25 de fevereiro de 2017


(texto escrito para o espetáculo Arte Move: Amor. Energia Criativa - Kids & Teen's. Julho 2016)


Brincar é conquistar a vida, vencê-la, perdê-la, chorá-la, abraçá-la.
Crescer é mudar o que se brinca mas, ainda assim, brincar.
É quando se inventa que se experimenta, se arrisca e às vezes... se petisca.
É a brincar que se dizem verdades - e às vezes se escondem.
É a brincar que somos destemidos; a brincar descobrimos os amigos.

Os amigos dão-nos a mão, às vezes tiram-nos os brinquedos...
Tantas vezes são a nossa companhia nesta viagem cheia de medos.
Frente a fantasmas e vilões, somos super-heróis e às vezes papões.
Aprendemos a ganhar mas também nos toca perder.
É quando aprendemos a chorar as coisas mais difíceis de aceitar.

A brincar, a brincar, aprendemos a sonhar.
Brincar é também uma forma de amar.


Espírito de Carnaval na Arte Move


terça-feira, 21 de fevereiro de 2017



Ser velho é uma coisa diferente de estar velho. Tantas vezes usamos a expressão "Estamos velhos!", quando identificamos os sinais que nos dizem que já não temos 20 anos. Continuamos jovens, mas com expressões como "É da idade!", "Já não vou para nova!" ou "Estás velho!" Os indicadores normalmente são físicos, mentais e comportamentais: a forma como o corpo responde, a forma como pensamos, as coisas que nos apetece ou não fazer. A maior parte das vezes o que estamos a querer dizer é que somos adultos. Mas, hoje em dia, ser adulto é algo como "estar-se velho". 

Ser velho é diferente. A idade é tão mal vista na nossa sociedade que se diz que "está no espírito" ou que "quem mantém o espírito jovem nunca envelhece". Ser velho é uma categoria que é importante resgatar e valorizar porque ser velho é ter muito mais anos disto, é saber muito mais da vida, é ser História sem ser museu. Tenho para mim que os nossos velhos vão adoecer menos quando esta sociedade tiver orgulho na velhice, na capacidade -  se me permitem - de aturar tanta coisa durante tantos anos! 

Sei que "estou velha" quando guardo uma caixa nova de comprimidos num determinado sítio para não me esquecer e, quando preciso dela, não me lembro onde a guardei. Já chegámos a este ponto? Já. a) Acham que faça uma oração do youtube para encontrar coisas perdidas? Ou b) Interprete como um sinal de que não quero tomar os comprimidos? Não, não vos dou mais alíneas!

Também devo um elogio ao comprometimento da saúde mental porque, na verdade, considero que os rótulos somos nós que os pomos. A última vez que fui ao hospital, estava um senhor a cantarolar e a falar alto. Estava entretido com os seus cantares e as letras dos seus faduchos favoritos. Acho, sinceramente, que o nosso cérebro é muito mais inteligente e estratégico do que alguma vez pensamos. Chamamos-lhe velhice, loucura ou demência, entre outros nomes. É ou não é inteligência dar música numa sala onde se espera 3, 4, 7, 10 horas? 

É tão bom ser primo, ter pai, mãe e avó. É tão bom ter vivido e ter quem goste de nós. (cantava ele)



P.S. Próximo post: "Como sobreviver neste mundo?"

a) Envelhecendo
b) Enlouquecendo
c) Alíneas a) e b)

domingo, 12 de fevereiro de 2017


Quando o piso o palco, não danço só por mim. Levo comigo muita coisa, muitas pessoas, muita história, muitas emoções, muita vida e todo um legado que quero transportar: o da superação. Num mundo privilegiado onde tudo pode acontecer, mas protegido das intempéries que vão acontecendo lá fora, as luzes acendem-se e ali nascemos, vivemos e morremos. Até uma próxima oportunidade. 

Fotos Instant Bulb
Coreografia Débora Ávila
Direção Artística Paula Careto
Produção Arte Move








quarta-feira, 8 de fevereiro de 2017


Nem sempre queremos saber. Na realidade, muito poucas vezes queremos saber como estão os outros, como se sentem, como têm passado. Não temos espaço para tudo e para todos. Mas perguntamos. Perguntamos porque faz parte, porque há um lado nosso que se interessa: interessa-se na condição de não nos retirarem energia ou de não nos virem com mais problemas. Os problemas pesam - é uma característica inerente a um problema, o peso. Se percebermos que tantas vezes olhamos para as coisas dos outros sem paciência e com muito pouca disponibilidade, é quase como se esse peso fosse transferível de uma pessoa para a outra e fugíssemos disso. Não queremos mais carga na mochila. 

Por que isto acontece? Porque não há comunicação. Quando há verdadeira comunicação, a mensagem passa, algo muda e o peso desaparece. Mas, para isso, é preciso sentir e é aí que o verdadeiro problema começa. Quando há comunicação, o emissor fala com o coração e o recetor ouve com o coração. Se ouvir, já é uma grande sorte, porque a maior parte das vezes só queremos responder, julgar sem escutar. Porque ouvir nos leva precisamente a sentir. E p*#+ que o p*$%* se eu agora tenho de sentir! Tenho mais que fazer! 

Ela está sozinha. Não quer saber mais de ti nem de quem só quer perguntar sem ouvir. De quem só quer saber se a notícia for boa. De quem só quer ouvir se não for difícil. De quem nunca correu por gosto e se cansou. No dia em que quiseres mesmo saber, pergunta mas não fales. No dia em que quiseres mesmo saber, ouve - ouve sobretudo o silêncio! No dia em que quiseres saber, sente - sente o que estiveres a sentir e repete com ela, com muito sentimento: F*#"-**!!! (mesmo que não tenhas entendido nada!) No dia em que quiseres saber, volta. 


Fotografia Instant Bulb. Coreografia Débora Ávila. Produção Arte Move.

P.S. Cabem muitas pessoas nestas palavras mas... só consigo lembrar-me de mulheres.

terça-feira, 7 de fevereiro de 2017



É muito fácil fazer resoluções para o ano novo mas foi preciso entrar mesmo no ano, passar as primeiras alegrias e as primeiras dificuldades para conseguir perceber qual o mote do meu 2017. É um ano de gestão de recursos, um tempo para gerir corpo, mente e alma, de forma a que o balanço seja positivo e o ano seja, dentro dos possíveis, equilibrado. Ou que eu consiga equilibrar-me no arame. Gestão de quê? 

Tempo - Que eu consiga respeitar os vários tempos, entre trabalho, descanso, lazer e projetos pessoais, sem pressa. Sem parar e devagar. Já percebi que estou como um pc atolado: se for muito depressa, vai crashar. O meu ritmo não é o ritmo do outro. 

Energia - Sendo que a minha energia é flutuante, importa gerir a energia que ponho em determinadas coisas, de forma a conseguir percorrer um caminho, de A a B. Tenho de aproveitar os dias em que estou bem e com mais energia, aceitando os outros em que devo desacelerar. Devo aprender a dar 75% de corpo, porque os outros 25% são de coração. Quando aprender isto mesmo a sério, talvez passe a 25% de corpo e 75% de coração e o desgaste diminua drasticamente.

Sintomas - Pode ser que os sintomas que vou tendo estejam ligados à gestão da energia, mas o mais importante é conseguir fazer escolhas quando os sintomas se apresentam. E às vezes não é tão fácil, quando se está farto de hospitais e médicos. O mais importante é saber ouvir o corpo e não resistir, o que não é fácil porque toda a gente à volta diz o contrário. No mundo da dança ainda é mais ingrato, porque se assume que sofrer faz parte e é desejável. No meio de infeções e afeções várias, os meus músculos até vão relativamente bem, obrigada. Tudo junto, é uma dor só, uma dor que é preciso reparar; que mais ninguém vai entender, porque é minha; que não me define mas, por vezes, acaba por me ultrapassar e, perigosamente, me representar.  

Expectativas - A ordem com que escrevi os tópicos foi a que a memória decidiu, mas vão todos encadeados uns nos outros. A gestão das expetativas em relação à minha saúde e também aos projetos profissionais e pessoais, mas, para já, em relação à saúde. Pensar que, na semana seguinte, é que vou estar boa de uma infeção, para depois vir outra maleita e depois mais outra... é esgotante. Por isso o melhor é ter fé, mas não criar expetativas - respeitar e aceitar o processo. Na gestão das expectativas também entram as dos outros e a certeza de que muito do que esperam de nós, mesmo que seja da sua responsabilidade, também tem que ver com a imagem que transmitimos e com a imagem que temos de nós próprios.

Emoções - Pois, entramos na gestão das emoções, que está tão em voga. Aqui são várias coisas. Por um lado, não deixar de as manifestar, mas, por outro, reservar-lhes um espaço que não me exponha demasiado. Confuso? Contraditório? É que o povo não está preparado para grandes catarses, a sociedade está cheia de estigmas e a vulnerabilidade está só na moda dos discursos, mas não dos agires - só queremos boas energias à nossa volta! Qual é a resposta certa a um "Tudo bem?" Eu digo-vos: "Tudo!" Em relação a mim, gerir emoções passa por permitir que cheguem e deixar que vão. Um dia dedico um post à ansiedade e ao stress pós-traumático, coisa que no meu caso está muito conotada com o corpo, as somatizações e a minha atual tolerância à própria experiência de adoecer. 

Finanças - Ora a gestão financeira... Pois, sendo que tive de reduzir drasticamente o número de horas laborais nos últimos meses, devido a insónias e sintomas consecutivos, é ir gerindo carga horária, "PVP" (rendimentos) e despesas, de forma a dar para tudo, sem grandes apertos. Mais uma vez, confiar. E há que chegar para as férias que também são tempo!

Competências - Quero dizer gestão de capacidades e competências no sentido do potencial criativo que deve ser utilizado e não deixado guardado em gavetas. Onde utilizar o quê, onde, com quem, como? Aqui entra também a gestão de projetos, incluindo este. O marketing digital não é a minha praia, mas lá tenho de mergulhar na gestão de visualizações, com partilhas  e escrita regulares para manter o blog em velocidade constante. E a Rita em velocidade interessante e interessada/motivada. 

Pessoas - Gestão dos recursos humanos da empresa da nossa vida! Quem chega, quem fica quem vai? Mas o mais importante é cuidar. Sempre. 


E viver cada mês como se fosse o primeiro do ano - no último, já estamos demasiado cansados. Mas há dias que vão sempre parecer o último mês do ano.

Fotografia Instant Bulb

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2017




O início de 2017 trouxe-me um novo desafio: voltar a ser professora de Hip Hop, neste caso, de crianças. Por ter dado prioridade a outros projetos, há uns bons anos que não assumia a responsabilidade de uma turma. No espetáculo intercalar da Arte Move, recordo com carinho o comentário: A professora está de pantufas!!! Estou habituada a trabalhar com grupos mas, normalmente, sou "a Rita". Agora volto a ouvir de filhos e pais "Professora Rita!" Sou a mesma - aliás, gosto mais de ser a Rita por já ser muita coisa junta - mas está abraçado o desafio! Aqui ficam as fotografias do dia 21 de Janeiro, pela Instant Bulb











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